Querelas
Em tempos pandêmicos e de querelas religiosas, começo meus aforismas quase que críticos, tratando da peleja teologal entre vírus e parte dos clérigos brasileiros. Nas condições atuais, acertou o bispo diocesano de Lins, Dom Francisco Carlos da Silva, que manteve à suspensão para missas presenciais. Interessante notar que no domingo passado, se comemorou a Páscoa e o correto, por conta do problema que o país vem enfrentando, era cada um em sua casa e fazendo as devidas reflexões sobre qual sujeito surgiria na segunda-feira, entretanto, o que se observa é totalmente diferente. O ultrapassado, que deveria partir, continua dando as caras e carreando muitos sujeitos que não são dados a pensamentos mais complexos, mas somente a reações.
Polêmicas …
E novamente a Santa Casa de Penápolis e administração municipal se envolvem em outra polêmica pandêmica. Desta vez por conta de medicamentos destinados aos procedimentos no atendimento aos pacientes com Covid-19. O problema foi resolvido, mas fica as celeumas e lacunas. E a tendência é a coisa degringolar, pois aquela frase “para quem os sinos dobram” diz muito para o presente. Ninguém está pensando no próximo como se fosse ele mesmo. Sendo assim, Immanuel Kant (1724-1804) tinha razão quando dizia que a nossa ação precisa ser realizada levando em conta que ela seja universalizada.
… pandêmicas
Daí porque o país sabe pouco de planejamento econômico, em virtude de suas fundações éticos e morais, conforme o historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) nos apresenta no clássico sociológico Raízes do Brasil, querem atropelar tudo e mais um pouco. A economia, como diz Karl Marx (1818-1883) é o carro-chefe da vida em sociedade e produtora de fenômenos sociais, de acordo com observações feitas pelo cientista social Florestan Fernandes (1920-1995), fica tudo muito nebuloso e todos querem gritar, dizendo que a sua situação tem que vir primeiro pois está periclitante.
Descalabro
E já que a temática é econômica, pandêmica e política, penso que peleja entre os governos federal e estadual beira ao descalabro e não é nada republicano. As instituições estão acima dos homens, enquanto o chefe da nação, em encontro de aglomeração, adjetiva da forma como fez, o chefe do Executivo paulista, seja sob quaisquer justificativas, já perdeu. E como o globo observa isso? Que ninguém está se ocupando de fato em evitar a carnificina que a pandemia vem provocando entre nós. É aquela velha história: “meu pirão primeiro”, e se levarmos em conta que nenhum deles se auto proclamou vencedor, como tentou fazer o ex-presidente norte-americano, creio que os eleitores deveriam repensar muito antes de escolher suas mercadorias políticas, pois os níveis estão mais baixo do que rodapé de parede. Lamentável que, em plena pandemia, as pessoas só estejam pensando em vossos egos e ainda se arrogam a pecha de serem cristãos,
Números
Enquanto essas linhas eram cosidas, o boletim Coronavirus, emitido pela prefeitura dava conta de que Penápolis havia registrado até às 12h da 6.ª-feira, 142 vítimas fatais da pandemia em nossa cidade. No Brasil, os registros indicam que passaram de 4 mil mortes e ainda existem aqueles que defendem uma postura truculenta, querendo que todos saiam de casa. “Vai morrer gente, vai”, como disse um certo governante tempos atrás. Somente por essa observação se evidencia que a vida, como muitos órgãos internacionais estão dizendo, no Brasil não tem valor algum. Será que isso é em virtude da nossa herança senzaleira em que se matava um escravo fujão, através do açoite, para dar exemplo aos demais e quando estes se revoltavam, conforme a Historiadora Mary Del Piore nos apresenta num de seus livros, eram classificados como boçais, ignorantes, broncos. Como dizia Machado, foram se os castelos ficaram os hábitos, contra os quais não bastam leis e decretos e sim muita educação.
Livros…
Sempre pergunto: livros para que te que livres? Simplesmente para serem lidos! Todavia, com a sanha arrecadadora para ajeitar para os amigos politiqueiros instalados em diversas instâncias do poder, o governo federal quer taxar os livros sob a justificativa de que pobre não lê. Outra coisa que deixa o cidadão com consciência estarrecido. Absurdo o que partiu das instâncias federais de poder. Há uma cruzada para que os nossos alunos leiam mais, raciocinem mais, melhorem os índices de aprovação em exames de âmbito internacional, e pelo que se entende, os defensores deste governo acham que o indivíduo pertencente às categorias de baixo da sociedade tem que continuar lá. Novamente, o escritor Machado de Assis (1839-1908) é atualíssimo. Sendo assim eu pergunto: qual é o motivo da cruzada desse governo contra a educação?
Educação
E não poderia deixar de enfatizar aqui a questão educacional, não só em Penápolis, mas no Brasil como um todo. Tem uma frase no repertório bíblico que parte de uma interpelação: “que pai da serpente para o filho, quando este pede peixe?”. Interessante questionamento porque nos leva, meus caros leitores, a entender muita coisa no campo do relacionamento afetivo. Normalmente vários pais dizem que não sabem o que fazer para o filho se tornar um leitor. Mas penso que ele deveria interpelar-se de outra maneira: “o que eu faço para me tornar um leitor”. Podemos dizer ao rebento que a leitura, os estudos são importantes, mas se a criança não ver essa recomendação ser uma prática diária em casa, com certeza terá muito mais dificuldades em seguir o recomendado. É como o uso de máscaras: os filhos menores precisam entender que é importante, mas os pais e adultos devem concretizar o que pedem para os menores fazerem.
Aprendizado
Corrijam-me, meus caros leitores, mas creio que a criança aprender muito mais por ver o adulto fazer do que por ouvi-lo dizer. Valores éticos e morais são apreendidos dentro dos respectivos lares, mas na ausência de haver um ambiente harmonizado, o sujeito que quererá ser social no futuro, terá muitas dificuldades para construir um mundo diferente do que ele conhece. Claro que um ambiente equilibrado, não significa ausência de problemas, mas que as pessoas conseguem equacionar as pelejas de uma forma serena. Então, quando um presidente da República, no desejo de continuar no cargo a partir de 2023, ofende um governador, penso que a sociabilidade humana no Brasil foi para o ralo e o nível de intelecção e empatia está baixíssimo. Jaz aqui uma Nação. gilcriticapontual@gmail.com, d.gilberto20@yahoo.com, www.criticapontual.com.br.