Olhar Crítico

Brasília

Não é usual de minha parte abordar neste espaço dominical, problemáticas advindas do plano nacional e global, entretanto hoje abrirei uma exceção, levando em conta as coisas que vem de Brasília para escudar os meus olhares sobre fatos políticos da Terra de Maria Chica. Não é novidade para ninguém que a capital federal arde e com labaredas enormes que dá para ver da lua – a exemplo da muralha da China -, principalmente pela presidente ter nomeado o seu padrinho político como Ministro da Casa Civil. Enquanto esses aforismas eram escritos ainda não se sabia a decisão de Gilmar Mendes, integrante do STF encarregado de julgar as ações que, democraticamente, os cidadãos impetraram contra a nomeação do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva ao segundo cargo mais importante na estrutura governamental brasileira.

 

Relevância

Desta forma, quando os meus leitores estiverem percorrendo as linhas que se seguem, muita coisa pode ter acontecido no reino brasiliense, todavia, não tornam irrelevantes os meus olhares, principalmente porque as questões nacionais têm significativos desdobramentos na corte maria-chiquense com abandono de legenda e ingresso em outra. Mas, para o momento fiquemos com a Capital Federal. Entendo, conforme já externei a alguns amigos petistas, que Dilma Rousseff se equivocou em nomear Lula seu primeiro-ministro, principalmente porque no último domingo o povo foi às ruas protestar contra ele e administração dela e do PT, de uma maneira geral. As manifestações, quiçá contrariedade de idólatras de um tipo específico de sebastianismo, foram democráticas e continuam sendo, pois a população não é obrigada a “falar amém” para as estripulias do “Homem de Garanhuns”!

 

História

É preciso ter claro que na França Setecentista, a burguesia – associada à queda da Bastilha – buscou seu espaço naquela sociedade, eliminando os privilégios da Nobreza e do Clero e as consequências todos o sabem, entretanto, deve se destacar que sem a participação efetiva do povo, os privilégios e corrupções que perpassam o cotidiano do brasileiro, os vícios herdados da Monarquia não serão eliminados e o que acontece no momento é consequência da atitude de um líder que se crê acima do bem e do mal e a legislação não pode atingi-lo e, quem ousar fazer isso, é chamado de golpista e coxinha! Durmam com um barulho desses, contudo, a letra fria da lei deve ser aplicada a qualquer cidadão que incorra contra as regras constituídas pelo órgão colegiado que todos conhecem: o Legislativo.

 

Debandada

Deixando o mundo candango e brasiliense com suas labaredas e ocupando-me das coisas de Penápolis, importa-me tentar entender a saída do presidente da Câmara, Alexandre Gil de Melo do seu PT, imiscuindo-se com a legenda do ex-presidente do legislativo local e novo arauto do PSD, Caíque Rossi. Ressalto que não objetivo dizer se este acertou ou errou em pular o muro vermelho no qual ficou montado nos últimos 13 anos para o azul e amarelo do Partido Social Democrático. Sendo assim, meu escopo é tão somente fazer algumas ponderações, após conversar com alguns dos antigos correligionários de Alexandre Gil, principalmente aqueles que não concordaram com a opinião do presidente da Câmara no que diz respeito à sua não idolatria ao ex-presidente Lula, colocando sempre em primeiro lugar, o alcance da lei, conforme prevê os preceitos constitucionais.

 

Oportunismo

Vários petistas penapolenses que carregaram o partido nas costas na época das vacas magras, ou seja, quando a legenda caminhava trôpega em direção à chefia do Executivo local, creem que Alexandre Gil traiu o PT, inclusive porque se filiou ao Partido dos Trabalhadores no momento em que este esteve no cargo máximo da Nação, isto é, nos últimos 13 anos. Para eles, o atual presidente da Câmara permaneceu na agremiação somente durante as vacas gordas provocadas pela governança federal e desta forma, foi eleito vereador no último pleito. Tendo essa observação como escopo, é possível acreditar que, para os petistas da chamada linha dura do partido em Penápolis, Gil de Melo teria sido um oportunista político, já que a sua primeira eleição para vereador foi na condição de filiado do PT.

 

Ingratidão

Entretanto, bastou à agremiação passar pelas dificuldades no plano nacional, tendo sua credibilidade partidária e ideológica questionada pela sociedade brasileira para que o vereador mudasse de lado, deixando o PT e indo aninhar-se no partido de Caíque Rossi que, com a adesão de Alexandre Gil de Mello passa a ter a maior bancada na Câmara, fazendo oposição ao atual prefeito abandonando-o, como eu externei em outro lugar (http://criticapontual.com.br/site/2016/03/16/olhar-critico-15/), o deixaram só, a exemplo do que fez os defensores do ex-presidente Fernando Collor de Mello, quando a batata começou a assar para o lado dele, culminando com o primeiro impeachment da República brasileira. Ressalto que, embora tenha amigos nas fileiras petistas, não sou adepto desta legenda e nem posso – na condição de cientista social e colunista deste Jornal e também em meu site – fazer apologia a qualquer agremiação, concordo com os integrantes do PT ao observarem a ingratidão do atual presidente da Câmara local, quando este deixa o Partido dos Trabalhadores e vai para o PSD.

 

Crise

Qualquer que tenha sido os motivos, que levaram Gil de Melo a abandonar a nau petista, me parece que este não devia ter deixado a legenda nesse momento de crise ética e moral pelo qual o PT passa, não só no plano nacional, mas também no âmbito institucional, ou seja, nas próprias entranhas ideológicas e pragmáticas da agremiação. Sendo assim, deveria ter ficado e auxiliado na reconstrução do partido que tem significativa contribuição para a instalação do processo democrático brasileiro, mesmo tendo seus principais líderes se perdido no labirinto do poder. É hora dos filiados se unirem e não ficar ofendendo opositores, mas se voltarem para o PT e ver o que deu errado e refazer a rota que o levou até o poder central. Quando se está nas cordas, é fácil atirar pedras, desferir socos e pontapés, o difícil é manter-se no propósito e no ideal e suportar as marteladas que recebem da opinião pública. Desta forma, acho que Gil de Melo se equivocou, mas quem sou eu para apontar isso ou aquilo, pois penso que a sentença política será dada em outubro pelos eleitores. Até lá, tudo é verborragias e oportunismos político-partidários. E-mail: gilbertobarsantos@bol.com.br, social@criticapontual.com.br, gilcriticapontual!gmail.com. www.criticapontual.com.br.

 

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