Eterno…
Entra eleição, acaba mandato e a coisa continua a mesma, ou seja, as mesmas peças políticas no tabuleiro sucessório. Isso acontece a cada quatro anos nos mais de cinco mil municípios brasileiros, portanto, é um fenômeno que se repete envolvendo a vida de milhões de pessoas que, a cada 48 meses, renovam as esperanças, sem, no entanto, terem a certeza de que as alterações prometidas em palanques serão efetivamente concretizadas, pois as campanhas continuam centradas no mesmo tripé: mais saúde, mais educação e mais trabalho. Essa trindade governa os anseios populacionais, sem que os moradores entendam que tudo não passe de jogo de cena, ou melhor, de verborragias toscas e iscas para pegar eleitores desavisados ou com reduzidas visões sobre o que significa ser cidadão.
… retorno
Essa via crúcis tende a se perpetuar, o que me faz recordar Prometeu, ser mitológico do universo grego que deu origem à palavra promessa. Naquela narrativa, o titã tem o seu fígado devorado durante 12 horas, para que nas outras 12 horas, o órgão se regenere numa espécie de eterno retorno, ou seja, se não deu para realizar nesses quatro anos, o eleitorado deverá conceder mais 48 meses ao postulante do Executivo que pleiteará sua reeleição. Caso não possa se candidatar por força de lei, ungirá um de seus apaniguados para sucedê-lo no trono do Paço ou Palácio Municipal. Neste sentido, recupero uma observação feita por um político quando pedia voto para o seu protegido. Ele dizia se o seu indicado não fosse um bom prefeito, o eleitorado não deveria votar mais nele, padrinho político do postulante. Nada mais populista do que toscas observações como estas. As consequências, todos já sabem.
Trebelhar
É nesta seara do titã Prometeu que tento compreender o trebelhar político penapolense, visando as eleições municipais de 2021, quando o eleitorado local será convocado para escolher o novo prefeito e os integrantes do Legislativo. Fatos não faltam para serem analisados pelos munícipes: entre eles, o fiasco do AME (Ambulatório Médio de Especialidades) que ainda está no âmbito da promessa e verborragia palanqueira. Não é este colunista quem está afirmando, mas sim os fatos, contra os quais não se tem argumento: o AME não veio e pronto! Ficou para 2021, ano eleitoral, portanto, tem lá suas implicações jurídica-política-ideológicas. Há a crise sistêmica no campo da saúde; existe uma rotatória que ainda não abandonou o universo dos anseios do prefeito de Penápolis. Em se tratado do atual chefe do Executivo, há um grande passivo a ser equacionado, além de um amontado de processos que tramitam na Justiça, conforme venho reiterando até aqui.
Bloqueio
E agora aparece mais um pepino, como se diz no jargão popular. De acordo com notícia veiculada por este jornal no último dia 26, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo – portanto, alçada de segunda instância, ou seja, órgão colegiado – determinou o bloqueio dos bens do atual gestor municipal. A sentença alcança ainda uma outra pessoa que estava secretário à época dos fatos. “De acordo com o MP [Ministério Público], a Prefeitura firmou um acordo com” uma empresa de Catanduva “para obter licença de uso de software de controle de execuções fiscais, por locação, manutenção, atendimento técnico integrado e multiusuário”. Conforme a Promotoria Pública, os valores ajustados com a prefeitura estavam 129% acima dos praticados com outras administrações municipais. Do lado da municipalidade local, a reportagem ouviu os dois sentenciados e estes afirmaram que a ação está em seu início, portanto, a decretação da indisposição de seus bens seria arbitrária.
Palavrórios
Como cabe recurso da decisão, aguardemos a movimentação jurídica, todavia, é preciso entender que não se pode governar com base em microfones e verborragias disso e daquilo. Faz-se necessário atentar-se para não achar que o Ministério Público pode se tornar um adversário político. Externo isso, porque se tornou comum no Brasil, o político acossado pela Justiça, vociferar que tudo não passa de movimentação dos adversários, interessados em prejudicar o mandato de prefeito cujo escopo é somente o bem da municipalidade. Se, por um lado, a Justiça vem cumprindo o seu papel tendo como aliado o Ministério Público, por outro, fica-me a pergunta: e os vereadores? Como é que se posicionam nessa peleja entre o prefeito penapolense, a magistratura e a promotoria pública? De qualquer forma, como nos lembra uma grande personalidade do mundo cinematográfico, “o poder é do povo e a ele voltará sempre”. Então, teremos eleições no ano que vem, portanto, caros leitores, atentem-se para as propagandas, palavrórios e outras toscas verborragias.
Desfiliação
E já que a temática é o pleito do próximo ano, informações extraoficiais dão conta de que o ex-presidente duma instituição que oferece curso superior em Penápolis, professor Cledivaldo Donzelli teria deixado as fileiras do PT objetivando torna-se candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada pelo ex-presidente da Câmara, Caíque Rossi (PSD). Ainda não se sabe por qual agremiação partidária, o historiador Cledivaldo figuraria como parceiro do ex-vereador. Mas por outro lado, é preciso atentar-se para o fato de que em política tudo o que parece ser, pode não se configurar, contudo, o PT local já perdeu importantes políticos, como o ex-vereador Roberto Martins Torsiano que hoje está no PSOL e atua no campo da gestão hospitalar. A sua debandada do Partido dos Trabalhadores, na época, demonstrou ter ocorrido um racha no interior da legenda por conta da escolha do petista que disputaria a sucessão do, na época, prefeito João Luís dos Santos (PT).
Postulantes
Em se confirmando a saída de Cledivaldo do PT, ao que tudo indica, pode estar havendo uma nova cisão, a exemplo do que aconteceu há alguns anos quando João Luís, sem contar com a unanimidade partidária, disputou a eleição municipal na condição de vice de um postulante que contava com as bênçãos do Paço Municipal. Resultado: a eleição naufragou e o Partido dos Trabalhadores ficou com fissuras que jamais foram sanadas, inclusive as veias ficaram abertas durante os oito anos do mandato de João Luís. Deixando o petismo de lado, como é que estão se organizando os tucanos de Penápolis? Ao que tudo indica, deverão vir para retomarem o cargo de prefeito, pois o atual mandatário foi expulso da legenda por se opor ao atual governador durante a campanha eleitoral de 2018. Há ainda mais dois políticos que podem, se quiserem, forjar uma dobradinha: Nardão Sacomani (DEM) e Ivan Sammarco (PPS). O primeiro na condição de prefeito e o segundo seria o seu vice. E-mail: gildassociais@bol.com.br; gilcriticapontual@gmail.com. www.criticapontual.com.br.