Sobras de um amor … parte III

32.

           

Enquanto Fernanda se derretia nos braços de Ricardo que estava quase chegando à loucura com os prazeres que a noiva lhe proporcionava e Márcio fazia com que a esposa sentisse como se tocasse as estrelas enquanto conversava com a lua pois o marido lhe paparicava com muitos carinhos aqui e ali, Eleanora estava sem chão com o sumiço do seu general, ou pelo menos, por não atender as suas ligações. Não sabia ao certo onde Alexandre estava, já que tinha seguido os conselhos da filha, retornando ao restaurante disposta a lhe implorar o perdão e ter de volta o amor de sua vida.

Depois de muito pensar sobre o que fazer, resolveu incorporar Angélica e agir como a filha fez no caso de Márcio quando este se escondeu na região do pontal. Foi ao apartamento do militar decidida a esperá-lo na porta ou arrombaria. “- Droga! Por que não fiz uma cópia da chave do apartamento dele”, falou para si mesma a presidente de honra das Organizações Oliveira.

Após mais de uma hora de espera, finalmente a decisão de Eleanora começava a dar resultados. Alexandre, indicando estar já um pouco alterado, apareceu abraçado com duas mulheres que, pelo jeito de falar, indicava que o militar tinha estado em um bordel com certo requinte.

O general deixou o seu carro e ladeado pelas duas belas mulheres, fingiu que não viu Eleanora do outro lado da rua. Quando ele entrava no elevador com uma de suas acompanhantes lhe acariciando os testículos, a sogra de Márcio conseguiu evitar que a porta do compartimento se fechasse. Sem pensar duas vezes, a quase ex-namorada de Alexandre deu um murro no rosto da acompanhante que estava com uma das mãos na virilha do general e, gritando com elas, as expulsou do elevador que ficou ali parado no térreo.

Alexandre tentou defender a dupla de mulheres, mas Eleanora percebeu que ele estava alcoolizado e o mandou ficar quieto. “- O senhor fique bem quietinho que depois conversaremos. O meu assunto agora é com essas duas putas que se não saírem daqui agora, amanhã terão uma conversa com o porteiro do céu”, disse a sogra de Márcio.

– Andem suas vagabundas e desaparecem da minha frente e de meu marido. Eu que vejo as duas rondando aqui ou ele que a coisa não vai ficar assim não.

“- Esse negão disse que era solteiro e como agora aparece essa débil mental dizendo que é esposa dele”, afirmou uma delas, tentando ainda dialogar com Eleanora.

– Não interesse a minha condição com ele. Eu só quero as duas longe daqui! Já conversamos muito! Sumam já daqui!

Antes que a coisa ficasse mais complicada, Alexandre entrou no compartimento e foi direto para o seu apartamento. Essa ação irritou mais ainda Eleanora que decidiu que não sairia dali sem falar poucas e boas para o seu namorado ou quase isso. Assim que o elevador chegou ao térreo, a presidente de honra das Organizações Oliveira entrou e rapidamente chegou ao andar em que ficava o apartamento do militar que, diante do seu quadro etílico, deixou a porta apenas no trinco, facilitando a entrada da namorada que, já dentro do imóvel, escutou barulhos vindo do quarto.

Pronta para brigar, entrou no cômodo e o som ficou mais nítido e vinha do banheiro onde o general estava caído no chão, vomitando sem parar e no ponto de eliminar a bílis que fica armazenada no estômago para ajudar na digestão dos alimentos. A mulher se espantou com o que viu, entrando em desespero. Sem saber o que fazer, tentou falar com a filha, mas o telefone só chamava e ninguém atendia.

Chorando desesperadamente, Eleanora se lembrou de Pedro, o cozinheiro, conseguindo falar com ele. “- Calma! Eu chego em menos de meia-hora. Agora tente levá-lo até o chuveiro, dona Eleanora”. Completamente atônita, a sogra de Márcio não agilizava nada, apenas assistia o militar se desfazendo em vômito no chão do banheiro.

Pedro chegou antes do informado, correndo para o banheiro, pediu para a namorada do general o esperar na sala, enquanto ele levantava o amigo-patrão e, com certa dificuldade, o colocou debaixo do chuveiro enquanto Alexandre balbuciava pedidos, entre eles, que era para Eleanora o tirar da chuva e do frio.

– Calma meu amigo. Ela está lá na sala te esperando e daqui a pouco a chuva vai cessar. Mas primeiro vamos deixá-lo limpinho. Mulher nenhuma gosta de ver homem todo lambuzado de vômito e merda.

Tentando recuperar a sobriedade perdida por conta de uma briga com a mulher que amava de toda a sua alma, Alexandre disse ao cozinheiro. “- Obrigado meu amigo Pedro. Será que um dia serei feliz como você e a Fabrícia”, perguntou o militar.

– Se tu deixar de ser cuzão e parar de tentar resolver os problemas secando litros e mais litros de uísque. Agora vem. Vamos para cama, enquanto eu lhe preparo algo para você beber. Acho que um chá amargo, tipo de carqueja, te ajudará a se restabelecer.

Assim que Pedro chegou ao quarto com Alexandre, Eleanora estava sentada numa poltrona completamente transtornada, sem saber o que fazer. Assim que o cozinheiro colocou o general na cama, pediu para ela ficar de olho nele enquanto preparava um chá para o amigo tomar.

“- O que aconteceu com ele, Pedro”, perguntou Eleanora.

– Consequências de um coração partido. A solidão consumiu a alma de meu amigo durante muito tempo e o seu vazio existencial era preenchido pelo verde-oliva. Então quando se viu fora do Exército não sabia nada sobre ser civil depois dos 50 anos.

“- Não entendi nada Pedro”, confessou a namorada do militar.

– É simples dona Eleanora. Depois da família dele, do Exército, a senhora foi a primeira pessoa que ele amou nessa vida e ficou com muito medo de perdê-la. Quem vomitava naquele chão do banheiro, era a alma do meu amigo general. O homem desmontou diante da possibilidade de ficar sozinho e depois do restaurante saiu a esmo pelas ruas da cidade.

Diante da expressão que Eleanora fez, Pedro sentenciou: “- Será que a senhora ainda não percebeu o quanto esse homem a ama? Aquela mulher que o procurou era esposa do garçom que o ameaçou de morte em seu restaurante. Ele prometeu ajudá-la, mas a senhora não perguntou nada. Já foi o acusando, como se o general fosse sua propriedade”.

Eleanora colocou o rosto entre as mãos para que Pedro não visse como ela havia ficado com tal revelação. “- Fique aí com ele, enquanto preparo o chá e depois a senhora vai ministrando aos poucos. Preciso voltar para casa. Amanhã eu e Fabrícia teremos o dia completamente tomado pelo almoço na editora do seu genro que morres de amores pela sua filha. Nunca vi tanta paixão expressada em olhares e gestos, sem precisar dizer nada”, disse Pedro de maneira firme.

A mãe de Angélica se sentou na cabeceira da cama onde o corpo do general estava, alisando sua cabeça na qual alguns fios de cabelo branco começavam a se projetar, momento em que ele balbuciou algumas palavras: “- Meu amor! Me tire da chuva com a sua paixão. Não preciso de guarda-chuva algum, apenas do seu coração. Sem ele, minha vida voltará a ser oca e sem sentido”.

A mulher só escutou e não disse nada, pois Alexandre se virou para o lado e voltou a dormir. Era como se estivesse sonhando com alguém. Pedro retornou deixando a bebida que ainda estava quente sobre uma pequena mesa, dizendo a Eleanora que era para acordá-lo e lhe dar uma xícara contendo o líquido para beber.

O cozinheiro deixou o quarto, indo higienizar o banheiro que tinha ficado todo sujo com os vômitos e outros dejetos eliminados pelo militar que poderia ter ido a óbito se estivesse sozinho no apartamento.

Ao voltar aos aposentos do militar, Pedro perguntou se Eleanora poderia ficar com ele aquela noite. No sábado pela manhã conversaria com o amigo para saber o que tinha acontecido. Nunca o vira naquelas condições. “- Tome aqui a chave do apartamento. Ele tinha deixado uma cópia comigo. Vivia me dizendo que quando eu ligasse e ele não atendesse era para vir ver o que tinha acontecido”.

Sem dizer muita coisa, a mãe de Angélica se limitou em agradecer Pedro pelo que fez e pelas chaves. Tirou de dentro da bolsa três notas de R$ 200 e passou ao cozinheiro que se recusou a pegar. “- Não vou aceitar não como resposta. Pegue! É o mínimo que posso fazer por ter salvo a vida do homem que me faz ser uma pessoa melhor para o mundo”.

Pedro pensou em recusar, mas sabia que o dinheiro seria útil no cotidiano com Fabrícia e os filhos. “- Então ame esse homem e deixe de frescuras e faniquitos e o faça feliz, pois é isso que ele quer e não uma mulher que tem ciúmes até da sombra”, vaticinou o cozinheiro enquanto se dirigia à saída do apartamento, sendo acompanhado por Eleanora que se sentia mais aliviada. Por isso prometia internamente que não deixaria o seu general ficar nunca mais sozinho.

Durante aquela noite, a sogra de Marzinho se dividiu entre os cochilos e as xícaras de chá que servia ao seu general. Nessa vigília pode comparar a vida que levou com Jô por mais de 35 anos e os poucos meses que passou em companhia do militar. Lógico que para ela, reservada as devidas proporções, Alexandre havia lhe proporcionado singulares momentos. Seu marido lhe tinha dado as duas coisas mais importantes em sua existência: Angélica e Amadeu, mesmo sabendo que não tinha sido, no passado, uma boa mãe, mas desde a chegada de Márcio na vida de todos, havia decidido que havia tempo suficiente para ser a amiga que os filhos sempre desejaram.

Quando Alexandre despertou definitivamente para o novo dia e quem sabe uma nova existência, os ponteiros do relógio já marcavam mais de nove horas. Ela lhe perguntou se estava tudo bem e quando o militar tentou lhe falar sobre o dia anterior, a namorada lhe disse de forma bem simples que o ontem havia passado e o que mais importante era aquele momento e dali para frente. “- Não falemos do que já foi e ontem é passado. Que tal conversarmos sobre o aqui e o agora dos nossos sentimentos que terão um futuro bem diferente do que pensávamos desde que nos conhecemos, meu amor”, disse a namorada do general.

“- Preciso de um banho. Fiquei de organizar o almoço de seu genro, mas fracassei. Me desculpe”, tentou se justificar o general.

– Vai lá! Tome um banho e depois passaremos em minha casa para eu me arrumar e tirar essa ressaca da noite e organizaremos tudo antes que Márcio e Angélica cheguem na Jardim da Leitura.

Meia-hora depois, Eleanora e Alexandre se dirigiam ao apartamento dela, onde a namorada se arrumou especialmente para ele e se deslocaram para a editora. Quando lá chegaram encontraram apenas Pedro e Fabrícia que conversavam e o cozinheiro estava com uma aparência que indicava preocupação. Antes mesmo que pudesse falar alguma coisa ao general, este o chamou para irem as compras para que todos pudessem agilizar o churrasco. “- Quero deixar tudo pronto antes que o Marzinho e a esposa cheguem”, disse Alexandre.

Lógico que, no trajeto entre a editora e o supermercado e durante as compras, os dois conversariam muito sobre o episódio da noite anterior. Assim que passaram numa agência bancária, o militar fez um saque em sua conta e já dentro do automóvel repassou o valor ao amigo cozinheiro.

“- Para que isso general”, perguntou Pedro.

– Para nada! Basta que pegue e pronto e não faça tantas perguntas. Já que viu do jeito que fiquei por conta do meu medo de perder Eleanora. Nunca pensei que fosse amar aquela mulher do jeito que amo, meu caro amigo Pedro.

Quando o amigo-cozinheiro ia fazer menção sobre o que havia acontecido na noite anterior, o militar lhe disse que o mais importante era dali para frente e que tudo que ficou no ontem só serve de aprendizado para todos os que se envolveram no imbróglio e que a namorada merecia ser amada como uma estrela que brilha eternamente no firmamento.

A amizade entre os dois se conservava desde os tempos de caserna justamente porque o cozinheiro entendia quando não devia passar dos limites estabelecidos por Alexandre. “- Pedro, você acha que um de seus filhos pode abraçar a carreira militar? Estou perguntando porque terei o maior prazer em apadrinha-lo caso assim desejar”, disse o oficial da reserva.

– Meu caro general, muito me honraria ver um dos meus filhos abraçar a carreira que por ignorância eu deixei, entretanto, não quero nenhum deles metidos em nada que não seja do gosto deles. Mas se tu quiseres falar com eles, sinta-se à vontade.

Enquanto o general conversava com o seu fiel-escudeiro, Angélica começava a despertar para o dia, sem saber que a manhã já ia alta e o relógio se aproximava das dez e meia. Aproveitou o ensejo para observar o marido que dormia nu ao seu lado depois de fazê-la perder a conta de quantas vezes atingiu o orgasmo. Quanto estava para chegar lá, ele parava de penetrá-la e massageava sua vagina com a boca, enquanto com a língua brincava com o seu clitóris, a levando ao delírio de tanto prazer que sentia. Era como se estivesse transando com o marido pela primeira vez depois de muito esperar.

Assistindo todas essas cenas que pulavam diante dos seus olhos como se estivessem sendo repetidas infinitas vezes, a empresária se sentiu mais excitada e apaixonada pelo editor e, ao invés de acariciá-lo para que acordasse e satisfizesse o desejo que acabara de brotar de sua alma chegando rapidamente à sua vagina, Angélica optou por apenas fitá-lo, sabendo que iria comê-lo o dia inteiro com os olhos e com a imaginação enquanto a noite não chegasse.

Resolveu deixá-lo dormindo mais um pouco, caminhando ao banheiro para se higienizava para o almoço de confraternização na Jardim da Leitura. O objetivo do evento era finalizar tudo para a inauguração que aconteceria na segunda-feira, conforme Márcio tinha meticulosamente planejado. Enquanto sentia a água escorrer pelo corpo, a empresária desejava, em pensamento, que o marido a convidasse para trabalhar com ele, entretanto sabia que tal situação jamais viria a acontecer, inclusive para manter a saúde do casamento impecável, se isso fosse possível com os ciúmes que tinha dele.

Ao deixar o chuveiro percebeu que estava sendo observada. Era Márcio que, encantado pela esposa, a olhava silenciosamente, enquanto sua alma conversava com o seu coração pedindo para ter paciência que o amor venceria, entretanto, haveria muitos caminhos a serem percorridos com a sua dinamite de olhos esverdeados. Ao ser surpreendida, Angélica lhe abre um sorriso não de desejo, nem de paixão, mas de pura devoção ao homem que fazia a sua terra girar ao contrário, mostrando as belezas de lugares que nunca as tinha percebido antes.

A empresária passou pelo esposo e deu uma mordiscada em sua orelha, dizendo em seguida que o amava desesperadamente. Márcio roçou de leve a mão numa da bunda da esposa, a puxando para si e, olhando bem fundo em seus olhos dela, disse: “- Se você não existisse, eu pediria ao universo que te criasse para o meu coração”, disse o editor, perguntando em seguida onde ela havia andado esse tempo todo.

– Aqui dentro dessa torre que construí esperando ser resgatada pela pessoa que me enxergasse para além do corpo, lá onde vive a alma que conversa diariamente com o universo. E finalmente ela chegou me fazendo ser a pessoa mais feliz do mundo. Obrigado paixão por existir e fazer meu mundo mais colorido e de uma cor que ninguém pode entender e enxergar, apenas o meu ser que se totaliza no seu.

Márcio a puxou ainda mais perto de seu corpo, lhe dando um abraço e um profundo beijo, enquanto ela sentia a virilidade do marido despertar. “- Vamos parando por aqui. Temos um almoço para realizar no qual a principal protagonista é vossa senhoria, portanto, deixemos essa trepada ou várias delas para hoje à noite quando quero ver as estrelas montada nessa estrela cadente que você tem no meio das pernas”, disse Angélica se desvencilhando do abraço de Márcio, olhando em seguida para o seu pênis entumecido. “- Ele nunca se cansa”, perguntou a empresária entre maliciosos risos.

“- De sua buceta e do seu amor, jamais”, respondeu o marido enquanto entrava no box para terminar de eliminar o sono que ainda cismava em percorrer o seu corpo.

Enquanto Márcio terminava de tomar banho, a esposa se arrumava, deixando sobre a cama a roupa que gostaria de vê-lo vestido naquele sábado. Uma bermuda simples nas cores verde-musgo e uma camiseta branca que se ajustava plenamente ao corpo do editor, a deixando maluca de desejo.

Ao ver aquelas peças sobre a cama, o marido quis saber o que era aquilo, mas mesmo já sabendo a resposta, fez questão de afirmar a sua contrariedade, tentando indicar que poderia escolher outra vestimenta. “- Nem vem neguinho. Te quero gostoso hoje e desejo exibir o belíssimo marido que eu tenho. O homem que só de me olhar, me faz gozar. Então é essa a roupa que usarás hoje”, disse Angélica de forma imperativa, restando ao marido apenas acenar um tímido sim com a cabeça.

“- Estou te esperando na sala e você que me saia desse quarto vestido com outra roupa que a conversa será outra”, sentenciou a esposa.

Quando Angélica deixava o quarto foi que Márcio reparou na roupa que a ela trajava. Um vestido nas cores laranja com detalhes verde esmeralda que parecia ser longo, mas quando ela caminhava dava a impressão de ser bem menor do que era. Aquela visão reacendeu o desejo do marido que prometeu silenciosamente dar-lhe muito prazer a noite.

“- E pare de me comer com esses terríveis olhares”, falou Angélica, consciente de que o esposo lhe devorava a bunda enquanto ela se encaminhava para a sala onde pretendia esperá-lo. Márcio apenas gargalhou daquele jeito que sabia a deixaria ainda mais acesa.

Por estar com o coração em festa, o editor apenas pensou no quanto amava aquela mulher-diaba e se arrumou para aquele almoço do jeito que ela lhe pediu, enfatizando aquilo que todos já sabiam: se Angélica defecasse um monte e determinasse que ele devorasse tudo, faria sem se quer questionar. Ao chegar na sala, sentiu todo o amor que a esposa lhe devotada quando ela lhe agarrou, beijando e quase em lágrimas, lhe perguntou se ele sabia por que o amava tanto.

“- Não faço a menor ideia. Diga então para que eu fique sabendo”, respondeu o marido.

– Não sou tão boa com as palavras quanto você, oh meu lindo esposo, mas só sei que quando estou contigo me sinto em plena sintonia com o mais profundo do universo. Vocês podem chamar isso de alma, porém eu acho que é o átomo que é indivisível e nele está escrito Márcio para sempre!

Marzinho preferiu não dizer nada, apenas olhar para Angélica, lhe dar um beijo suave, dizendo que ela será sempre a sua lindíssima estrela que brilhará ao meio-dia e à meia-noite. “- Você é o meu tudo presente no meu etéreo. Te amo princesa”.

Depois de dizer isso, o esposo olhou para o relógio observando que os ponteiros se aproximavam do meio-dia. Puxou-a em direção ao elevador enquanto Angélica dizia para esperar um minuto que iria pegar a bolsa e a chave do seu automóvel. Já dentro do compartimento de transporte, enquanto Márcio a fitava sem parar, a empresária ouviu o seu telefone chamar e, ao atendê-lo, ouviu de Eleanora a pergunta por qual motivo estavam atrasados. “- Já estamos saindo de casa, mãe”, disse a empresária.

“- Chegue logo filha! Tenho um montão de coisas para te contar. Eu vi o general quase morrendo na minha frente e agora eu sei o quanto esse homem me ama”, disse a sogra de Márcio atropelando as palavras que desejavam acompanhar o ritmo dos batimentos cardíacos conduzidos pelos sentimentos dela.

– Que legal mãe, mas assim que eu chegar a senhora me conta tim-tim por tim-tim. Também tenho muitas coisas a lhe falar. Tchau!

O casal entra no carro e a esposa conta ao editor a breve conversa com a mãe, provocando em Márcio gargalhadas. “- Por que está rindo desse jeito? Minha mãe e o general não têm direito de se apaixonarem”, perguntou a empresária querendo ser severa com Márcio, mas sem conseguir obter o que desejava.

– Claro que tem e isso me lembra um romance que acabei de ler em que a protagonista-narradora descobre o amor já na terceira idade e junto dela a certeza de que nunca ter amado antes, nem mesmo o falecido marido. Portanto, a ficção se tornando realidade com Eleanora e Alexandre.

Já fora do condomínio, o carona sintoniza uma emissora de rádio e ambos escutam uma belíssima canção em que o intérprete dizia que foi um segundo só, mas o suficiente para que ele enxergasse o universo a partir dos olhos da mulher amada. “Amo te amar porque és a fonte desse amor que virou paixão antes de me virar pelo avesso. Eu iria até a estrela mais longe no firmamento só para sentir o sabor de seus beijos, oh minha rainha”, dizia o refrão, fazendo com que Márcio e Angélica trocassem olhares apaixonados.

Assim que o casal adentra a sede da editora, Eleanora puxa a filha para um lado querendo conversar sem segredos e Márcio foi levado para outro canto da sua empresa: Fernanda, ansiosa, queria lhe falar com uma certa urgência. “- Marzinho, você não está zangado comigo? Diga que não”, disse Fê tudo de uma vez, não dando tempo do amigo responder nem a primeira pergunta.

– Calma querida! O que aconteceu? Ontem foi um dia complicado para todos nós e você me fez confissões para lá de complicadas e depois perdeu o controle de tudo.

“- Caralho Mazinho! Será que pode me responder a pergunta que te fiz? Só quero ouvir de sua boca que não está zangado comigo e continuaremos a ser amigos do mesmo jeito”, perguntou Fernanda dando um leve soco no braço do amigo.

– Claro que sim. Do contrário, o que você e teu noivo estariam fazendo aqui? Inclusive não haveria nenhum clima para ele permanecer na editora trabalhando comigo e Tarsila.

“- Tua mulher disse que iria me demitir e estou assustada. Por isso que ouvir de ti que isso não acontecerá”, disse Fê indicando preocupação na fala.

“- Claro que não! O teu trabalho não depende da amizade que tens comigo e sim de sua competência que, até onde sei, está acima dessas coisas do coração”, explicou o editor.

– Obrigado Marzinho! Por isso que te amo.

Essa última declaração foi ouvida pela esposa de Márcio que, antes de falar com a mãe foi tirar satisfação com Fernanda que, meio se escondendo atrás de Márcio pedia proteção. “- Deixe de ser boba Angélica! Esse amor que ela me tem é semelhante ao que tu tens pelo seu irmão. A diferença é que há uma ligação sanguínea entre ele e você e eu e Fernanda a sinergia é a partir da amizade que temos”.

“- Isso mesmo, filha”, disse Eleanora puxando-a para o lado, pois queria lhe falar do general.

– Mãe! A senhora ouviu o que Fernanda disse ao meu marido? Isso é muito sério. Vou demitia imediatamente.

“- Não vai demitir ninguém e isso quem decide sou e não se fala mais nisso! Quero falar contigo uma coisa que aconteceu comigo e o general ontem à noite e tu fica ai com insegurança em relação ao homem que é louco por ti. O que Fernanda disse ao Márcio, provavelmente disse também ao Roberto e até agora não vi Danisa tendo chiliques. Vê se cresce e deixe de ser criança”, sentenciou Eleanora.

“- Desculpe-me por ter sido tão egoísta”, confessou Angélica.

Mãe e filha se sentaram num sofá distante do pessoal que ia chegando para o almoço. “Keka! Lembre-se que eu tive uma discussão com o Alê por conta de ciúmes? Pois bem. Eu fui ao apartamento dele e o surpreendi chegando com duas putas. Expulsei-as do prédio, antes mesmo delas entrarem no imóvel, entretanto, quando entrei no apartamento ele estava caído no banheiro vomitando até as tripas e eu não sabia o que fazer. Te liguei, mas você não atendeu e aí entrei em pânico e só me lembrei de Pedro que prontamente me atendeu”.

“- E você sabe por que ele estava passando mal”, perguntou a filha.

– Tomou o maior porre porque eu havia brigado com ele. Naquele momento senti as mesmas coisas que ti quando Márcio foi parar na UTI. Fiquei assombrada e com medo de que Alexandre pudesse morrer e eu seria a culpada por ser desesperadamente ciumenta.

“- Então agora sabe o que sinto em relação ao Marzinho”, inquiriu Angélica.

– Você é exagerada e Márcio é completamente louco por ti, como o general parece que tem o mesmo apreço por mim.

“- Mãe! Que maravilha! Pelo visto é a primeira vez que alguém te ama incondicionalmente”, segredou Angélica.

– Acho que sim filha e é por isso que queria te contar. Cuidei dele a noite toda e observei que não posso ficar sem ele um minuto se quer.

“- Onde está ele agora, mãe”, quis saber a filha.

– Organizando tudo para o almoço. Ele e o Pedro resolveram contratar uma equipe de garçons para que tanto o amigo quanto Fabrícia possam ficar mais à vontade com os convidados de Márcio e Tarsila.

Angélica conversava com a mãe, mas não tirava os olhos do marido. Movimento que só foi contido quando ela viu Fernanda abraçada com Ricardo conversando com o namorado e Márcio dando um abraço de felicitações ao noivo de sua gerente nas Organizações Oliveira. “- Olha lá sua tonta! Observe como Fernanda está feliz com o noivo e isso é tudo. O resto é invencionice de sua cabeça”, sentenciou Eleanora.

“- Mas mãe como foi essa porra toda? Você chegou e Alexandre estava abraçado com duas putas e como é que elas foram embora””, perguntou Angélica.

– Peguei a primeira e comecei a bater, lhe dizendo que não iria dormir com meu marido.

“- Marido!? Desta vez dona Eleanora, a senhora pegou pesado”, exclamou Angélica entre espanto e gargalhada.

A sogra de Márcio contou com todos os detalhes de sua noite passada, momentos em que descobriu o quanto era amada pelo general. Um amor que nunca havia sentido antes. “- Não posso deixar esse homem escapar nunca, filha! Se ele não quiser morar junto comigo, tudo bem, mas o quero 24 horas em minha vida”, disse a presidente de honra das Organizações Oliveira apresentando à filha um brilho diferente nos olhos.

Conversando com a mãe, mas não tirando os olhos de Márcio, Angélica viu quando Tarsila se aproximou do esposo o levando para um canto e iniciaram uma conversa. Fez menção de se movimentar, mas foi contida pela matriarca que vetou qualquer intenção da filha ir atrás do editor. “- Mas que diabos, Angélica! Deixe seu homem em paz. Ele não te enrabou o suficiente a noite passada? Então! Se não o fez o fará está noite e se fez barba e cabelo, poderá repetir hoje à noite desde que você e seu ciúme não estrague tudo”, disse Eleanora caindo na gargalhada ao perceber que a filha corava de vergonha. “- Por deus do céu! Nunca te vi desse jeito quando o assunto é sexo e ainda mais com o seu marido”, exclamou a mãe, notando claramente a mudança de comportamento da filha.

– Pare mãe! Minha vida intima com Márcio só diz respeito à nós dois.

“- É! Mas quando era com Rosângela você fazia questão de expor para todo mundo que gostava mesmo era de chupar uma xereca”, afirmou Eleanora, rindo em seguida.

– Cruzes mãe! Que vocabulário chulo!

“”- Acho que está virando cuzona como o seu marido. Daqui a pouco vai dizer que não se pode mais falar palavrão”, lhe disse a mãe, gargalhando enquanto a filha fazia menção de se levantar, mas foi novamente contida.

Na conversa que Tarsila estava tendo com Márcio, o assunto era um romance que havia sido enviado pela autora que não queria se identificar, criando um pseudônimo, todavia, pelo tipo de escrita, ela desconfia de quem seria a autoria do manuscrito.

“- Como assim, Tarsila”, quis saber Márcio.

– Creio que a pessoa nos é próxima, mas não deseja aparecer. Olha só esse trecho que peguei para te mostrar.

Tarsila liga a tela do celular e pede para o seu sócio ler o fragmento. “Por ser negra, poderia escrever sobre guerras, racismos seja reverso ou não, mitos e equívocos da democracia racial, contudo, ao perceber que falta poesia a um mundo tão doente, narrar denúncias racistas seria bombardear o câncer social com mais células cancerígenas do que realmente medicamentos que extirpassem a moléstia. Então, a poesia não é apenas um lenitivo, mas também um antidoto contra todos os tipos de doenças sociais como racismos e outras fobias”.

“- Quem você desconfia que seja”, perguntou o editor.

“- Creio que seja a secretária de Angélica, mas poderíamos fazer um teste e se for ela, tentará disfarçar”, informou a sócia de Márcio.

– Acho que vou mandar esse trecho como mensagem para ela e vamos ver no que vai dar.

Mesmo antes de terminar de falar, Márcio que havia acabado de receber a mensagem enviada pela cunhada, remeteu direto para Débora e outro para Angélica. A primeira ficou em silêncio, mas Tarsila percebeu ela lendo o conteúdo e olhando para os lados. A esposa do editor, por conhecer o jeito da sua secretária escrever, chegou perto do marido e quis saber o que era aquilo.

“- É algum tipo de mensagem cifrada que Débora te mandou, Marzinho? Se for, eu quebro ela na porrada aqui e agora”, vociferou Angélica.

“- Como sabe que o texto é de Débora”, perguntou Márcio à esposa.

– Ela trabalha comigo tempo suficiente para eu conhecer o seu estilo de escrita. É inconfundível, mas por que ela te mandou isso? Vai me dizer ou terei que tirar satisfação com ela.

“- Deixa de ser doida Angélica. Na sua cabeça toda mulher quer abrir a buceta para o seu marido. Tudo bem que Márcio é um gostosão, mas tem uma dinamite como esposa e ninguém, em sã consciência, vai pagar o preço para vê-la explodir”, disse Tarsila rindo.

– Então o que é? Vão me dizer ou não?

“- Esse é o trecho de um romance que uma pessoa mandou pedindo anonimato, mas Tarsila desconfiava que era de Débora e ela não quer aparecer. Preferindo o sigilo e deixando que nós decidamos se é publicável ou não”, respondeu Márcio.

“- E o que você acha Tarsila”, quis saber o editor.

– Tecnicamente perfeito. A enunciação é belíssima. Não diz nada de forma direta sobre o racismo, mas está tudo nas entrelinhas. Penso que podemos inclui-la na segunda leva de publicações.

Assim que Tarsila terminou o seu relato, Angélica foi arrastada pelo irmão que dizia para deixar o marido e a sócia trabalharem. “- Você não desgruda um segundo do seu negão. Bem que eu disse a ele que suas teias de aranha-diaba não o deixariam mais”, disse Amadeu gargalhando.

– Porra Amadeu! Já não basta Eleanora me enchendo o saco, agora vem você? É claro que eu tenho ciúmes dele. Esse maluco faz minha vida girar ao contrário e se perdê-lo entro em parafuso.

“- Todos aqui sabem disso, portanto, relaxa e vamos comer uns pedaços de carne. Olha essa picanha que assaram especialmente para me satisfazer”. Explicou Amadeu para justificar o desejo de segredar com a irmã.

– Você sabe que não como carne e ainda desse jeito quase com o boi berrando.

“- Então sobra mais para meu estômago”, disse Amadeu em tom de troça.

– Faça bom proveito”, retrucou Angélica.

“- Me diga uma coisa: mamãe me disse que você vai demitir Fernanda? É verdade”, quis saber o vice-presidente das Organizações Oliveira.

– Por que a pergunta?

“- Se o motivo for o mosquito acho que cometerá a maior injustiça de sua vida. Se ele tivesse alguma coisa com Fê e, bela como é, não estaria bebendo comigo aquela segunda-feira à noite e em busca de uma matéria e sim num motel trepando com ela até ficar com o pau todo esfolado”, disse Amadeu de maneira bem formal.

– Nossa Amadeu! Você fala assim com Tarsila.

“- Meu deus do céu Keka, virou religiosa e defensora dos bons costumes? Quando vc trepa com o Marzinho, apenas abre um compartimento na calcinha para deixar a rola dele passar”, quis saber o irmão.

“- Por que você não vai tomar no seu cu”, respondeu Angélica demonstrando uma certa irritação.

– Agora é sério: me responda por que quer mandar Fernanda embora?

“- Ciúmes! Simplesmente simples assim. Tenho ciúmes da amizade dela com Márcio, mas sei que não vou conseguir demiti-la porque isso geraria mais confusão entre eu e meu marido e agora que estou vendo que a buceta dela já tem uma rola, então não preciso me preocupar mais com Fernanda se envolvendo com o Marzinho”, explicou a empresária.

– Acho que tem que se preocupar é com a sua ciumeira. Um dia o mosquito se enche e consegue fugir das teias que você armou para aprisioná-lo.

“- E quem disse que ele quer ir embora”, inquiriu Angélica.

– Seu ciúme.

Assim que Amadeu acabou de falar e como os convidados estavam dentro da sede da editora, Ricardo pediu a atenção de todos. Desejava fazer um pedido importante e que não podia ser deixado para depois, já que no dia seguinte seria o noivado da irmã dele com Esdras e na segunda-feira seria a inauguração da editora do melhor amigo de sua noiva.

Após conseguir a atenção de todos, Ricardo pediu ao Pedro que buscasse o champanhe. Assim que estava tudo pronto, ele pegou um microfone e pediu a mão de Fernanda em casamento. “- Meu amor, sei que tenho que amadurecer muito, mas entendo também que só conseguirei chegar nesse ponto se você estiver comigo. Então te pergunto agora para que todos escutem: Fernanda, aceita ser minha esposa a partir de hoje? Se a resposta for sim, desejo que Angélica, Márcio, Roberto e Danisa sejam nossos padrinhos. O meu pedido é em razão desses dois bunda-moles tomarem conta do seu preciso coração que tanto me encanta. Diz que sim”, clamou Ricardo, apresentando uma certa ansiedade misturado com temor.

Fernanda que não esperava aquele pedido de casamento, pois acreditava que seria ela a anunciar tal empreitada, abraçou o noivo e em lágrimas disse que aceitava ser a esposa dele e trabalharia para fazer aquele amor, que nasceu meio estranho, meio capenga, dar certo.

Olhando para o marido, Angélica se sentia mais aliviada, já que finalmente a sua gerente deixava de ser um fantasma em seu relacionamento com Márcio. Por mais que este dissesse que não haveria nada com Fernanda e nunca existiu, ela estava sempre com o pé atrás, ainda mais quando percebeu que a sua funcionária seria a preferida da sogra.

“- É claro que eu e Marzinho aceitamos sermos os padrinhos de Fernanda e Ricardo”, afirmou Angélica olhando para a mãe e o general que, com apenas um aceno e um piscar de olhos, entenderam o que significava aquele aceite para tão importante cerimonial. De mãos dadas com o marido, a empresária, juntamente com Roberto e Danisa posaram ao lado dos nubentes para as fotos. Todos ali sabiam o quanto as imagens eram proibidas entre eles, então foram feitas poucas reproduções e nenhuma delas podia sair do ambiente em que todos estavam.

“- Por que vocês todos são tão briosos em relação a imagens, fotografias e reportagens em jornais e revistas”, perguntou Alexandre à sua namorada, Eleanora que respondeu, sorrindo, porém de maneira bem direta e simples: “- Pergunte ao Marzinho e ao Roberto. Eles que são os comunicadores e jornalistas de nossas vidas”.

O general não entendeu direito o que a namorada quis dizer, mas logo ouviu Márcio dizer que o mais importante era a editora e os escritores. Seus proprietários deveriam ficar sempre em segundo plano. “- Como é isso Márcio? Sempre achei que o fato deu ser general contava mais do que tudo”.

– General! O homem sempre será superior aos seus próprios feitos, todavia, deve tomar os devidos cuidados para que o ego não o domine, diminuindo suas ações. O mais importante não é o seu generalato, mas o caminho que percorreu para chegar às suas estrelas, de modo que poderá ser exemplo para muitos adolescentes e jovens que, sem saber para onde caminhar, acabam caindo nos braços do crime.

“- Tudo isso é muito belo, Márcio, mas não passa de utopia, pois a vida é duríssima e o mal está sempre à nossa espreita”, disse Alexandre.

“- Meu caro general, um homem sem utopia não existe, apenas vegeta. Desde a minha adolescência sonhava em ser amado por alguém e ter caráter suficiente para amar essa pessoa. Parecia que esse dia nunca chegaria e quando eu já estava para jogar a toalha, ele surgiu de forma inusitada e hoje, depois de altos e baixos, posso lhe dizer que amo amar a minha esposa. É a pessoa que faz meu dia ser mais radioso, minha vida mais iluminada e minha vontade de viver eternamente para adorá-la mais a cada dia que passa. Então, essa é a minha outra utopia. Viver eternamente para Angélica. Portanto, sem minhas utopias estarei sempre atolado até o pescoço num fosso de merda”, respondeu o editor ao seu amigo militar.

Ao ouvir isso dos lábios de seu marido, a empresária que se aproximava dele, praticamente se atirou em seus braços e, em lágrimas dizia que foi a coisa mais bela que Marzinho havia lhe dito por intermédio de uma outra pessoa. “- Está entendendo general porque fico sem chão quando penso que esse homem pode me deixar”, exclamou Angélica.

Enquanto o casal conversava com o militar aposentado e namorado da mãe da arquiteta, do outro lado do salão, Fernanda dependurada no marido era só felicidades e conversava animadamente com os sogros Adélia e Romualdo. Judith se aproxima do quarteto e do nada, olhando bem para Ricardo sentencia: “- Cuida bem dessa menina, do contrário, terá que se entender com toda a nossa família”.

Fernanda abraçou Judith dizendo que tinha certeza de que ela seria uma ótima sogra, mas o coração dela agora pertencia a Ricardo que saberia amá-la como gostaria de ser cortejada pelo amor do homem que ajudaria a tocar as estrelas em noite de tempestades. “- Acredito que a partir de hoje começo a escrever um novo capítulo de minha vida, Judith”, disse a gerente de finanças das Organizações Oliveira.

“- Pensei que o cargo que ocupa nas empresas de Angélica fosse importante”, disse Judith.

“- Não me iludo com coisas materiais. Sempre soube que podia chegar lá, mas enquanto isso não acontecia, seguia a minha vida como vendedora e amicíssima do seu filho”, explicou Fernanda acrescentando que aquela aliança na mão esquerda significava tudo e mais alguma coisa e, lógico, Márcio tinha tudo a ver com ela. “- Afinal foi no noivado dele que conheci a pessoa que fará minhas noites serem mais brilhantes do nunca”, disse Fernanda voltando para os braços de Ricardo.

Enquanto a gerente falava com a futura sogra de Débora, ela chegou próximo do grupo e parabenizou o irmão e a cunhada. “- Feliz Fernanda”, perguntou a futura arquiteta. “- Sim, cunhada! E pensar que quase joguei tudo isso fora com medo do futuro e desejando o passado conhecido”, explicou Fernanda.

Retirando a cunhada de junto do quarteto, Débora falou de forma direta a ela. “- No dia em que Márcio apareceu no escritório com aquele buquê de flores para Angélica e, antes ela estava toda furiosa, chorosa, mas bastou o cara surgir ela mudou da água para o vinho, compreendi que não havia como aqueles dois se separarem”.

– Eu sei disso Débora, mas o medo de um futuro incerto, faz a gente se apegar ao passado conhecido. Márcio era o meu mundo. Era a pessoa que eu tinha certeza de que estaria debaixo da chuva comigo.

“- E continua sendo, querida. Marzinho é tudo isso e por que você acha que aquela louca da Angélica atravessou o estado para encontrá-lo e praticamente o arrastar para cá, se casando com ele de maneira relâmpago? Toda mulher em sã consciência sabe quando encontrou o homem que a fará cruzar todos os oceanos só para sentir o sabor dos lábios dele nos seus”, explicou a secretária da empresária.

“- Esdras é esse homem para ti, Débora”, perguntou Fernanda.

– Eu quero acreditar que sim, mas ele precisa deixar eu vê-lo desta forma, mas para isso deve parar de ficar se comparando ao irmão. Já falei para ele: Márcio é o Márcio, todo de vidro, um diamante que somente Angélica saberá lapidá-lo.

“- E ele o que fala”, quis saber Fernanda.

– Fica tentando justificar o fato de o pai ter montado esse supermercado aqui para ele e colocar o Marzinho para ficar bisbilhotando a vida dele. Já disse mais de uma vez que o Márcio não quer saber de nada, apenas da mulher que o deixa de quadro babando feito um retardado.

As duas riram porque sabiam que o amigo era desse jeito mesmo e que elas podiam contar com ele, mas nunca na condição de homem e sim de pessoa. Angélica, que havia deixado o general conversando com seu marido, chegou até as duas para saber qual era o motivo da conversa e Débora, de forma irônica, lhe perguntou: “- De quem você acha que estamos falando”.

“- Espero que não seja do meu marido”, afirmou a empresária.

As três gargalharam, pois sabiam que era de Márcio que a dupla falava antes da chegada dela. “- Vocês podem dizer o que quiserem, mas eu o conquistei e não o deixarei para ninguém. Daqui para frente, só poderão olhar e isso ainda dependerá das condições”.

“- Até os anjos sabem disso, incluindo aquelas estrelas que explodiram a bilhões de anos-luz da terra”, afirmou Débora, gargalhando mais ainda. “- E você quer que eu faço o que, se gamei naquele preto lindo, meio amalucado, mas que faz o meu mundo ter sentido”, perguntou Angélica.

“- Feliz Fernanda”, inquiriu a empresária como quem deseja mudar o foco da conversa.

– Sim Angélica! Muito feliz. Aproveito o momento para te pedir mil perdões por ter provocado ciúmes em ti, atrapalhando a harmonia do seu casamento com Marzinho. Mas é que eu estava toda confusa e espero, de todo o meu coração, que me compreendas.

“- Sem problemas minha gerente. Embora tenhamos todos ultrapassados os 30 anos, ainda somos imaturas quando o assunto é o amor e não a paixão. Tenho certeza de que Ricardo a fará tão feliz quanto Marzinho me faz”, informou Angélica.

– Obrigado.

Eleanora chegou perto das três e tirou Fernanda do local, indo com ela mais próximo da mesa em que a comida estava sendo servida. “- Filha! Ainda não te dei o presente que merece pelo seu casamento, mas tenho certeza de que amanhã você receberá. Espero que goste.

“- Você pode me adiantar o que é”, quis saber a funcionária das Organizações Oliveira

– Sabe dirigir?

“- Por que a pergunta”, inquiriu Fernanda.

– Responda-me.

“- Sei, mas nunca me ocupei direito com isso porque sempre soube que nunca teria um automóvel para chamar de meu”, respondeu a amiga de Marzinho.

Eleanora ligou o celular, abrindo um arquivo de fotos, indicando um automóvel para a sua gerente, inquirindo-a se gostava do modelo e da cor. Ao obter a resposta afirmativa, disse a Fernanda que entre o domingo e a segunda-feira ela o receberia em sua casa, mas que não era para Ricardo e sim para ela.

“- Mas Eleanora, é muito. Eu não mereço”, exclamou a funcionária.

– Merece sim menina. Quando ameaçou tirar Márcio de Angélica, ela finalmente acordou e se tornou adulta, percebendo que o marido não era mais um dos brinquedos que ela usaria e depois o colocaria na caixa quando um novo chegava.

“- Mas por que está me dizendo tudo isso agora Eleanora”, quis saber a esposa de Ricardo.

– Porque agora você não é mais um perigo para ela, fazendo com que minha filha compreenda que perderá o marido para ela mesma e se isso acontecer não poderá responsabilizar ninguém.

“- Mas ela vivia com outra mulher antes de o Marzinho aparecer. Então o que foi aquilo que ela vivenciou com Rosângela”, perguntou Fernanda à presidente de honra das Organizações Oliveira.

– O que você sentiu quando tentou ficar com Márcio antes do seu casamento. Medo! Tudo bem que Angélica tem quedas por mulheres, mas creio que Márcio saberá lidar com esse lado dela, até porque não casou enganado.

“- Obrigado Eleanora”.

Enchendo os pratos com carnes e outros assados, Márcio, Alexandre, Romualdo e Rogério conversavam animadamente e, entre uma gargalhada e outra, o pai do editor perguntou se havia desejo em ter filho algum dia. “- Ainda é cedo. Penso que eu e Angélica temos que nos assentar primeiro. Nos entendermos como homem e mulher e como pessoas individuais. Ainda preciso amadurecer como esposo e como parceiro e trazer outro ser agora ao mundo só vai complicar mais as nossas vidas”, explicou o marido de Angélica.

“- Novamente meu amigo, você me surpreende com essa lucidez toda. É notório que a tua mulher tem uma presença onde chega, mas em nenhum momento senti em ti um ser envaidecido por estar com Angélica e, me parece que isso a cativa muito. Agora compreendo o desejo que tens de não ficar desfilando com ela para cima e baixo”, revelou Alexandre.

“- Meu amigo. Eu amo Angélica e a quero do meu lado todos os dias, mas não para ficar exibindo-a como se fosse um troféu que conquistei depois de uma enorme batalha. A vejo como um excelente ser humano que tem lá suas falhas como todos nós”, explicou o editor ao militar enquanto era observado pelo pai e o sogro de Fernanda.

– Tua sogra me disse que no começo você se estranharam.

“- Sim! Não gosto de gente mandona e Angélica queria dar as cartas em tudo e comigo isso não acontece”, confessou Márcio, colocando um pedaço de carne na boca.

“- Como assim”, perguntou Rogério. “- Se ela cagar uma tonelada de bosta, você come e ainda pergunta se tem mais. Acho que falar é fácil. Quero ver é a sua atitude. Ela manda e desmanda em ti. Tua mãe segredou-me que se preocupa contigo pela falta de atitude com a sua galega, a dinamite dos olhos esverdeados”, disse o pai caindo na gargalhando enquanto se sentava à mesa para comer a pratada de carne que havia feito para si.

Alexandre que acompanhou Rogério nos risos, olhou para o editor, sacramentando. “- Pelo visto, meu amigo, seu pai sabe muito mais de ti do que você possa imaginar”.

– De mandonismo ele entende bem. Minha mãe manda e desmanda e ele apenas obedece.

“- Melhor obedecer e ver todos os dias o sorriso dela a achar-se o super-homem e ficar lambendo saco de outros homens enquanto se conta vantagem nos botecos da vida”, afirmou, de forma segura, Rogério.

Amadeu que chegava ao grupo, foi logo dizendo que o amigo mosquito procurava a irmã dele dentro dos copos. “- Esse homem vivia me seguindo. Eu até achei que ele era gay, mas depois vi que não. Era covarde demais até para dar o cu. Então só podia querer alguma coisa: encontrar o amor da vida dele. Eu também desejava encontrar a minha musa, então nos tornamos parceiros de copos e versos, mas mais doses do que poesia. Se bem que ele era péssimo com a escrita, mas quando Keka apareceu o atropelando, foi como um sinal divino e agora ele escreve bem para caralho”, disse o cunhado o abraçando de forma carinhosa e muito fraterna.

“- Meu filho! Procure viver em harmonia com o seu irmão. Ele, com certeza vai viver aqui na cidade contigo e sua mãe ficará muito magoada em saber que vocês dois não se conversam e nem se visitam”, pediu Rogério ao proprietário da Jardim da Leitura.

– Pai! Esdras é muito difícil. Somos bem diferentes. Ele se dá bem com Leônidas porque tem a mesma inclinação. Eu quero outras coisas.

“- Eu sei disso, mas essas querenças diferentes não impedem de vocês dois se visitarem e é tu quem terá que fazer o movimento nesse sentido. Afinal terá uma livraria de sua editora dentro do nosso empreendimento”, disse, de forma imperativa Rogério enquanto olhava ternamente para o filho.

– Tudo bem pai! Farei um esforço. Depois da inauguração da editora falaremos mais. Também compraremos os produtos e tudo o que for utilizado na alimentação dos frequentadores fundação lá na loja que o Esdras administra.

Assim que o editor terminou de falar, Pedro se aproximou e perguntou ao general se iriam abrir o restaurante no domingo. “- Por que meu caro”, quis saber o militar. “- Se não formos trabalhar amanhã, pretendo levar as crianças para um passeio e fazermos um piquenique no parque. Faz tempo que eles estão me pedindo isso”, informou o cozinheiro-gerente.

“- Tudo bem, Pedro. Manteremos ele fechado amanhã, mas na segunda-feira vamos funcionar normalmente. E como eles estão indo de escola nova”, quis saber Alexandre.

– No início estranharam. Era tudo novidade, mas com o tempo foram se adaptando e entendendo que existem coisas que os nossos braços não alcançam.

“- Fico feliz meu amigo. E a construção da casa”, inquiriu o militar da reserva.

– Lentamente começamos e em breve faremos uma festinha para comemorar a nossa nova morada.

O almoço de confraternização caminhou serenamente até por volta das 15 horas quando os primeiros convidados começaram a se despedir de Márcio e Tarsila, os anfitriões e sócios na Jardim da Leitura que, a partir da segunda-feira seria oficializada como a mais nova editora brasileira. Judith se aproximou do filho para se despedir dizendo que tinham que conversar com os pais de Débora sobre o noivado dela com Esdras. “- Você vai lá amanhã! Não aceito nenhuma outra resposta que não seja o sim. Esdras é seu irmão e quero te ver lá. Afinal ele veio para o seu casamento e foi lá que conheceu a noiva”.

– Está bem mãe! Se Angélica não quiser eu irei só.

Assim que Judith e o pai de Márcio se afastaram para deixarem o prédio, foi a vez de sua sócia também se despedir. Estava exausta e em estágio avançado de gravidez o que exigia cuidados extremados. “- Marzinho. Segunda-feira estaremos aqui cedinho para deixarmos tudo pronto para a inauguração a noite. Veja lá se não vai pirar e furar com a gente”, disse Tarsila já saindo de mãos dadas com o marido e cunhado de Márcio.

– Mosquito fique atento, hein! A rainha diaba poderá te aprisionar na torre dela e não te deixar sair amanhã para o noivado de teu irmão. E acho que vale até uma crônica para um livro desse estilo que sua editora poderá publicar. Beijos querido. Você sabe o quanto te amamos: eu, Tarsila e o nosso bebê.

Assim que se viu só no imenso salão que seria preparado para a inauguração de sua editora, Márcio fechou os olhos, recostando pesadamente o seu corpo no assento do sofá e, de forma lenta, passou em revista seus últimos meses naquela cidade que tinha sido sua moradia nos últimos seis anos. Um filme foi projeto em sua memória, iniciando no dia em que surrou ou pelo menos tentou bater em Márcia e no outro casal que promoviam uma orgia sexual com a noiva.

Gostava de recordar o momento em que viu Angélica pela primeira vez e como ficou impactado pela presença dela naquela tarde dominical no Bar da Net. Ele tentando se esconder da vida e ela buscando proteger o irmão do mundo caótico e do pai ganancioso e racista. Como ele poderia imaginar que naquela segunda-feira à noite, quando tudo tinha dado errado em sua vida, conheceria o cara que o ajudaria a encontrar a mulher por quem suspiraria profundamente até alcançar a alma para dá-la de presente à empresária.

A mente do livreiro já ia bem longe quando a alma foi transportada de volta para o corpo ao sentir um leve sussurro em seu ouvido e em seguida um suave toque de outra boca na sua. Era a esposa que o trazia de volta à Terra o chamando de vida. “- Amor! Posso saber onde sua cabeça estava e o seu coração? Seu corpo, tenho certeza de que estava aqui bem na minha frente, agora o restante, eu já não sei”.

– No mesmo lugar de sempre. Passeando pelas ruas de cidade; falando com aquele corpo que dormia todo encharcado pela chuva num banco de praça por ser infantil e não saber lidar com uma martelada que levou da sogra. Minha alma tentava dialogar com aquele repórter que usava sempre as mesmas roupas, sapatos que resolveu fugir de um amor que considerava impossível de ser vivenciado.

“- E o que ele encontrou nessa viagem em torno do seu ontem”, lhe perguntou a esposa.

– Um belo presente chamado Angélica.

“- E o que mais minha vida? Adoro te ouvir dizendo como fui invadindo seu coração sem pedir licença, bagunçando a sua já desarrumada vida. Conta mais”, pediu Angélica já se ajustando no colo do esposo que não conseguia controlar o tesão que sentia pela esposa. Bastava ela tocá-lo para que seu membro já desse sinal de vida, o que a deixava mais vidrada ainda pelo editor.

– De fato, você desorganizou toda a bagunça que era a minha vida. Me obrigou a desengavetar aquele Márcio que sempre existiu, mas tinha um medo terrível do mundo. E o mais doido ainda é que foi justamente tentando entender a mente desarrumada do seu irmão que eu te encontrei.

“- Bem que poderia contar essa história num romance, mas tendo uma narradora, porém, sendo de um autor”, sugeriu a empresária ao editor.

– Gostei da dica, mas pensarei nisso mais adiante porque agora eu quero é outra coisa: te sentir inteirinha como estou lhe desejando agora. Quero tocar-lhe a alma com um beijo meu. Quero sentir as estrelas brilharem a partir de seus lindos olhos. Quero inalar o oxigênio que seus pulmões compartilharem comigo. Enfim, quero o céu desde que você seja as nuvens que me levarão até o paraíso, semelhante ao de Dante.

Antes mesmo que ele pudesse continuar, Angélica já devorava sua boca, tentando emendar sua língua na de Márcio que correspondia aos desejos da esposa que estava em brasa, sem conseguir conter o tesão que sentia pelo editor. As carícias foram avançando até que Angélica tirou de dentro da calça do editor o falo que já estava quase que explodindo, enquanto Márcio não se sabe como, estava com a calcinha dela entre os dentes, a deixando mais doida de tesão.

Enquanto a empresária sugava-lhe o membro, o esposo mastigava com muito tesão a calcinha da esposa. Quando Márcio estava imaginando que poderia explodir em gozo na boca de Angélica, ela subiu em seu colo, introduzindo o pênis do marido em sua vagina para a loucura dos dois. Quando ela viu que sua calcinha estava aos pedaços de tanto Márcio mastigá-la, foi à loucura, gozando abundantemente enquanto gritava o nome do editor, dizendo que o amava muito e que deseja que ele a comesse com todo o seu vigor e potência, a fazendo gozar inúmeras vezes.

Márcio que tentava se segurar, não aguentou ao ouvir a esposa lhe gritar o nome, acabando por gozar também, falando coisas desconexas, tendo na boca retalhos da calcinha da empresária que foi destruída pela ação dos dentes dele enquanto tentava se segurar para não gozar como um adolescente que trepava pela primeira vez, mas do jeito que a coisa se processava foi impossível se conter por mais tempo.

Ambos saciados, Márcio sentiu na perna parte do seu esperma que escorria de dentro da vagina de Angélica que, ao perceber isso, dava gargalhada enquanto dizia que a noite ela queria mais. Ao descer do colo do esposo, a empresária se dirigiu ao banheiro para se higienizar, mas não ficou muito tempo sozinha. Desta vez que foi trazida de volta para a Terra ao sentir o membro ereto do marido a lhe roçar a bunda o que a deixou mais doida ainda de tesão.

“- Meu deus do céu, mas que marido mais tarado fui arrumar”, afirmou Angélica entre surros e gemidos de prazer.

“- Para que esperar até a noite chegar se podemos atingir as estrelas antes mesmo de o Sol ir se embora, tingindo o céu de um alaranjado todo especial”, disse Márcio enquanto roçava seu pênis ereto na bunda da esposa que rebolava intensamente a espera de ser penetrada novamente pelo esposo.

A empresária se vira de frente para o esposo, subindo em seu colo, sentindo o falo invadi-la por inteira, provocando espasmos e lágrimas de felicidade. “- Te amo em demasia, minha dinamite de olhos esverdeados. Obrigado por me deixar amá-la assim de maneira bem simples, como tudo tem que ser na vida”, externou Márcio enquanto era beijado com volúpia pela esposa.

Depois de gozarem abundantemente, o casal se deixou ficar trocando carícias em baixo do chuveiro, enquanto o mundo lá fora caminhava rapidamente para o anoitecer. Ao saírem do banheiro, Márcio e Angélica perceberam o quanto a tarde já ia alta e precisavam se apressar para voltar para a casa, principalmente para não pegarem trânsito entre a sede da editora e o apartamento da rainha diaba que conseguiu prender o coração do editor em sua teia de amor.

Enquanto o editor e sua esposa se amavam silenciosamente dentro da editora, na casa de Débora tudo era efusiva felicidade, principalmente advinda do coração de Fernanda que se sentia mais segura a partir daquela aliança na mão esquerda e seu agora marido Ricardo finalmente entendeu que Marzinho nunca passou de um fantasma que se tornava fantasia na medida em que o futuro se aproximava da esposa.

Todos só falavam na surpresa que o irmão de Debora fez à gerente de finanças das Organizações Oliveira. “- O que deu em você meu irmão”, perguntou várias vezes a futura arquiteta. “- Nada! Apenas achei que era hora de me casar com a mulher que virou a minha vida de cabeça para baixo. Não poderia deixá-la ter mais dúvida em relação ao que lhe sinto. Era ali naquele momento, diante do meu fantasma, Márcio, que a Fê precisaria decidir”, explicou Ricardo, sentindo-se abraçado por trás pela esposa.

– A minha decisão foi acertada, Débora. Sou grato por você me abrir os olhos e compreender o que me ia n’alma e também por Márcio ser um homem sensacional, mas não me serve como marido. É adorável, mas apenas para Angélica. Eles se completam e não haverá espaço para mais ninguém, mesmo que a ex-companheira dela volte, não terá a menor chance de conseguir algo com aquele doída dos olhos esverdeados.

“- Você está me dizendo que Angélica é sapatona”, perguntou Ricardo a Fernanda.

Neste momento, ela percebeu que falou demais e a coisa ia se complicar se não terminasse tudo, mas novamente foi salva por Débora. “- Ela foi casada por cinco anos com uma professora da universidade, mas bastou colocar os olhos no Márcio para que a união ruísse. Então ela não é sapata, mas apenas uma mulher que tem queda por outras mulheres, coisas tão normais hoje em dia, meu irmão. Acho que não deve se ocupar com essas coisas, afinal, não diz respeito à sua existência. Cuide bem de sua esposa que só quer ser amada assim como te ama incondicionalmente”, disse a irmã em tom professoral.

Ao dizer isso, Débora pega Fernanda pela mão e a conduz até o seu quarto. Queria conversar sobre algumas coisas sobre o dia seguinte. Desta forma, Ricardo ficou por um tempo de pé ali na sala com um copo de cerveja na mão pensando no que tinha feito na parte da tarde quando oficializou o casamento com Fernanda. Sua mente era povoada por sim e senões, principalmente por se perguntar se não havia sido precipitado nas trocas de alianças. Foi despertado de seus devaneios pelo pai que lhe perguntou de chofre.

“- Está arrependido de ter colocado essa aliança na mão esquerda, filhão”.

– Não é bem arrependido, pai. Mas é que fiquei aqui pensando se não agi por despeito e por tentar mostrar para aquele retardado do Márcio que sou capaz de fazer a melhor amiga dele feliz. Ainda mais que ele a dispensou ontem.

– Filho! Olha sô! Márcio é seu patrão e a esposa dele preside as empresas em que tua esposa trabalha. Então não misture as estações. Marzinho não deixará ter influência sobre Fernanda e isso ficará evidente quando tiverem a primeira briga: ela procurará abrigo e conselho junto ao amigo e isso é perfeitamente normal, pois você chegou depois. Observe a esposa de Roberto! Ela não dá chilique algum, já que tem certeza do amor que o marido lhe devota e é isso que você deve observar a partir de agora. Se houver alguma dúvida por parte de Fernanda ou do seu lado, isso terá que ser bem equacionado.

Assim que terminou de falar, Romualdo convidou Ricardo para buscarem umas cervejas para o almoço de domingo. “- Sua irmã ficará noiva do irmão do maior adversário do seu amor pela sua esposa. No caminho vamos conversando sobre os seus temores e sei que Fernanda está lá no quarto falando das mesmas coisas com Débora”, explicou o pai.

No trajeto da casa ao supermercado gerenciado por Esdras, Ricardo escutou pacientemente todas as recomendações feitas pelo pai, inclusive no que diz respeito às ideias arcaicas que o filho ainda cismava em manter. “- Delimite os espaços, tanto seu quanto dela, de modo que não deixe de ser quem és e nem ela se modifique para te agradar. Fernanda é independente e já deu mostras disso, mas deseja ter alguém para chamar de seu e foi por isso que se desesperou com o casamento do amigo. Ela achou que havia sido abandonada novamente e apenas reagiu. Então tenha paciência com sua esposa que parece ser forte, mas é um cristal”.

– Como sabe tudo isso pai?

– Sou mais observador e tenho minhas fontes de informação, além de saber o quanto essa menina sofreu para chegar até aqui. Márcio e Roberto foram, nos últimos anos, a armadura e o escudo que a protegeu. Então você terá que se esforçar para ser essas duas ferramentas e dar amor a ela. Veja bem Rick! Fernanda não precisa de um pau para penetrá-la, mas de um homem que faça a sua vida ter sentido. Não a decepcione.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *