Leitores
Começo meus olhares dominicais ofertando minhas condolências aos familiares de Vicente Mendensá Berbel pelo seu falecimento no começo da semana que terminou ontem. Se os parentes perderam um ente querido, a cidade um penapolense dos mais ilustres e atuantes cidadãos durante a sua vida material, eu perdi um assíduo leitor dos meus aforismas dominicais e as reflexões que publico nesta página às quintas-feiras, como o que o último estampado aqui e intitulado “Do vale-voto às vozes do vale-mistura” em que produzi uma pequena análise do problema que o atual prefeito vem enfrentando junto ao funcionalismo público.
Conversa
Lembro-me da última conversa que mantive com Vicente e sua esposa e o tema se enveredou para os meus textos e aforismas e a maneira como os meus leitores e os cidadãos, como um todo, poderiam se apropriar do que externo aqui semanalmente. As observações do casal foram extremamente significativas para este que vos escreve caros leitores, pois indicam que estamos no caminho certo: ou seja, sem fazer acusações infundadas ou apresentar comentários relacionados à vida pessoal de quem quer que seja, mas apenas se atentando para os bastidores da política e de temas e informações que não veiculam normalmente como deveriam. Neste sentido, reitero aqui as minhas condolências aos familiares de Vicente Berbel que eu conhecia há mais de três décadas, com quem gostava de conversar sobre as coisas de Penápolis, do Estado, do Brasil e da existência em si e para si. Que meu amigo descanse em paz desta sua jornada terrena.
Dor de cabeça
Deixando as condolências a Vicente para outro momento, adentremos a partir de agora na mais nova dor de cabeça do atual alcaide e arauto peessedebista penapolense: as consequências da não concessão do reajuste salarial por parte do prefeito aos servidores municipais. Antes de me imiscuir pelo que vem pela frente, volto um pouco no pretérito só para entender o presente calvário do chefe do Executivo que, quiçá da crise que tanto alardear e murmura através das várias vozes que tem na cidade, almeja ardentemente continuar a frente da prefeitura. Vai entender!
Voz sindical
Peço licença aos meus leitores dominicais para reproduzir um trecho do material que o INTERIOR publicou na edição de 1º de março, portanto, na última terça-feira, na qual, Anderson Leone Mioti da Silva, “Batata” – presidente do SinServPen (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Penápolis), usando uma das poucas “vozes” que tem, além da assembleia dos servidores – cuidadosamente atacada pelo atual mandatário em sua coluna Jogo Aberto aqui no INTERIOR -, diz que a entidade classista vinha negociando com o chefe do governo municipal uma miríade de pautas que são significativas para os servidores públicos. “Não deixamos e não vamos deixar de lutar pelas causas de cada um dos funcionários”, diz Batata acrescentando que o alcaide peessedebista não está respeitando a data-base da categoria.
Vale
No quesito “vale-mistura”, o sindicalista disse que a prefeitura havia concedido no primeiro mandato do atual gestor, R$ 90 sem, no entanto, proporcionar a reposição salarial. “Já em 2014, o senhor concedeu o repasse, mas, abaixou o vale para R$ 65. No ano passado, aumentou R$ 5 no vale-alimentação, porém, o vale que era para ser um benefício está sendo uma dor de cabeça para o funcionalismo público”. Eis a opinião do presidente do Sindicato, da qual se pode aferir várias questões, pois em numa delas, encontra-se confirmado que o atual mandatário, desejoso de ficar mais 48 meses à frente da administração municipal, não deu aumento salarial a quem realmente faz a máquina pública funcionar e não alguns integrantes do séquito de apaniguados e bajuladores que cercam o atual chefe do executivo.
Vaias
É preciso ter claro que o prefeito, que poderia ter-se ufanado, até certo momento, de anuência junto aos servidores, conforme uma fonte deste colunista, disse que não estaria preocupado com o voto do funcionalismo público, pois estes não elegem ninguém. Contudo, entendo que a observação é contunde e complicada, pois se sabe que o ex-vereador Roberto Torsiano foi veementemente rechaço em determinados setores do funcionalismo público e isso lhe custou à eleição. Portanto, parece-me que Marx tinha razão ao dizer que os fatos se repetem: uma vez como farsa e outra como tragédia. Explicando: se no passado, a promessa de que não manteria certos assessores em determinadas secretarias e autarquias não convenceu os servidores a optar pelo continuísmo petista, no presente o rechaço pode ser ainda maior, já que ao não conceder aumento salarial aos servidores, porém, mantendo um séquito de assessores que mais trazem dor de cabeça à sua administração do que progresso a municipalidade, o prefeito pode despedir-se da vida pública para ingressar na recente história política de Penápolis.
Poder de fato
Bom! Mas ai já não é com este colunista e sim com os funcionários públicos e o eleitorado penapolense que, quiçá, acompanhamento pífio dos bastidores da política local, deve votar com consciência em outubro, prestando atenção aos níveis discursais e nos problemas enfrentados pela municipalidade durante os últimos 36 meses: criação de uma contribuição de iluminação pública que, do jeito que vem sendo cobrada, deixa de ser contribuição e passa a ser obrigatória: ato e ofício do atual prefeito que contou com a anuência de determinados vereadores, inclusive voto de minerva de um que se pretende tornar-se o futuro prefeito da cidade. Epidemia de dengue, cujos focos irradiadores não foram combatidos pela equipe do atual chefe do Executivo. As consequências todos sabem, além das esmeraldinas que, pelo que aponta o Ministério Público, contou com o sinal verde do presente alcaide. Sem contar outros foguetórios que rende calvário, ao que me parece, mensalmente às instâncias da Justiça local.
Cabo-de-guerra
Voltando ao universo do cabo-de-guerra entre Prefeito e Sindicato, conforme o INTERIOR trouxe em manchete da edição da última sexta-feira, dia em que estes aforismas eram escritos, os servidores públicos municipais podem deflagrar uma greve a partir do dia 14 deste mês. Era o que o prefeito não queria para o seu acalentado desejo de ficar mais quatro anos no principal assento da cidade. Claro que os trabalhadores têm o direito de greve garantido em lei, desde que mantenham os serviços essenciais à coletividade, entretanto, se a qualidade já questionada em tempos normais – e olha que as vozes que apontam isso advêm de diversos segmentos da sociedade penapolense -, imagina agora com greve? Durmam com um barulho desses neste domingo, pois amanhã pode estar tudo parado e o padeiro não sair para vender pão, como dizia aquela canção do saudoso Raul Seixas. É isso ai! E-mail: gilbertobarsantos@bol.com.br, social@criticapontual.com.br, gilcriticapontual@gmail.com. www.criticapontual.com.br.