Solidão
Nesta coluna extraordinária, objetivo entender o mais recente trebelhar da política local, cuja caixa de ressonância foi a última sessão ordinária da Câmara Municipal, realizada na noite de antes de ontem – levando em conta que esses aforismas que vocês, caros leitores, estão lendo, foram ao ar na rede mundial de computadores na manhã deste dia 16. Posto isto, recordo a frase de um político nacional – que está envolvido até o pescoço com atos de apropriação indébita do dinheiro público – de pelagem coronelística. No calor do movimento que levou ao seu impeachment, este exclamava “não me deixem só!” Quiçá seus murmúrios, foi cassado e deveria ter sido banido da vida pública brasileira, entretanto, como o brasileiro tem memória curta e carência de cidadania plena, este voltou e associou-se ao grupo que está no poder hoje, mesmo que no passado, foi um dos estertores que o tirou do poder central do país. Mas, novamente, está sendo acossado pela Justiça brasileira! Que sina!
História
Esse processo político ocorrido em meados da década de 90 do século passado, associado ao universo político penapolense, me conduz a outro exemplo mitológico e histórico: Caio Júlio César. Lendário militar romano, tribuno e conquistador de diversas regiões do orbe terrestre entre os anos 100 e 44 antes de Cristo, foi assassinado durante uma sessão do Senado romano por seis dezenas de correligionários, entre eles, o seu próprio sobrinho e filho adotivo. Ao receber deste um golpe, Caio Júlio César teria dito: “Tu quoque, Brute, fili mi?”. Traduzindo do latim para o português cotidiano: “até tu, Brutus, meu filho?”. Mas por que recorrer ao ex-presidente Fernando Collor de Mello, outrora adversário de muitos petistas e hoje parceiro de estripulias governamentais, e também ao ditador romano? Deve-se estar perguntando os internautas que leem os meus olhares externados aqui no site www.criticapontual.com.br.
Ruínas ou ruídos?
A resposta me parece ser simples, na medida em que a base que o atual prefeito conseguiu formar no legislativo, assim que assume o poder após receber 36% dos votos válidos na última eleição municipal, ruiu e o deixaram só, até o seu defensor na Câmara, o vereador do PROS e ex-Verde Rodolfo Valadão, pulou fora do barco do novo arauto dos peessedebistas penapolense. Portanto, se o deixaram só, como no exemplo do senador alagoano, o prefeito também levou uma cusparada política do seu advogado e fiel escudeiro na Câmara. Não é mais novidade que os três vereadores do PROS e quem sabe o assessor jurídico da Câmara, debandariam para os lados do ex-presidente da Câmara e alcaide do PSD penapolense. Mas e daí, o que se pode aferir de tal migração? Eis a nova interpelação para a manhã desta quarta-feira, açucarada com o fato de que eu já havia apontado ter ocorrido, num passado não muito distante, uma reunião entre o trio do PROS e o arauto do PSD.
A ver navios!
O chefe do Executivo penapolense, que outrora fora do PFL, virou DEM, migrou para o PSD e depois, interessado em mais holofotes midiáticos e políticos, implodiu o ninho tucano, sem, no entanto, conseguir anuência de todos os tucanos, pois precisou recorrer a um partido, até então tido como aliado, para encontrar um ferrenho defensor nas tribunas da Câmara. Mas isso foi até a semana passada, pois bastou o brado das ruas no domingo para que o gestor – que ganhou o cabo-de-guerra com o sindicato dos servidores públicos municipais – perdesse o seu poderio na Câmara. Explico: o vereador Francisco José Mendes, “Tiquinho”, foi contra o ingresso do prefeito no ninho do PSDB, entretanto, voto vencido, manteve a sua independência à politicalha proposta pelo atual mandatário da cidade.
Deserção tucana
Restava ao alcaide, mais dois vereadores: Professor Luiz Antônio Alves de Oliveira, outro ferrenho defensor do povo, portanto, autor de algumas denúncias que pululam no Ministério Público penaplense – entre elas a esmeraldina que tanta dor de cabeça tem dado ao prefeito. Prof. Luiz acaba de se filiar ao Partido Verde juntamente com outros descontentes do PSDB que não aceitaram a implosão do partido a partir do ingresso do gestor municipal. Havia ainda Fabio Pereira da Silva, “Fabinho”, que segredou a alguns de seus pares que não pretende disputar as eleições deste ano – talvez porque achou que era só posar para as fotos e dizer-se vereador e desdenhar dos eleitores, entretanto, a cidadania vem dando as caras e mostrando que o poder pertence ao povo e não aos ocupantes dos cargos eletivos. Se se desistiu, não vai defender o prefeito, bem como continuar sendo uma espécie de ventríloquo na Câmara. Desta forma, seguiu o slogan de um antigo programa de auditório e pagará o seu banquinho e sairá de mansinho, ou como dizia o saudoso Raul Seixas, foge para, em paz, morrer politicamente, de forma prematura, para não dizer natimorto.
Xepa
Sendo assim, o administrador municipal, eleito com uma rejeição de 64% dos votos, podia contar com o trio do PROS que agora, a exemplo do que fez com a antiga legenda que lhe deu guarida, abandona o barco e foge para os braços abertos do mais novo arauto do PSD e pré-candidato a prefeito: o ex-presidente da Câmara e voto de minerva na CIP, Caíque Rossi – antigo e ferrenho defensor do prefeito, mas imitou aquele romance de Mary Sherley, Dr. Frankenstein ou o Prometeu moderno. Todos sabem daquela enunciação, especificamente quando o criador nega a criatura. Era ficção, mas no mundo concreto da política, há uma hercúlea batalha entre as duas faces da mesma moeda eleitoral, ou seja, o atual prefeito e o ex-presidente da Câmara e seu antigo pupilo vão se engalfinhar numa disputa, em que muitos afirmam, ambos sairão derrotados. Contudo, é esperar para ver e, eu, na condição de cientista social, só analiso.
Desolado
O prefeito perdeu Caíque Rossi, pois este quer voos particulares – recusando-se a servir de sombreiro político ao atual mandatário -, viu seus três mosqueteiros da Câmara debandarem para os lados do PSD de Gilberto Kassab – quem sabe sob a promessa de que o arauto do ex-PROS saia de vice na chapa com o “prodígio” político maria-chiquense. Não consegue fazer o PSDB local manter-se unido, esfacelando a legenda que, aos poucos, vai caindo no ostracismo, portanto, restou-lhe implodir o Solidariedade e, consta-me que está usando filiados desta legenda como pombos-correios – para não dizer “garotos de recados” – na tentativa de fazer as pazes com o vereador Francisco José Mendes, “Tiquinho”. Informações que este colunista obteve dão conta que foi oferecido o cargo de diretor do Daep (Departamento Autônomo de Água e Esgoto) a um peessedebista muito próximo de Tiquinho: o engenheiro e comerciante de pizzas, Edson Bilche Girotto, “Batata”. Consta que o emissário ouviu um sonoro não com muito escarnio por parte do vereador. Dizem que ele esbravejou: “fui contra a criação do cargo de diretor do Daep e agora querem usar-me para colocar o Batata lá?”. Esquece! Não sei se foram essas as palavras exatas, entretanto, elas podem dizer muito do que foi dito nessa sondagem peessedebista.
Lembrança
É preciso ter claro que este colunista havia informado aos seus leitores sobre o desejo do prefeito empossar Edilson Bilche Girotto na presidência da autarquia, contudo, o próprio chefe do Executivo se apressou em dizer que eu havia errado, entretanto, acredito que não, pois “o tempo”, como ele mesmo gosta de dizer, “é o senhor da razão”, portanto, ai está: ele quer o Batata, não o presidente do Sindicato dos servidores municipais, mas o engenheiro para presidir o Daep. Durmam com um barulho desses, pois até pombo-correio o alcaide local usou para tentar apaziguar e reduzir a rejeição que tem dentro do próprio PSDB que, diga-se de passagem, desde que este virou tucano, não se reuniu mais, parecendo estar acéfalo politicamente. Mas ai, caro leitor, já não é com este colunista que vos escreve, mas sim com os homens que estão no poder ou almejam apropriar-se eleitoralmente do principal assento político da Terra de Maria Chica.
Sobras
Todavia, interessa-nos entender que, talvez o prefeito não esteja só na Câmara. Restam-lhe os amigos, o pedetista Joaquim Soares da Silva (PDT) – que quererá ficar mais quatro anos no legislativo, contudo, pesa-lhe nos ombros políticos o voto contra o povo no caso da CIP, e o “Democrata” Reginaldo Sacomani, “Nardão Sacomani” – que te uma legião de eleitores que lhe é fiel, porém, resta saber se continuará com ele na medida em que este tentar livrar o prefeito das apunhadas que recebe diariamente do centro nervoso do legislativo penapolense. Do resto, sobra ao prefeito, se defender usando os dizeres de Caio Júlio César: “Tu quoque, Brute, fili mi?”
Cargos
Se por um lado, o chefe do Executivo tenta se esquivar dos Brutus e Frankenstein da política local, por outro, ainda fica-nos uma pequena interpelação: e os cargos, encarregaturas que o ex-trio do PROS mantinha, como é que ficará? Jonas Chamarelli voltará a abrir e fechar as cancelas quando as locomotivas estiverem cruzando a nossa cidade? E os apontamentos feitos pelo TCE sobre supostas irregularidades cometidas no exercício do cargo de funcionário público serão investigados, conforme a legislação prevê? Perguntas que a população faz nesse momento em que a fervura parece ser enorme lá pelos lados do Paço Municipal, para não dizer, do outro lado da margem do córrego Maria Chica para quem se encontra na mesma posição geográfica deste colunista quando compõe os seus aforismas.
Outros voos
E já que a temática de hoje é a política penapolense, me parece que o PT está prestes a sofrer uma importante defecção: o presidente da Câmara, que ganhou o cargo de presente por intermédio de uma articulação política feita pelos arautos do petismo local em prol de determinados cargos – o que é perfeitamente normal em se tratando de política – ameaça seguir o exemplo da trindade que apoiava o atual mandatário e deixar a legenda que lhe abrigou para conseguir conquistar o voto-consciência do povo. Se Alexandre Gil deixar o PT, como querem muitos dos seus correligionários que integram a chamada “linha dura” do partido – inclusive já o teria enquadrado pela segunda vez -, os petistas ficarão alijados do processo eleitoral deste ano, principalmente no que diz respeito à disputa pela chefia do Executivo penapolense.
Acéfalo
O ex-prefeito João Luís dos Santos, canta, entoa e propala pelos quatro cantos da cidade que não sairá candidato – mesmo porque o seu PT está atravessando a sua pior crise, principalmente no âmbito ético e moral, e olha que não é este colunista quem está apontando, mas os fatos que apontam, contudo, Alexandre Gil poderá pagar o pato aqui em Penápolis. Se João Luís pretende manter-se apenas no mundo acadêmico, por outro lado, o seu fiel escudeiro, o ex-presidente do Daep, Lourival Rodrigues dos Santos, ainda se vê enrolado com a Justiça por conta da utilização de uma viatura da autarquia que presidiu durante os dois mandatos do amigo João Luís. É preciso recordar, mesmo laconicamente, que o uso ininterrupto dos veículos do Departamento de Água por parte do ex-presidente do diretório municipal do PT, provocou racha no interior do partido, mais especificamente uma rusga sem fim com o ex-candidato a prefeito e ex-vereador Roberto Torsiano que abandou o barco e foi trilhar outros caminhos políticos.
Escudeiro
Para que não pairem dúvidas quanto ao fato de Lourival ser o fiel escudeiro do ex-prefeito, o advogado e ex-diretor do Daep acompanhou João Luís no jantar realizado na última sexta-feira pelo PV penapolense. É significativo o fato que provocou certa ruptura, para não dizer mal estar, entre João Luís e Ricardo Castilho quando o primeiro era prefeito e o segundo seu vice. Castilho disputava as eleições para deputado estadual e não conseguiu a vaga, contudo, o seu adversário Roque Barbieri foi eleito. Até ai nada de mais, entretanto, o prefeito, na condição de chefe do Executivo, foi parabenizar o pessoal de Barbieri no comitê que este montou em Penápolis. Atitude correta, pois João Luís era chefe do Executivo e iria precisar da ação parlamentar de Roque Barbieri, no entanto, não caiu bem ele ter levado o presidente do Daep na época. Essa história todos já o sabem! E-mail: social@criticapontual.com.br, gilbertobarsantos@bol.com.br, gilcriticapontual@gmail.com.