Homenagem
O segundo domingo de maio é dedicado àquela que tem uma enorme significância em nossas existências! Por um lado, segundo economistas e gente entendida do ramo, é a segunda data mais benéfica para o comércio, contudo, em tempos pandêmicos, as vendas devem ter despencados. Há aqueles que preferem ver a coisa por outro lado: da saúde e da manutenção da vida e o isolamento social é importante para que, depois, muitos tenham outras dezenas de Dias das Mães para celebrar. Tirando as dores dos lares que perderam a guerra para esse vírus rastejante, inclusive tragando para a sepultura várias matriarcas sob as quais o ordenamento familiar se sustentava, quero escrever umas linhas para aquela que continua me ensinando: Geny Pereira dos Santos.
Ideais
Peço licença aos meus leitores para escrever uma coisinha sobre ela: me ensinou que devemos lutar sempre pelos nossos ideais, principalmente se estes, para serem concretizados, não atropelarem ninguém, mantendo sempre os princípios éticos e morais nas relações sociais. Valorizar o ser humano, independentemente do predicativo que este usar, ou seja, um juiz que exerce suas funções nos tribunais de Justiça tem o mesmo valor que a faxineira, a copeira que lhe serve o café e mantém sua sala limpa para que as audiências possam acontecer e a balança seja justa, conforme o que as leis preveem. Esta Senhora, em sua labuta diária na condição de faxineira, me mostrou muito mais com ações do que com palavras que, quando se tem filhos, o trabalho não cessa, pois eles são os bens mais valiosos que uma pessoa possa ter em sua existência corpórea. Essa foi a primeira, e creio, mais importante lição: ninguém é melhor do que ninguém!
Somatório
Soma-se a essa profunda aprendizagem o que absorvi nos bancos das universidades públicas pelas quais passei – e ainda mantenho conexões – e procuro colocá-lo em prática no meu cotidiano profissional: tenha ações segundo as quais, elas possam ser universalizadas e aí teremos as consequências, sejam elas boas ou ruins. Portanto, meu caro leitor, quando encontrares com algum amigo ou for dialogar com alguém, usando as redes sociais, seja portador de uma serenidade contagiante. Seja capaz de levar paz e harmonia para o seu interlocutor. Num momento tenso como o que está se vivendo, é alvissareira a ideia de que sua consciência, quando estiver do avesso, não exponha aquilo que tu queres esconder através do estético e do ouvir dizer, isto é, criando fantoches externos para camuflar, através dos esmaltes opinativos, uma visão de mundo centrada no velho adagio: “meu pirão primeiro”.
Prevenção
Deixando a esfera privada para outro momento e me enveredando no problema pandêmico do presente. Se por um lado, me arrisco a parabenizar a Justiça paulista que deferiu pelo cumprimento das determinações governamentais no que tange à prevenção à disseminação do vírus Covid-19, mesmo que, e até o momento, há apenas o registro de dois casos no município, com um óbito – o primeiro caso registrado em Penápolis, por outro lado, me preocupa a quantidade de pessoas transitando pela cidade, numa clara alusão de que não se teme a contaminação. Bom! Está-se com as temperaturas caindo, mas isso não significa que os termômetros sejam apetecíveis para o vírus, mas que as pessoas tendem a ficar, quando em lugares fechados, com os compartimentos de circulação de ar, como portas e janelas, trancafiados. Desta forma, parece-me que seria salutar, diante do que ocorreu em outras paragens fora do Brasil, o penapolense ser mais reservado, prudente e resguardar a sua saúde.
Prisões
É impressão minha ou cresceu em Penápolis a quantidade de jovens presos, sob a acusação de tráfico de drogas? Se eu não estiver equivocado, cabe uma reflexão desse fenômeno: se por um lado, as detenções significam o importante trabalho da Polícia Militar no combate ao tráfico de entorpecentes, por outro, acende um alerta seguido duma pergunta: seria essa ampliação consequência do isolamento social e da pandemia que vira do avesso o ser humano, deixando as suas costuras a mostra, permitindo a um analista minucioso enxergar para além dos esmaltes e vernizes usados para esconder as fissuras da alma. Se eu pensar numa lógica mercadológica, diria que, se há um aumento na quantidade de traficantes, é porque aumentou o número de consumidores, mas lógico que a questão não é tão simplória assim.
Sem perspectivas
A questão é problemática sob diversas perspectivas, sendo que sempre vinha chamando a atenção para a questão e já faz um certo tempo, entretanto, as autoridades penapolenses constituídas eleitoralmente não foram capazes de minimizar o impacto da falta de perspectivas para adolescentes e jovens numa sociedade que se transforma rapidamente. Conforme nos apontou o pensador polonês Zygmunt Bauman (1925-2017), a modernidade diluiu as relações sociais, econômicas e, sobretudo as afetivas e o que se pensou ser algo concreto no hoje, neste exato momento em que tu, meu caro leitor, está lendo esses pequenos enredos, deixará de o ser logo depois do ponto final do último aforisma. Essa condição humana, diante da certeza da finitude existencial, faz com que muitos queiram fugir, mas para onde, quando a pandemia confina todos dentro de seus micros mundos sociais e dentro de si mesmos com os seus “eus” que se metamorfoseia em um de seus mais mortíferos fantasmas?
Política
Creio que esses tempos tenebrosos no campo da saúde, um vírus assustador e um governante que titubeia entre manter a palavra dada aos seus eleitores e seguir o que diz o capítulo 18, do clássico da ciência política moderna, O príncipe, creio que a população deve ter aprendido um pouco mais sobre Política. Diante das brigas, rompimentos de amizades, tudo está ficando bem claro para a sociedade. Nunca passou de uma verborragia tosca para fisgar cidadãos desavisados e muito mais ligado ao seu universo emotivo, conforme dizia Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) em seu Raízes do Brasil, do que propriamente estabelecer uma política para o país a partir de um projeto de governo. Evidencia-se que tudo não passou de um projeto pessoal para chegar ao cargo mais alto da Nação, mantendo a massa bajuladora alienada como se estivessem em uma torcida organizada. Expresso isso, tendo em vista a distribuição de cargos aos chamados deputados federais que participam do bloco Centrão. Enfim, quero crer que, todos esperam a poeira se assentar no fundo do riacho e observar quando a água voltar ao seu nível normal. Como sempre afirmei, defenderei eternamente a democracia, pois fora dela não há salvação. Não gostou de como as coisas funcionam dentro das instituições, mudem conforme as prescrições constitucionais, jamais através da força, pois a Política deve ser sempre a arte das possibilidades. É isso aí. E-mail: gilcriticapontual@gmail.com. www.criticapontual.com.br.