Polêmica
Nem bem a notícia de que a cidade terá, em breve, um curso superior em Ciências Sociais e Jurídicas – Direito – foi absorvida pela população e já temos polêmicas à vista! Explico! Ao que tudo indica, vazou a lista contendo os nomes dos professores que, inicialmente, ministrarão aulas no primeiro semestre em 2017. Este colunista teve acesso a essa lista e pode constatar, via consulta ao sistema do CNPq que congrega currículo de profissionais (http://lattes.cnpq.br/) que nenhum dos listados, exceto a coordenadora, tem pós-graduação (mestrado, doutorado e pós-doutorado) na área de Direito. Os catedráticos atuam em outras áreas das chamadas Ciências Humanas. A questão foi parar nas redes sociais com significativas repercussões.
Docente
A pendenga reside no fato de que a cidade tem dois importantes advogados com singular formação acadêmica, contudo, isso não foi suficiente para que eles fossem convidados para ocuparem os cargos de docentes, no mais novo carro chefe daquela tradicional instituição de ensino superior de Penápolis. É importante frisar que a dupla de doutores trabalhou arduamente para que Penápolis fosse contemplada com o tão acalantado curso de Direito. Além disso, Renato de Almeida Oliveira Muçouçah é professor de Direito na UFU (Universidade Federal de Uberlândia) e tem uma vasta formação desde os tempos de graduação UNESP. Para quem quiser saber mais um pouco sobre o que estou apontando acessem o banco de dados dos currículos do CNPq (http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4133436H7).
Direito político
Se Muçouçah tem um trabalho significativo no campo do Direito, que poderia colocá-lo entre os docentes que ministrarão disciplinas no novo curso, o que dizer então do outro penapolense com significativo cabedal no mundo jurídico: Renato Ribeiro de Almeida. Formado pela USP (Largo São Francisco – uma das mais tradicionais escolas de Direito do país), especialista em direito político, tendo produzido a dissertação de mestrado Mandato Político na Origem das Inelegibilidades [que pode ser encontrada no http://up.mackenzie.br/stricto-sensu/direito-politico-e-economico/teses-e-dissertacoes-detalhada/artigo/mandato-politico-na-origem-das-inelegibilidades/] e agora vem desenvolvendo pesquisa em nível de doutoramento na USP no âmbito do financiamento partidário no Brasil. Para aqueles interessados no portfolio profissional desse advogado que impetrou com uma ação na Justiça Eleitoral cujo resultado final pode ser o de termos uma nova eleição para prefeito em Penápolis, é só acessar o banco de dados curriculares do CNPq.
Renatos
Bom! Nem preciso dizer o quanto significativo seria ou será, pois a coisa ainda não está definida, mesmo porque o curso começa somente o ano que vem, para os calouros da Primeira Turma de Direito ter como professores os doutores Renatos, contudo, ai já não é com este colunista, já que é apenas Mestre em Ciências Sociais tendo desenvolvido uma dissertação sobre as representações da passagem da Monarquia à República presentes no penúltimo romance de Machado de Assis: Esaú e Jacó. Enunciações ficcionais que nos permitem apontar que a República não substituiu a Monarquia, sendo apenas, portanto, um rearranjo da elite monárquica no novo regime, como vem acontecendo até o presente na política brasileira. Para confirmarem o que aponto, basta uma análise detalhada sobre o Executivo Federal e de quem governa o país e o porquê faz isso num Brasil sem cidadania. Se lá é assim, cá pode ser uma mera representatividade nacional.
Só para fechar essa pendenga alusiva à ausência, até no momento em que esta coluna era confeccionada, para pensar no que está acontecendo e, diante da lista que divulgaram sobre os docentes, recordo o refrão de uma música de uma banda de Hard Rock paulistana chamada Golpe de Estado. Em determinado trecho da canção, o vocalista Catalau gritava a todo pulmão: “é a velha mistura que não deixa o novo surgir”. Esse trecho lembra-me muito o quão difícil é ser poeta na própria terra, ainda mais quando esta é formada por uma simbiose entre interesses ideológicos e compadrio em detrimento do mérito. Esse fenômeno de não se priorizar o mérito, mas sim o da “aventura” – personificado na ideia de que qualquer pessoa pode fazer isso e aquilo como na famigerada gambiarra – pode ser encontrado no nascedouro do Brasil, conforme nos aponta Sérgio Buarque de Holanda em seu clássico Raízes do Brasil. Quem quiser ir mais longe, deve debruçar-se sobre os dois volumes de Os donos do poder, de Raymundo Faoro ou até mesmo Populações meridionais do Brasil, de Oliveira Vianna. Há outros autores que podem auxiliar os interessados em compreender a simbiose brasileira que sepulta lentamente a meritocracia em prol do conchavo, do compadrio, das relações ideológico-partidárias.
CIP
Estava propenso a escrever algumas linhas sobre a pendenga em torno da CIP, mas acho que seria chover no molhado, mesmo porque na época em que ela foi empurrada goela abaixo da população, em prol do prefeito, escrevi vários aforismas visto por muitos como “desaforismas”, pois entendia que os vereadores que votaram com o alcaide estavam traindo o povo e, de fato, o fizeram, tanto é que as urnas deram o recado: uma vez contra o eleitorado, sempre na contramão do voto deste. Resultado: apenas três representantes foram reconduzidos. Contudo, antes do término dessa legislatura, tentaram derrubar aquilo que deveriam ter evitado lá atrás, entretanto, agora, o ato deve partir do chefe do Executivo que não quererá abrir mão desse recurso oriundo do bolso do trabalhador. Os resultados todos já enxergaram, portanto, ponto para o prefeito e pronto! Agora que Inês já é morta querem colocar-se de paladinos e defensores do povo! Por que não pensaram antes do sim!
Cisnes
Encerro meus aforismas dominicais parabenizando a professora Patrícia Gimenes Lacerda e todas as alunas da escola de dança e artes DANÇART pela exibição do espetáculo O lago dos cisnes. O evento foi realizado na noite da última quinta-feira, 01, como atividade de encerramento do ano letivo de 2016. O feito é digno, pois O lago dos cisnes [Lebedinoye Ozero – em Russo] é um balé dramático em quatro atos do compositor russo Tchaikovsky. Portanto, além da escola oferecer aos apreciadores do balé, não somente a oportunidade de se aprimorarem nesta área, também oferta cultura universal aos seus alunos. Parabéns à Patrícia que trabalhou arduamente para que o evento realizasse. E-mail: gilbertobarsantos@bol.com.br, gilcriticapontual@gmail.com, social@criticapontual.com.br. www.criticapontual.com.br.