Nietzsche
Começo meus aforismas dominicais recorrendo ao filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900), para quem, não seria a dúvida, mas a verdade que levaria o homem a loucura. Esse excerto encontra-se na obra Ecce Homo (Ecce homo. Wie man wird, was man ist) publicada quando o seu autor passava pelo agravamento de sua doença. Mas porque iniciar neste domingo, os meus olhares com um dos pensadores alemães mais controversos? Talvez porque todos querem encontrar a “verdade” das e nas coisas, entretanto, quanto mais se chega perto dela, mais ela se distancia e esse afastamento tem levado os homens, ao longo do tempo, a de digladiarem para ver quem, no final da pendenga, é o detentor desse substantivo feminino.
Religião
E um dos grandes embates tem se travado no universo da religião [em latim seria aproximadamente o mesmo que religare, ou seja, reconectar algo que foi desconectado em determinado momento do existir humano]. Lógico que o assunto, bem como futebol e a política são passíveis de discussão, desde que os contendores conheçam a temática e debatam a partir de uma significativa racionalidade e não do ponto de vista pessoal, da escolha de cada um levando sempre em conta suas realidades singulares. Contudo, como sei que chegar a essa maioridade crítica, como bem desejava o filósofo iluminista alemão Immanuel Kant (1724-1804), é tarefa difícil, então fico com os fatos, segundo os quais o movimento protestante é originário das entranhas da Igreja Católica e surge em 1517 quando um monge dominicano, Martim Lutero, publica as famosas teses contras as indulgências.
Desdobramentos
Dai para cá todos sabem, há desdobramentos e movimentos dissidentes, contudo o que é salutar ressaltar aqui é que a história marca sangrentos embates, conforme retratado e analisado pelo filósofo francês Voltaire (François Marie Arouet) [1694-1778] em sua obra Tratado sobre a tolerância (1763), entre protestantes e católicos que perdura até o presente na Irlanda do Norte. Desta forma, pode-se dizer que a peleja entre os dois segmentos não é de hoje, talvez com ênfase menor ou quase nula no Brasil. Sendo assim, a pergunta que não quer se calar diz respeito justamente a esse entrevero secular e suas consequências em Penápolis. Será que o zum-zum, por conta de uma postagem na rede de relacionamentos na Internet, é escudado nessas diferenças? Parece-me que a resposta é negativa, mesmo porque, tudo leva a crer que a questão não é religiosa, mas sim de dimensão política, mesmo com o responsável pelo principal templo católico em Penápolis buscando o respaldo na Justiça.
Amigo/inimigo
E já que a temática é religiosa com respingos no universo político, rebobino aqui os meus aforismas para recordar uma prelação feita pelo Padre Léo [Tarcísio Gonçalves Pereira] (1961-2007) – sacerdote da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus – na tevê Canção Nova. Assisti várias delas, mas o que quero evidenciar aqui é a definição dada por ele sobre o “inimigo”. Segundo o religioso, aquele cidadão que busca no desconhecido o seu inimigo está enganado, pois este não existe, portanto, dificilmente poderá prejudicar ou provocar grandes estragos. Ora, se o estranho não pode passar a rasteira no indivíduo, então quem o faz? Para o palestrante só pode ser aquele que o conhece, isto é, o amigo de outrora que comunga, compartilha e congrega, portanto, conhece as falhas e as virtudes do “amigo”. Será que essa observação serve para o mundo da política? Quem sabe Maquiavel possa responder a essa interpelação!
Ecumenismo
Posto isso, entendo que a problemática deve ficar restrita a quem disse, em tom acusatório, a prova e, na outra ponta da pendenga o vilipendiado tem todo o direito, como lhe faculta a Constituição Federal, de buscar a retratação na Justiça. Do resto, acredito que se deve voltar para o mundo democrático e não transformar o país numa teocracia disfarçada, pois o Estado é laico e todos os cidadãos têm o direito de professar livremente sua fé, sem ser molestado por quem quer que seja. O ecumenismo é essencial para que os homens possam viver congregados através de suas designações religiosas e os perdedores políticos de hoje, devem compreender que o poder é do povo, escudado pela lei que tem três instâncias como guardiãs. Todavia, como eu disse no início, essa realização pode ser no momento uma utopia, como aquela apresentada nas enunciações de Thomas Morus em seu livro Utopia – Em lugar algum. Talvez essa sociedade esteja distante em virtude do homem ainda não ter alcançado de fato sua maioridade crítica, tanto para emiti-la quanto para ouvi-la.
Ética e moral
Mas deixarei essa pendenga político-religiosa lá com seus políticos, teólogos, fiéis e eleitores e enveredarei por outra seara, tão importante quanto as anteriores, mesmo porque a educação é fundamental para que se possa inculcar nos indivíduos noções claras de ética e moral. Desta forma, quero parabenizar a direção do Colégio Futuro que, retornará amanhã suas atividades letivas de 2017 contando em seu corpo discente com mais de 720 estudantes, com tendência a crescer e mais uma novidade: o NAP (Núcleo de Apoio Pedagógico). As felicitações também se estendem ao meu amigo Vicente de Paula Jorge que, no transcorrer da semana que se passou, completou 22 anos de atividade no DAEP, exercendo com maestria o seu ofício diário de limpador de caixas d’águas, seja na esfera pública ou em âmbito particular. Parabéns a ele pelo feito! E-mail: gilbertobarsantos@bol.com.br, gilcriticapontual@gmail.com, social@criticapontual.com.br. www.criticapontual.com.br.