Pandemia
Quereria eu, meus caros leitores, iniciar meus aforismas dominicais tratando de um assunto diferente, entretanto, diante do quadro dantesco em que a sociedade humana vem enfrentando no presente, infelizmente a temática diz respeito à pandemia que parece não arrefecer, inclusive se ventila a possibilidade de estar surgindo uma nova variante dessa que aí está forçando o sistema de saúde aqui no Brasil. Não preciso enfatizar sobre as responsabilidades que, com certeza, não recaírem sobre as autoridades sanitárias, mas sobretudo nas costas dos políticos oportunistas e outros demagogos de plantão, interessados em vender um pedacinho de terra no céu.
Números
No momento em que escrevinhava essas linhas, os dados da Secretaria Municipal de Saúde, por intermédio do boletim epidemiológico da cidade, indicavam que Penápolis havia atingido 274 óbitos provocados pelo vírus Covid-19, uma variante letal do H1N1. Desse total, 157 dos mortos eram homens e o restante, 117, mulheres. Claro que é interessante apontar que, desde que a pandemia chegou às cercanias penapolenses, 12.318 pessoas que foram contaminadas pelo vírus conseguiram se recuperar. Entretanto, deve-se pensar naqueles que partiram desde que tudo teve início lá no começo de 2020, quando o negacionismo e o politiquismo tomaram conta das discussões sobre prevenção e vacinação, porém sem um debate sobre a constituição de um calendário vacinal. Dialogando com aqueles que se recuperaram da contaminação, é possível termos uma ideia do inferno que passaram. Registre-se aqui neste espaço que a UTI destinada aos pacientes com Covid estava com 90% dos leitos ocupados.
Protozoários
Parece-me que tratar desse assunto se assemelha a discutir sobre violência. Todos dizem entender e conhece o caminho das pedras para diminuir o problema, entretanto, as querelas, que geram esses descalabros, permanecem. Desta forma, dizer que é preciso usar diariamente máscaras, se higienizar e utilizar cotidianamente álcool gel, além de, quando possível, manter o distanciamento social, não é nenhuma novidade, assim como indicar as causas da violência, principalmente a originária nas desigualdades sociais que são seculares entre nós, fruto de mais de trezentos anos de escravismo. Entretanto, se há uma saída, porque a porta não se abre, perguntaria um cidadão atento às demandas sociais, econômicas e sanitárias deste Brasil. Creio ser relativamente fácil apontar o dedo para a ferida aberta, purulenta e quase gangrenada, mas a complexidade está em cuidar do ferimento e, ao mesmo tempo, atacar suas causas. Os políticos querem que tudo fique escancarado, enquanto eles prometem estancar a sangria, evitando a putrefação do Estado, porém, eles são os protozoários que se alimentam dos machucados sociais da Nação.
Educação
Deixando o ambiente pandêmico, mas sem, no entanto, descarta-lo de todo, é interessante notar que a semana que terminou foi marcada pelo retorno às aulas na rede estadual de ensino e também nas escolas particulares de Penápolis. Depois de mais ou menos um mês de férias, os estudantes puderam retornar às salas de aulas, rever os amigos e iniciar o processo de socialização pedagógica. Todavia, é preciso que os pais instruam seus filhos para que estes cumpram as determinações de cada instituição de ensino e os protocolos de segurança sanitária. Devem observar se os filhos não estão desenvolvendo sintomas indicativos de contaminação pelo Covid-19, bem como providenciar as doses vacinais para segurança de todos.
Refeição
No próximo sábado, 12, a Igreja do Nazareno, promoverá a sua tradicional galinhada. O evento tem como objetivo arrecadar fundos para o término da construção do tempo que está sendo erguido na região do Portal das Primaveras. Aqueles que se interessarem em adquirir a iguaria pode adquirir os convites junto aos integrantes daquela congregação, e em seguida se dirigir à sede da instituição, localizada na rua Evandro Martins Delboni, 170, para a retirada do prato que será entregue entre 12h e 13h do sábado. A todos eu desejo, desde já, uma ótima degustação.
Sadismo
Quanto mais eu olho o mundo, mais leio sobre o que diferencia o ser que ser humano de um simples animal, como o cachorro, mais fico aqui do meu lado da escrita a pensar, tentando encontrar uma resposta que me dê entendimento sobre a brutalidade com que as pessoas tratam seus semelhantes. Claro que o fato transcorreu numa cidade que dista de Penápolis aproximadamente mil quilômetros, entretanto, o assassinato do congolês Moïse Kabagambe, seguindo o exemplo daquela estrofe “para quem os sinos dobram”, nos ofende no que temos de mais humano em nosso interior. Pelas imagens divulgadas, observa-se como o africano foi agredido e morto a golpes de taco de beisebol e depois amarrado como se fosse uma besta-fera.
Brutalidade
Se pensarmos no campo da razão e da racionalidade que muitas vezes podem caracterizar a espécie humana, só é possível sentenciar os algozes daquele homem a penas que vão do ostracismo social ao de sádicos e não humanos. Costumo sempre me perguntar, não sobre a sentença, mas sim no que diz respeito ao delito que uma pessoa tenha cometido para receber como punição a sua execução em plena praça pública, no caso ali, uma tradicional praia carioca. O fato pode ser considerado isolado, entretanto sabemos que coisas semelhantes e mais atrozes acontecem todos os dias pelo Brasil afora, sem que realmente as leis consigam frear essas atitudes sanguinolentas. Como afirmei na última coluna, não consigo entender a animalidade daqueles que deveriam agir diferente por serem portadores de uma condição racional.
Literaturas
E como 2022 é o ano em que o brasileiro comemorará o bicentenário da Independência de sua Nação, nada melhor do que estudar, ou quem preferir, apenas ler alguns livros que tratam não somente do período, mas também de situações importantíssimas que marcaram a construção deste país que deseja ser republicano, mas que não abandona os privilégios típicos de uma nobreza. Sendo assim, é possível afirmar que dentro das cercanias geográficas deste Brasil com dimensões continentais, funciona uma monarquia travestida de república. Creio, meus caros leitores, que a leitura atenta de dois livros pode nos mostrar isso. O primeiro é o penúltimo romance de Machado de Assis (1839-1908) Esaú e Jacó. O segundo é do historiador e imortal da ABL, José Murilo de Carvalho: A formação das almas: o imaginário da República no Brasil. Aos que se aventurarem, desejo uma boa leitura. gilcriticapontual@gmail.com, d.gilberto20@yahoo.com, www.criticapontual.com.br.