Olhar Crítico

Poesias

Começo meus aforismas quase que críticos tratando de uma temática que considero alvissareira, principalmente em tempos de intolerâncias de diversos naipes e outras fobias. Digo mais apropriadamente ao meu leitor, eis a poesia e suas poéticas. Neste sentido, achei interessante e resolvi compartilhar contigo uns pequenos versos do poeta gaúcho Mario de Miranda Quintana (1906-1994). Mas por que, deve estar se perguntando quem me lê neste momento, iniciar meus olhares dominicais tratando de um poeta e suas enunciações, quando o mundo arde em chamas por guerras, fomes, misérias de todas as espécies que o homem pode pensar, flagelos, geadas, quedas nas temperaturas e muito egoísmo daqui e dali e, no meio disso tudo, os políticos se engalfinham para ver quem mente mais e consegue ludibriar o povo a partir do mito prometeico?

 

Respostas

Creio que as respostas podem estar nos versos do enunciador brasileiro que achei interessante compartilhar, até porque, já estudei muito sobre as fobias e preconceitos e ainda não fui capaz de registrar alguma ojeriza em relação aos versos e suas rimas, por mais trágicos que sejam ou de estéticas duvidosas. Afinal, existem aqueles que apreciam os machadianos bailados verbais, ou os desenhos concretos a exemplo do que nos legou o poeta russo Vladmir Maiakovski (1893-1930) e seus textos imagéticos, ou ainda, que prefiram crônicas aos romances, contos ao invés de versos. Eu aqui do lado de cá dos meus aforismas, aprecio diversas formas de enunciações literárias e artísticas, desde que me digam algo, já que nos dizeres do filosofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) o enunciador só pode confeccionar o seu mundo através do material concreto de que dispõe. Desta maneira, Machado de Assis (1839-1908) ao escrever Esaú e Jacó estava tentando entender porque a República não sepultou a Monarquia e todos os seus privilégios nobiliárquicos.

 

Utopias

Pois bem, meu caro leitor, vou direto aos versos tecidos por Mário Quintana, intitulado Das Utopias. “Se as coisas são inatingíveis… ora!/Não é motivo para não querê-las…/Que tristes os caminhos, se não fora/A mágica presença das estrelas!” [Nova antologia poética. São Paulo: Globo, 2007, p.134]. Achei interessante o enredo, justamente nesse momento em que fico cá imaginando como a República acalentada por Platão em seu livro A República seja possível, através dum sistema de governo realmente justo e não utilizado por governantes como cofres de suas empresas. É lamentável quando uma sociedade, que se quer moderna, se engalfinha do jeito que a nossa – veja bem meu caro leitor, a colocação se encontra no plural – está no presente. Mas, para não vos agastar mais com essa peleja que mais lembra embates orquestrados durante a Idade Média, pretendo mudar o rumo desta prosa dominical.

 

Temperaturas

De acordo com o pessoal que lida com a previsão do tempo, hoje a temperatura em Penápolis era para estar entre 9 e 27ºs – lembrando-te meu caro que escrevo essas linhas numa noite gelada em que os termômetros apontavam 13º. Durante a semana que terminou ontem a coisa foi complicada e o frio chegou intensamente descendo abaixo dos 5.º, o que me fez refletir sobre as populações de rua, sobretudo aquelas que foram vítimas dos descalabros econômicos dos últimos três anos em que ficou evidente não haver, por parte das autoridades constituídas de forma eletiva, um projeto de governo nem para o presente e nem para o futuro, mas apenas um desejo atroz de ver o passado se projetando no hoje, pois o que se almeja, pelo menos é o que os dados e os fatos me mostram, é apenas projetos de poder. Mas novamente, optei por não seguir nessa seara, levando em conta que, segundo o velho adágio, “cada povo tem o rei que merece”, é preciso que o cidadão que fez escolhas com base no ressentimento, raiva e ódio, tenha coragem suficiente para lamber as próprias feridas oriundas de uma ausência de cidadania.

 

Socorro

Mas, não é possível ficar aqui apenas indicando, dizendo, é preciso mais, e neste sentido é que fiquei cá com meus olhares a refletir se há um projeto municipal para acolher essas populações de rua em tempos sombrios e de muito frio? Não sei quanto ao meu leitor desta manhã, mas eu ainda carrego comigo um certo sabor pela utopia, acreditando que enquanto o mundo lá fora gela com as baixas temperaturas, o coração humano possa ter sido aquecido nessa semana fria de maio e os moradores de rua foram recolhidos e acolhidos por intermédio das instituições sociais da cidade, independentemente de suas designações e, sobretudo, sem o desejo de holofotes, pois quem passa fome e frio quer, antes de tudo, ser aquecido e alimentado e não posar para imagens midiáticas.

 

Emergência

Não se pode alegar desconhecimento sobre a chegada de uma forte frente fria para justificar o não atendimento aos mais necessitados. Isso aconteceria se as autoridades eleitas, mediante a democracia, não tivessem planos, projetos que sejam acionados em situações como estas. Mas sobre isso, não posso alinhavar nada, absolutamente nada, deixando tudo nas mãos daqueles que conseguiram conquistar a maioria dos votos válidos para administrar essa cidade até 2024, todavia, já é possível observar o que se terá pela frente, nos próximos dois anos. Não se pode esquecer que esse ano haverá eleições quase que gerais e, até onde sei, aventava-se a possibilidade de Penápolis ter um candidato à uma das vagas da Assembleia Legislativa do Estado. Será que o atual prefeito abraçará a campanha do até então pré-candidato e seu ex-secretário para o mundo do trabalho, o empresário do ramo de vinícolas Fabio Ferracini?

 

Virar as costas

“Et tu, Brutus?” Traduzindo para o português aqui do Brasil, essa expressão em latim foi cunhada por Júlio César lá na Roma Antiga e significa “Até tu, Brutus?”, fazendo alusão à traição que o ditador romano sofreu no momento em que era assassinado no interior do Senado no dia 15 de março de 44 a.C. Segundo a história, um dos golpes teria sido desferido pelo seu filho adotivo Marcus Julius Brutus. Como interpelar não constitui delito algum, então entendo que uma pergunta que não quer se calar deve ser feita: será que o ex-secretário não teria o apoio do atual prefeito para a sua empreitada eleitoral rumo à Assembleia Paulista e em virtude disso teria declinado da peleja de outubro, se concentrando em ser o candidato à prefeito no próximo pleito, fazendo oposição ao seu antigo afeto?  Em se confirmando tal situação, é bem provável que caminhamos para novas rusgas entre antigos parceiros e atuais desafetos. Uma vasculhada nos anais da história política recente da cidade, pode indicar quantas vezes a frase dita por Júlio Cesar na longínqua Roma foi externada aqui na paróquia penapolense. Mas é sempre bom esclarecer que em política tudo pode acontecer, já que ela é como nuvem que, ao ser olhada num instante, no momento seguinte não está do mesmo jeito. Portanto, aguardemos as cenas dos próximos capítulos políticos na Terra de Maria Chica. E-mail: gilcriticapontual@gmail.com, d.gilberto20@yahoo.com,   www.criticapontual.com.br.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *