Escrita
Começo meus aforismas dominicais, o último de março, emprestando uma observação feita pelo filósofo francês Jacques Rancière, segundo a qual, “a escrita é um processo de invenção, não de aplicação de ideias”. Assertiva que me faz tentar compreender o porquê de os nossos alunos terem tanta dificuldade com a escrita e com a chamada Redação. Parece-me que se o problema persiste, o discente não consegue expressar com clareza o que sabe de fato sobre determinado assunto, seja em que área for. Tendo essas observações como premissa, é que parabenizo a professora de Língua Portuguesa, Luciana Nadai, docente da Escola Estadual Ester Eunice Oliveira, pela execução do projeto “Criando laços com a poesia e a imagem”. A proposta objetiva auxiliar os estudantes secundaristas a reconhecer e fazer uso dos diversos recursos da linguagem poética, da transfiguração do sentido, do derramamento emocional. Lembro aos meus leitores, que a educadora exercita a linguagem poética, inclusive já fiz menção a isso aqui neste espaço, aguardando que seus versos ilustrem as páginas de um livro. O trabalho é significativo e toda a unidade escolar está de parabéns!
Odisseia
Deixando o universo das poéticas e suas diversas licenças – já que o ato da escrita é assaz importante para os discentes com pretensões mais amplas, isto é, ingressar nas principais instituições de ensino superior do país, como por exemplo, UNESP e UNICAMP – universidades em que tive o prazer de estudar -, pretendo conduzir o leme dos meus aforismas de hoje para outros mares – para uns bravios, para outros nem tanto assim -, principalmente os da política, cujas águas podem ser tempestuosas e semelhantes àquelas que foram percorridas pelo grego herói mítico Odisseu (Ulisses em grego) e narrados poeticamente de forma épica nas obras Odisseia e Ilíada. Enquanto na enunciação antiga, os feitos são significativos, no presente da política palaciana penapolense a coisa não anda lá muito boa para os lados do atual mandatário. Ele tem sérios problemas com a Justiça, inclusive uma condenação em segunda instância, aplicada pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Ao que tudo está indicando, o arauto do PSDB local, entrou com recurso e aguarda a decisão das instâncias superiores.
Narcisos
Não bastasse essa problemática, informações que chegaram até este colunista dão conta de que um recurso, impetrado pela administração municipal junto ao Tribunal de Contas por conta de uma decisão do órgão que julgou irregular um contrato firmado entre a prefeitura e uma empresa do ramo de jardinagem, foi desfavorável ao gestor local. Pelo que se observa, a sentença contrária diz que as informações fornecidas pela Prefeitura, visando demover a decisão tomada pelo TC, foram insuficientes. “[…] falta de clareza do objeto licitado – prejuízo para a Administração e o interesse público”, diz determinado trecho da ementa do acórdão que rechaça o provimento apresentado pela administração. Esse é mais um caso da gestão passada que ainda continua a dar dor de cabeça ao chefe política da cidade. É preciso lembrar que na próxima semana tem oitivas com os ex-vereadores que fizeram a denúncia sobre as supostas irregularidades apresentadas no plantio da grama esmeralda.
Asfalto
Além das gramíneas que vem tirando o sono do mandatário penapolense, me parece que o chefe do Executivo foi notificado pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, de acordo com o inciso XIII da Lei Complementar 709/93 – ou seja, a lei orgânica do Tribunal de Contas do Estado – a fazer ajustes no edital de contratação de uma empresa que “executa serviços de infraestrutura urbana de pavimentação e recuperação do pavimento asfáltico em ruas da cidade”. Contudo, como é um pedido de ajustamento, aguardemos o trebelhar do pelejar entre essa administração, em seu segundo mandato, e os desembargadores do Tribunal de Contas do Estado.
Lácteos
Se o asfalto e as gramíneas estão trazendo aborrecimentos ao chefe da administração municipal dessas paragens, deve-se somar a isso a questão leiteira, ou melhor, o imbróglio que se tornou a instalação de um laticínio aqui na cidade. Num passado não muito remoto, se falou muito disso e daquilo, entretanto, a coisa caminhou até o ponto em que o Ministério Público fez sua intervenção, recorrendo às instâncias superiores da Justiça paulista, para que o artigo 2º de um referido decreto de cessão de uma área para a empresa erguer o seu empreendimento, seja desconsiderado ou eliminado de tal minuta. Desde a decisão do Tribunal de Justiça, não se fala em outra coisa na cidade: o embargo, ou melhor, paralisação das obras daquele empreendimento, inclusive com a empresa publicando na imprensa local comunicado em que afirma que a construção foi paralisada por tempo indeterminado, ou pelo menos até que a prefeitura solucione as pendengas judiciais.
Cana
E as notícias não caminham para o lado bom do prefeito que, em um passado não muito remoto, cantou em prosa e verso a sua participação na “solução” de um velho problema envolvendo uma empresa do ramo de açúcar e álcool, seus funcionários e fornecedores. Entrava e saia ano, questões alusivas ao universo financeiro travavam a economia de Penápolis. Como se fosse um Midas da política palaciana, o atual mandatário teria intermediado a aquisição desta açucareira por outra empresa do ramo. Todavia, a saída tornou-se apenas um paliativo, pois a companhia que adquiriu a CAP, conforme a própria administradora veio a público informar, não produzirá nada este ano, por falta de matéria-prima. O outrora pré-candidato, hoje já é chefe do Executivo e o questionamento que fica, já que perguntar ainda não é crime: como é que a cidade fica? Ou não fica?
Óbito
E para fechar o calvário do atual mandatário, uma criança, com apenas um ano, faleceu em Penápolis e a grita foi geral, inclusive com desabafo emocionante do avô do bebê na última sessão ordinária da Câmara Municipal. O vídeo, com as observações daquele parente enlutado, correu o mundo por meio das redes sociais na internet, colocando o prefeito e sua equipe, ao que me parece, numa saia justa, já que toda a saraivada de indignação foi direcionada aos mandatários e aos representantes dos penapolenses no legislativo. A parte que eu mais gostei foi quando, insistentemente, o avô dizia que, ele que paga os impostos e com estes as subvenções dos vereadores, só tinha apenas três minutos para desabafar e cobrar postura dos gestores eleitos “democraticamente” para ficar mais quatro anos à frente da prefeitura municipal. E-mail: gildassociais@bol.com.br; gilcriticapontual@gmail.com. www.criticapontual.com.br.