Olhar Crítico

Sentenças

E já começaram a aparecer as primeiras sentenças contra as pessoas envolvidas no suposto esquema de desvio de dinheiro da saúde na região. A operação, designada como Raio-X, prendeu vários profissionais, inclusive em Penápolis. Pelas informações que chegaram até este colunista, uma das penas ultrapassa os 100 anos de reclusão, além de uma indenização perto da casa de R$ 1 milhão. O processo tramita em segredo de Justiça, e foi desmembrado, sendo que há outros envolvidos esperando suas sentenças que, de acordo com a legislação, cabem recursos por serem determinadas em primeira instância, portanto, vamos aguardar para saber as próximas dosimetria.

 

Alvissareira

A notícia é alvissareira, entretanto, são necessárias mais punições. E é preciso que a sociedade faça a sua parte, bem como cada sujeito social. O corrupto, conforme o escritor e político conservador José Martiniano de Alencar (1829-1877) indicou em seu livro Cartas de Erasmo ao Imperador, só existe se tiver alguém predisposto a ser corrompido. É uma lógica simples: o corruptor não existe sem o corrupto e vice-versa. O problema é como debelar essa praga que vive farejando os cofres públicos, encostado como um parasita nas pessoas que tem a chave do cofre e assinam decretos e atos que autorizam obras aqui e ali. Observem meus caros leitores, que junto de um plutocrata há sempre uma imagem parda de um burocrata engravatado atrás do seus 15%.

 

Cupim

O que fazer quando se tem cupim nos cofres públicos? Apenas colocar querosene para debelá-los ou chegar até a fonte e exterminar o casulo? Todos sabem que a questão é tão problemática como outras tantas, mas sempre tem alguém dizendo que tudo mudará quando o país for de fato uma Nação que prioriza o mérito em detrimento do favor, do filhotismo, do coronelismo. Mas quando será, como se perguntava numa canção antiga.

 

História

Embora o homem dito pós-moderno vive tão atabalhoado que existe num momento de pós alguma coisa, mas sem nunca ter sido de fato, portanto, estará sempre à espera do devir, abandonando o ato de viver no aqui e no agora observando que o etéreo se encontra no instante seguinte, creio que seja interessante percorrermos algumas páginas em busca de compreensão deste país que não consegue se desvencilhar deste câncer chamado corrupção e nobiliarquia disfarçada de republicanismo. Isso ocorre porque, com o adento da República, o seu pretérito monárquico não foi sepultado com o trono de D. Pedro II, mesmo que o imperador tenha sido deportado, deixou aqui um hábito difícil de ser alijado do poder, mesmo que seja por intermédio das urnas.

 

Leituras

Posto isto, meus caros leitores, entendo ser significativo recomendar-vos algumas leituras sobre o Brasil. É preciso abrir um espaço nesse tempo de pós tudo ou pós nada, para se compreender um pouco do passado nacional e tentar vislumbrar como o cidadão sem conhecimento, se torna massa de manobra de políticos demagogos e outros líderes que administram tudo numa espécie de chicana ideológica para ludibriar o povo, como se fazia na época da Idade Média. Sendo assim, acho que seria interessante a leitura da obra “Como remover um presidente: teoria, história e prática do impeachment no Brasil”, escrito por Rafael Mafei. Há ainda outro livro interessante: Psicologia das massas e análise do Eu e outros textos, de Sigmund Freud. Se preferirem, meus caros leitores, podem dar uma passadinha pelas páginas que compõem o Massa e poder, de Elias Canetti ou ainda A razão populista, de Ernesto Laclau. É isso.

 

Livros

Um dia desses uma pessoa me perguntou por que gosto tanto de livros? Respondi de forma muito simples: eles sempre dizem o que eu preciso ouvir para modificar minha visão sobre este mundo e nunca para querê-lo mudá-lo a golpes de machados. Então, vejo os livros e as leituras da maneira como disse Marcel Proust em sua obra Sobre a Leitura: os livros abrem portas, sem os quais, permaneceriam trancadas. Neste sentido, é complicado quando observo pessoas querendo opinar sobre coisas das quais não sabem absolutamente nada, mas ainda assim querem dizer algo com base no ouvir dizer. Chamamos isso de opinião senso comum ou nem chega perto disso.

 

Capital

Sendo assim, quando estou imerso nas páginas de um livro objetivo tão somente encontrar situações que me permitam modificar, ou burilar melhor um determinado ponto de vista. Por exemplo, quando se fala em capitalismo brasileiro, almejo saber que regime é esse pautado pelo sangue escravo, pela ordem estamental, pela titulação nobiliárquica, por uma burocracia aristocratizada que sempre sonha com o livre mercado, mas desde que o Estado vete qualquer concorrência. O cidadão quer reinar sozinho e depois dizer que é o senhor do mundo, contudo, tem medo de uma pequena concorrência que, ao invés de o eliminar, auxiliaria a crescer. Eis o Brasil que se quer burguês, dentro de um mundo rural e da casa-grande. Aí seria interessante ler Sobrados e Mucambos, de Gilberto Freyre.

 

Narrativas

Deixando os livros técnico-científicos para outro momento, seria interessante percorremos algumas páginas de romances que são considerados clássicos, como Tocaia Grande, do escritor baiano Jorge Amado. O avesso da pele, de Jeferson Tenório, ou até mesmo O dia do coringa, de Josten Gaarden. Enfim, há uma miríade de livros para serem consumidos, como O conde de monte cristo, de Alexandre Dumas; Os miseráveis, de Victor Hugo; Na minha pele, de Lázaro Ramos. Enfim, há uma quantidade inesgotáveis de obras, cujas enunciações são tão significativas que nos ajudam a refletir, não só sobre o aqui e agora do homem no mundo, mas sobretudo qual futuro os sujeitos sociais quererão para si e aos seus semelhantes. E como dizia o pensador russo Mikhail Bakunin: “aquele que fala em revolução, mas não faz da sua vida um ato revolucionário, tem na boca um cadáver”, portanto, meus caros leitores, não esperemos que o vizinho faça diferente, sejamos nós os autores de atos que possam modificar a existência de outras tantas pessoas e, se puder, de preferência, em silêncio, sem desejar querer aparecer, principalmente em tempos de redes sociais. gilcriticapontual@gmail.com, d.gilberto20@yahoo.com,   www.criticapontual.com.br.

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