Alerta
O mundo novamente está em alerta! A pandemia, que todos acreditavam estar controlada, ao que tudo indica, continua ditando as regras nas relações sociais, econômicas e políticas em boa parte da Eurásia e Europa e também do orbe. O que faz com que todos precisem seguir o velho adágio, segundo o qual, “quando a barba do vizinho começar a arder”, é melhor que sujeito coloque a sua à espreita. Dito de outra forma: prevenção. Se lá fora a coisa começa a se complicar, o que os brasileiros precisam fazer?
Consenso
Sempre ficou tentado a encontrar um meio termo entre o senso crítico e o senso comum, mas confesso que às vezes é complicado localizar uma mediação, mas de qualquer forma aí vai: bom-senso. Mas por que será que é tão difícil a humanidade chegar ao consenso? Se tivesse que responder a essa interpelação, com certeza, meus olhares chegariam bem próximo de algum pronome possessivo que aliás, tem sido a pedra no sapado da sociedade que pretende ser harmônica, mas ainda esbarra no poder do ego e mais alguns sufixos, como os tais ismos.
Óbitos pandêmicos
Mas o que tudo isso tem a ver com a problemática pandêmica que assola o globo? Acho que nada, portanto, estou a usando apenas para preencher espaço, bem ao estilo do escritor brasileiro Machado de Assis (1839-1908) que, durante as suas jornadas na imprensa carioca, se via obrigado a não deixar nenhum espaço vazio no jornal que circularia no dia seguinte. Se for isso, então, meus leitores que chegaram até aqui nessas linhas, estão dispensados de dar continuidade à suas leituras atentas. Entretanto, acho que a questão não é bem essa, então, vamos ao que interessa: buscar formas de evitar que a pandemia continue ceifando vidas como tem feito até agora. Segundo dados da prefeitura local, pelo menos até quando eu confeccionava esses aforismas, 251 penapolenses tinham ido à óbito por conta da contaminação do vírus Covid-19 [H1N1 em sua variante mais letal].
2021
Está-se na reta final de mais um ano e ainda a pandemia continua aterrorizando todos os seres humanos e a Europa que o diga. O que se pode dizer sobre isso? Que o corpo humano ainda não está imune às consequências da nova variante do vírus da gripe. Eu ainda não observei nenhum calendário de vacinação para os próximos anos, como é feito em relação à poliomielite e outras doenças combatidas com a aplicação desse tipo de medicação. Enquanto a coisa não se define, a humanidade segue periclitante e refém de um ser invisível, porém, extremamente mortífero, contra o qual, o principal remédio é a prevenção e vacinação.
Vindouros
E já que o ano está chegando ao seu final e o próximo é dedicado às eleições quase que gerais, tendo em vista que o brasileiro será convidado a escolher o novo presidente da República, deputados federais e estaduais e a trocar parte do Senado Federal, creio que o momento é propício à algumas reflexões sobre o que aí está e o que o cidadão com cidadania deseja ver longe dos palcos onde os poderosos ensaiam suas exibições mequetrefes. É preciso ter claro que isso só é possível enquanto a plateia, que não se tornou povo, permanece enquanto público, aplaudindo acreditando assistir uma parada militar ou coisa parecida, já que num passado não muito distante na capital federal, viu-se desfile de tanques de guerra soltando fumaça em demasia, indicando que havia algo de podre no reino, como dizia um velho adágio popular ou o poder estar enferrujando a partir da ação de reacionários e seus asseclas.
Historicidade
Interessante notar que, ao vislumbrarmos o futuro, o presente se parece ainda mais com o passado, portanto, sejamos claro em nossos olhares sobre o amanhã e revisitemos o pretérito nacional. Desta forma, recomendo a leitura da singular enunciação da antropóloga e professora da USP, Lilia Moritz Schwarcz: Sobre o autoritarismo brasileiro [SP: Cia das Letras, 2019]. Num determinado trecho de seu enredo, mais especificamente entre as páginas 97-106, ela narra o furto das joias da coroa e os rumos da investigação apresentando o quanto a Monarquia estava decadente sete anos antes de sua queda. O crime aconteceu em 1882 e foi amplamente explorado pelos jornais da época e os opositores do Império e defensores de um fim à nobiliarquia brasileira.
Crônica
Esse episódio não passou despercebido pelo cronista Machado de Assis (1839-1908) que, usando o pseudônimo Lélio por meio da série de crônicas Balas de Estalo narrou os fatos a partir de uma festa numa das propriedades imperiais. É preciso ter claro que Lélio é uma personagem do livro Da República, de Cícero. Então, o apelido do enunciador tem tudo a ver com o espírito da época, ou melhor dizendo, o zeitgeist. Os festejos na Quinta da Boa Vista objetivavam arrecadar fundos para as entidades assistenciais sediadas na Corte. No final das comensalidades, seriam leiloadas prendas doadas pela Coroa. Para o pregão foi chamado o leiloeiro Augusto República que tinha apenas frangos para comercializar. Analisei, juntamente com o professor-doutor da UNESP-campus de Araraquara, Carlos Henrique Gileno, esse texto e o resultado foi publicado numa revista da Universidade Federal do Matogrosso do Sul.
Expansão
Quem sabe um dia eu transformo essas e outras reflexões sobre o passado brasileiro em um livro. Mas há muito sobre o ontem a ser desvendado ou compreendido sobre olhares mais criteriosos e menos ideológicos. Desta forma, pode ser que apareça umas contribuições sobre os trabalhos de importantes pensadores brasileiros como Gilberto de Melo Freyre (1900-1987), Alberto Torres (1865-1917), entre outros. Do primeiro há uma variedade de ensaios como os já famosos Casa-grande & Senzala; Sobrados e mocambos.
Embates
Por exemplo, o cidadão com cidadania e interessado em saber para onde a nau brasileira caminha a partir do ponto de partida poderá encontrar na obra A organização nacional [São Paulo: Editora Nacional, 1978], de Alberto Torres, um pequeno olhar apresentado no prefácio à terceira edição por Francisco Iglésias (1923-1999). Segundo ele, “no estudo da história da monarquia, sabe-se que os conservadores sempre levaram vantagem sobre os liberais em matéria de rigor na colocação dos problemas e na tática de sobrevivência política” (1978, p. 12). Deixemos o Império e chegamos em 2021 com a seguinte interpelação: quem são os conservadores e liberais do presente, ou melhor, os reacionários e os progressistas? Bom domingo aos meus leitores. gilcriticapontual@gmail.com, d.gilberto20@yahoo.com, www.criticapontual.com.br