Sobras de um amor…

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Márcio tentou falar com o diretor, mas foi em vão. Ele não estava no prédio. “Paciência”, pensou. Sentou diante do seu computador e foi procurar alguma informação sobre a pauta do dia e se havia alguma coisa que podia fazer, mesmo sabendo que estava na condição de repórter especial.

Acessou seu correio eletrônico e viu que lhe enviaram uma mensagem, sem que o remetente tivesse se identificado. Apenas o e-mail de quem havia mandado. De qualquer forma, essa informação poderia ser útil.

No espaço destinado ao assunto, estava escrito: “pista”. No local do remetente havia um monte de número indicando o endereço eletrônico do autor da mensagem. A curiosidade e o faro de repórter fez com que Márcio fosse logo para o corpus do e-mail, encontrando a seguinte mensagem.

“A cumplicidade emerge em nossos sentidos, a sintonia faz despertar em nossas almas um turbilhão de sensações e sentimentos singulares. Um afago de almas tornando as palavras apenas melodias sussurradas. Os dedos se cruzam, formando o símbolo da eternidade que tanto faz jus ao nosso existir. Não há limites temporais entre nós dois, não existe uma hora marcada para que os nossos sentimentos fluam a flor          da pele. Numa hora, somos os seres mais felizes da terra, para no instante seguinte a tristeza tomar conta de nossos corações por um motivo banal. Somos tão intensos na forma em que vivemos, amamos e brigamos que não dá para saber, definir nada. E mesmo nas maiores tempestades provocadas pelos corações afoitos, nas quais parece que tudo será devastado pelas torrenciais águas que caem do céu, o sentimento não se esvai, mas pelo contrário, fica cada vez mais sólido, porque somos únicos, puros e verdadeiros”.

 

Ao término da leitura quem olhasse para Márcio acharia que ele tinha visto um fantasma. Ele estava pasmo, pois o texto fazia alusão a uma declaração de amor, porém sem o destinatário e também o emissor.  Olhou para todos os lados como para se certificar de que não havia mais ninguém na sala, além dele. Voltou-se para a tela do computador e usando o mesmo corpo da mensagem que recebeu, perguntou quem havia mandado aquele conteúdo e por que fizera aquilo. Reencaminhou para o endereço do mesmo e-mail e com cópia para o seu.

Como naqueles brinquedos de parte de diversões, a mensagem bateu e voltou informando que o endereço encaminhado não existia. Ficou ali, parado como mosquito aprisionado na teia de aranha sem entender nada, pois acabara de receber o e-mail, leu a mensagem e a reencaminhou e o destinatário já não existia mais. “Que coisa de louco!”, pensou mentalizando outro pergunta: “o que fazer agora?”

Pensou, refletiu decidindo fazer uma cópia da mensagem e depois decidiria o que fazer. Pegou o papel com o conteúdo da mensagem impresso, avisou a secretária que estaria na rua cuidando de sua matéria especial.

Ao deixar o prédio da redação, percebeu que não tinha nenhuma bussola, portanto não sabia para onde ir. Vagou a esmo pelas ruas com o conteúdo da mensagem na cabeça e também da carta que recebera daquela estranha mulher pedindo-lhe que se afastasse de Amadeu. “Espera ai! Acho que tem alguma conexão entre as duas mensagens e quem pode me dizer é aquele bêbado ensandecido. Mas se aquela pessoa me pediu para ficar longe dele, então no bar não posso me encontrar com ele. A não ser que eu chegue como quem não quer nada e sente em outra mesa”.

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