Castelo
Começo meus olhares deste domingo, último dia do feriadão prolongado, recordando um programa infantil que a TV Cultura apresentava na década de 90 do século passado que, pela sua temática, foi premiado em vários países. Chamava-se Castelo Rá-Tim-Bum, contendo episódios hilários e superinteressantes, já que apresentava determinadas questões de forma que o telespectador compreendesse, como por exemplo, os passarinhos cantores que sempre executavam uma música usando um instrumento musical. Havia também um quadro com um refrão “como se faz” que continha explicações de como eram fabricados os produtos. Mas, acho que a parte mais interessante era aquele em que aparecia uma personagem, interpretada pelo ator Paschoal da Conceição, chamada Dr. Abobrinha.
Prédio
Quem assistiu os vários episódios daquela série se lembrarão dos desejos de Pompeu Pompilio Pomposo que era de adquirir o castelo e construir um prédio de 100 andares. Lógico que esse seus anseios permeavam todo o projeto e o programa, tanto é que no final ele consegue adquirir o imóvel, mas acaba devolvendo-o para o Dr. Victor deixando aos telespectadores a ideia de que o que move o ser humano é ter um objetivo e, na ausência dele, a vida perde o sentido. Gostava muito de assistir, principalmente por conta dos protagonistas que apareciam e pela filosofia presente na personagem Zequinha quando este queria saber o porquê das coisas. Desta forma, me lembro do que diz o filósofo dinamarquês Josten Garden [lê-se Ionstein Garden] – autor de livros como O dia do Coringa. Para ele, quem precisa de Filosofia é o adulto, pois a criança é uma filósofa já que quer saber de tudo.
Mas eu diria mais…!
Deixando o Castelo Rá-Tim-Bum e o Dr. Abobrinha para outra ocasião e voltando ao mundo concreto, quero dizer, Penápolis. No começo da semana, o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB) esteve aqui em nossa paragem inaugurando duas escolas: uma municipal e outra estadual. Até ai nada demais – mesmo porque a unidade estadual – só relembrando – não foi uma conquista do atual alcaide, como já tive oportunidade de apontar em outro momento, mas sim a partir de um conjunto de chefes do Executivo que o antecederam começando pelo ex-prefeito Firmino Ribeiro Sampaio (PSDB) passando pelo petista João Luís dos Santos -, mas a coisa começa mesmo a se complicar quando a temática diz respeito ao universo da saúde e as bravatas palanqueiras, próprias do mundo da política brasileira, portanto, não sendo um fenômeno típico da Terra de Maria Chica. Se isso é fato, então que tal ir direto ao fato, ou melhor, fatos? Alckmin esteve aqui e dai? Mudou o jeito que a banda toca em nossa paróquia? A vida do penapolense foi consideravelmente alterada pela visita? Ou a estada do governador diz respeito mais ao universo da política e desejos futuros dos integrantes dessa “ingrata” categoria? Parece-me que há vários caminhos a serem percorridos para se chegar a uma resposta que agrade a todos os viventes da cidade.
Prometeu
A grande polêmica da semana foi sobre uma promessa de palanque feita num passado, não muito distante, que pode ter levado muitos eleitores incautos a escolherem o atual mandatário – assunto que abordarei em momento alvissareiro. O palavrório eleitoral consistiu em promoter a vinda de um AME (Ambulatório Médico de Especialidade) +, ou mais especificamente um cirúrgico. Até ai nada demais, pois no calor da campanha se diz muita coisa, a exemplo da personagem de Paschoal da Conceição no Castelo Rá-Tim-Bum, e para vencer um pleito, como dizia a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), se faz o diabo até que ele, a exemplo do enredo de O Retrato de Dorian Gray, vem cobrar a fatura e, me parece que no caso de Penápolis, ela veio rapidamente, justamente porque o prefeito havia afirmado que o ambulatório estava garantido para Penápolis. No entanto, o governador que é da mesma legenda do chefe do Executivo local, jogou água na churrasqueira política do alcaide, desmentindo-o, se limitando a dizer que se não tiver prédio, não tem AME +! E dai, como é que fica a peleja, levando-se em conta que a cidade doou a área, sem o prédio?
Baldio
Tem-se o terreno, mas nada que vá além do espaço. Claro que o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que tem interesses políticos eleitoreiros em 2018, quer palanque e é cônscio de que não haverá tempo hábil para Penápolis levantar um prédio – não o de 100 andares do Dr. Abobrinha – mas que possa abrigar o Ambulatório Médico de Especialidades voltado para cirurgias. Então, assunto encerrado, mesmo porque Araçatuba e Birigui já indicaram o local em que o órgão poderá funcionar, enquanto Penápolis apenas um terreno baldio. Isso é fato e não especulação deste colunista, contra os quais não se tem argumento. Resta então o quê? Culpar o antecessor que ocupou o cargo interinamente? Acho que se isso estiver acontecendo, se caminha para o lado contrário de onde a banda toca. Caso o AME não vir, que o cidadão busque em Maquiavel respostas pelos não cumprimentos de verborragias palanqueiras, cujo objetivo foi apenas o de ganhar o voto do eleitorado desavisado ou desatento quanto às questões do universo político-partidário.
Maquiavel
E já que o assunto é política, promessas farisaicas e as tais frases de efeitos para se tentar provar o improvável, me parece que uma passadinha pelas páginas de Maquiavel, mais especificamente pelo capítulo XVIII: Como os príncipes devem guardar a fé da palavra dada, do clássico O príncipe pode dizer muito. Lá o leitor encontrará, por exemplo, a assertiva, segundo a qual, ao governante não é dado à obrigação de manter a promessa feita durante a campanha, pois naquele momento, as circunstâncias eram uma e no momento do governo a coisa já mudou. E se isso é fato, tanto o governador quanto o prefeito não tem obrigação de cumprir o propalado durante a campanha. Neste sentido, cabe ao eleitor continuar acreditando ou não nos políticos que permanecem nessa toada, mas ai já não é com este colunista e sim em que votou neste ou naquela mercadoria-política, ou até mesmo se escondeu atrás do voto nulo, branco ou pagou multa pelo não comparecimento às urnas. Mas a única coisa que posso dizer é que a vinda do AME continua sendo uma “promessa” e acredita quem quiser que será concretizada antes de 1028.
Voluntariado
E já que a temática é saúde, aproveito meus aforismas para parabenizar os voluntários que proporcionaram aos assistidos pelo CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) uma série de atividades objetivando melhorias na autoestima daquelas pessoas. Durante a tarde, eles participaram de sessões de fotos, maquiagem e desfiles em passarela e animados com muita música. As atividades terminaram com um café da tarde, cujo conteúdo foi o que os voluntários conseguiram arrecadar junto à coletividade. Atitudes como essas é que ainda fazem com que eu reafirme, apesar das mazelas, bazófias e promessas palanqueiras, que Penápolis ainda continua solidária como dantes. Que nossos políticos aprendam um pouquinho mais sobre isso. Por hoje é só, na próxima semana quem sabe abordo a questão da carestia da água e como foi o júri de Capitu, será realizado amanhã no campus do Colégio Futuro. E-mail: gilbertobarsantos@bol.com.br, gilcriticapontual@gmail.com, social@criticapontual.com.br, www.criticapontual.com.br.