Olhar Crítico

Pandemia

Confesso-te meu caro leitor que ainda não consegui entender essa questão alusiva à escolha da vacina contra o coronavirus. Se olharmos o nosso passado, não tão longínquo, ou seja, há seis meses, havia apenas prognósticos de vacinação e hoje, depois de mais de 510 mil mortes, muitos dos que precisam ser imunizados querem escolher qual marca vão tomar. Sendo assim, me resta fazer a seguinte pergunta: “para quem os sinos dobram”. A interpelação reside no fato de que aqueles que tiveram a vida ceifada pelo H1N1, em sua variação letal, adorariam o mesmo procedimento? Claro que a resposta é óbvia, pois se tivessem sido imunizados com as duas doses e as pessoas seguido as determinantes dos cientistas e das autoridades profissionais que entendem de saúde e não políticos e alguns teologistas demagogos, poderiam estar por aqui trabalhando para concretizar seus projetos.

 

Vacinas  

Enquanto as linhas que seguem eram preparadas, informações veiculados por mídia nacional davam conta de que lotes da vacina AstraZeneca estavam vencidos quando foram aplicados. Na sexta-feira, dia 02, as informações davam conta de que 4 lotes haviam sido utilizados em Penápolis. A pergunta que não quer calar: por que isso aconteceu? A minha indignação exposta no aforisma anterior se estende a este também. Sendo assim replico a pergunta anterior sobre os sinos, tendo em vista que a vida está sendo desnaturalizada e a morte banalizada. Interessante notar que o ser humano, ou melhor, a categoria social que recheia o universo da política palaciana, é repleta de sujeitos que gostam de dizer que fez quando apenas foi lançada a pedra fundante de algo, principalmente obras que depois se tornam “elefantes brancos”, como diz no jargão popular.

 

Solidariedade

Se por um lado, as autoridades políticas do Brasil se engalfinham em busca do eleitor desavisado e pouco afeito à cidadania e, muitas vezes, ávido por benefícios que caem do alto do trono como bem informou o narrador do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, aqui em Penápolis, mais especificamente nas escolas estaduais, por intermédio dos grêmios estudantis com apoio das equipes gestoras, vêm desenvolvendo trabalhos no campo da cidadania plena, objetivando conscientizar os alunos sobre o papel que cabe a cada na sociedade para que tenhamos um devir diferente do presente que estamos vivenciando. Na última sexta-feira, o grêmio da EE Ester Eunice promoveu o Drive Thru naquela unidade escolar. O objetivo foi arrecadar alimentos e agasalhos que serão, posteriormente, doados às instituições sociais da cidade.

 

Educação

Recordo-me de uma celebração religiosa que fui convidado pelo celebrante para comemorar seus 50 anos de noviciado, para ilustrar o que entendo por ações da envergadura que a instituição de ensino realizou anteontem. Num determinado ponto da homilia, este religioso citou como elemento fundamental de educação, não somente a partir da fala, mas sobretudo, da prática. Ele destacou a necessidade da partilha, isto é, de compartilhar com os demais aquilo que lhe vai na alma. Dentro de um lar isso deve acontecer pelo menos uma vez no dia: seja no café da manhã, no almoço, no chá da tarde ou na ceia noturna. As crianças aprendem muito mais por ver o adulto praticar do que por ouvir esse mesmo adulto dizer.

 

Ética

Interessante notar que, normalmente dois termos que parecem semelhantes são confundidos. Por exemplo, um sujeito aético, não é o mesmo que um indivíduo antiético. O primeiro desconhece o que é ser ético e o segundo sabe, mas opta pelo caminho das transgressões e desrespeitos aos seus semelhantes e pares profissionais. O primeiro nem tenta justificar as ações, pois não conhece os contraditórios das mesmas, isto é, ser ou não ser, mas já o segundo, ao arriscar desconsiderar as críticas que recebe, costuma dizer que todos fazem assim, então ele segue a boiada. Uma veterinária não escondeu de ninguém que furou a fila da vacinação. Detalhe: ela já tinha tomada as duas doses anteriores. Desta forma, eu te pergunto meu caro leitor: ela nasceu assim ou aprendeu com seus pares durante as comensalidades e partilhas familiares? A ação dela é considerada imoral ou amoral? Para responder é só levar em conta o que externei sobre aético e antiético e depois o ser ético.

 

Política

Ao ler o livro A república das milícias: dos esquadrões da morte à Era Bolsonaro, do jornalista Bruno Paes Manso, fiquei com uma coisa encafifada aqui dentro do cérebro. Segundo o autor, com a eleição do ex-capitão do Exército para presidir a Nação, a sociedade brasileira ou pelo menos a maioria dos eleitores dele, tirou o véu, mostrando a sua cara, pois de acordo com o texto, o atual mandatário nunca escondeu o que pensava e continua raciocinando sobre questões de fórum íntimo, do universo privado da existência do sujeito social. Sendo assim, é possível entender como e porque o racismo estrutural ganha força entre os pares brasileiros, a homofobia tem crescido e o feminicídio também. E esses olhares não são deste que vos escreve meus caros leitores, mas se escudam no que é amplamente divulgado pela mídia nacional a partir dos dados referentes às ocorrências policiais e de muitas pessoas que sofrem em seus cotidianos com o preconceito racial e a observação de que não existe o tal racismo, pois a pessoa informa que até tem um amigo preto, gay, etc.

 

Delegativa

Desta forma, quando um governo ataca e destrói obras de arte, literária, sociológicas e filosóficas, que fazem parte da construção do saber, do conhecimento e da história de uma nação, aqueles que o vaticinaram nas urnas o gestor e sua equipe acabam sendo corresponsáveis, mas no caso do Brasil é bem provável que muitos não se sintam nessa condição porque a democracia aqui é manquitola como já indiquei diversas vezes ao definir o sistema brasileiro como sendo delegativo e aí a coisa se torna mais traumática, porque o atual mandatário teve mais de 57 milhões de sim que delegaram a ele realizar o que vem fazendo, pois nunca escondeu o que pensava e idealizava, conforme o jornalista Bruno Paes Manso apresenta em sua obra. As enunciações não são especulativas, mas escudadas em vasto material jornalísticos, vídeos e outras mídias.

 

Democracia

Interessante notar como a democracia e seus democratas em terras brasileiras ganham outras nuanças. Só existe democracia quando os paladinos da moral e dos bons costumes ganham e quem seriam esses seres, meus caros leitores? Se eu for aqui tecer comentários sobre alguns, a lista vai longe, então acho que posso deixar isso para o devir dos meus olhares críticos. gilcriticapontual@gmail.com, d.gilberto20@yahoo.com,   www.criticapontual.com.br.

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