Imagem/Internet Facha da Câmara Municipal de Penápolis
Churrasco
Como eu havia informado na coluna do último dia 25 de janeiro, associando notícia a um naco de churrasco, ou seja, que ambos devem ser consumidos quando ainda estão quentes, do contrário, ficam emborrachados e de péssimo sabor, então hoje vai mais um prato para os leitores dos meus “olhares”. As informações que chegam da última sessão ordinária da Câmara (foto), realizada na noite de ontem, dão conta de que a presença do prefeito naquela reunião do legislativo provocou muitos dissabores entre a sua base política na Casa, formada pelos séquitos e alguns políticos que deixaram a legenda pela qual foram eleitos para comporem a tropa de choque do governo ali. Se não vejamos o que se sabe!
Celeuma
O atual ex-presidente da Câmara e pré-candidato do PSD ao cargo do seu antigo mentor, Caíque Rossi, objetivando angariar votos para o seu desejo a muito acalentado, qual seja, de ser o jovem prefeito das paragens maria-chiquenses, almeja criar uma frente oposicionista no legislativo, formada por quatro legendas que têm assento na Câmara: o seu PSD, o PROS – composto por três ex-Verdes -, PT e o próprio PV. Ao que tudo indica este último já rechaçou veementemente tal possibilidade, pois é oposição ao governo que ai está, mas não à cidade e não vai se aventurar em compor quadro com quem quer que seja, se o objetivo não for o único e exclusivo de defender os interesses da coletividade. Parece-me que a situação é complexa, pois o PSDB tem dois vereadores, que compõem bem o trio de ferro que defende o penapolense contra os equívocos da atual gestão, inclusive com denúncias apresentadas ao Ministério Público, dentre elas, a mais famosa é a das esmeraldas. Quem assistiu ao filme Tudo por uma Esmeralda sabe que as pérolas esverdeadas que esparramam pelo chão em metros quadrados estão dando dor de cabeça ao atual gestor.
Objetivo
Sendo assim, só posso especular que tal ensejo do arauto do PSD local só visa à campanha deste ano, pois até bem pouco tempo atrás era todo flores para o prefeito, defendendo sua gestão com unhas e dentes, inclusive sendo o voto de Minerva na votação da Contribuição sobre Iluminação Pública. Sendo assim, por que mudar de lado justamente agora? Eis a pergunta que não quer calar-se, mas não tem resposta difícil, basta observarmos as andanças de Caíque Rossi nos bastidores das sessões e o trebelhar político dos últimos meses. Ele precisa sinalizar para o seu eleitorado que se desvinculou do atual gestor por discordar dos caminhos adotados pela atual administração, mesmo que o discurso não cole muito no início, mas se for feito em coletivo com outras legendas, pode até que dá samba, a não ser que algum cavaquinho desafinado atravesse a execução da canção eleitoral. Resta saber se o PROS, que tem no vereador Rodolfo Valadão o líder do governo na Câmara, se posicionará favorável aos anseios do ex-presidente ou não. E olha que o PROS tem uma dívida política com o homem forte do PSD e esta diz respeito à eleição de Jonas que se intitula do “Povo” e Lucas Casella, ambos juntamente com Valadão e o procurador-jurídico da Câmara, Márcio Reis, deixaram os Verdes para se debandarem para os lados do PSD, porém, se enfileiraram em nova legenda, talvez por questões previstas na legislação eleitoral.
Rusga
Outros ventos que sopraram da sessão de ontem dão conta de que, a rusga entre o prefeito e o seu pupilo que já não é mais, promete ser grande e a disputa entre os dois deverá ser hercúlea. Isso que me faz recorrer a um romance inglês, muito famoso, e de excelente narrativa: Dr. Frankenstein. Em linhas gerais, segundo alguns críticos literários, se trata da primeira obra de ficção científica do mundo romanesco e foi composta pela britânica Mary Shelley entre 1816 e 1817. A obra retrata a história de Victor Frankenstein, um estudante de ciências naturais que constrói um monstro em seu laboratório. Como todos conhecem a narrativa, vou direto ao ponto: no final da enunciação há um diálogo entre Victor e sua realização científica, no qual i monstro diz que o criador nega a sua criatura, pois ela não saiu do jeito que queria, já que passou a ter vida própria e horrorizar os moradores das adjacências do castelo onde vivia.
Poetizar
Deixando o mundo ficcional de lado, levando em conta duas observações: a primeira feita pelo crítico literário Anatol Rosenfeld, segundo a qual o universo romanesco é o único “em que os seres humanos se tornam transparentes à nossa visão, por se tratar de seres puramente intencionais sem referência a seres autônomos”. A segunda diz respeito ao filósofo alemão Friedrich Nietzsche em sua obra O nascimento da tragédia, quando este diz que “o poeta só é poeta porque se vê cercado de figuras que vivem e atuam diante dele e em cujo ser mais íntimo seu olhar penetra”. Pois bem! Diante dessas duas anotações feitas em tempos históricos diferentes, não tem como deixar de trazer para o presente o trabalho primoroso da escritora inglesa do começo do século XIX, cujo desfecho é o criador negando a criatura.
Tragicômico
Sendo assim, é perfeitamente compreensível o entrevero entre o prefeito e o arauto do PSD e ex-presidente da Câmara, Caíque Rossi. A celeuma ganha áreas de trágico porque, assim que a última eleição municipal terminou e as urnas apontaram Rossi como sendo o candidato mais votado pela plebe eleitoral local, o chefe do Executivo também vencedor com 36% dos votos, esforçou-se para fazê-lo presidente da Câmara. Acordos aqui e ali e o desejo acalantado pelo futuro gestor se fez, como num passe de mágica e Caíque Rossi sufragado presidente no primeiro biênio dessa atual legislatura, sendo sucedido pelo petista Alexandre Gil de Melo que vem realizando um trabalho que deixa a desejar, segundo alguns de seus pares – mas ai é outro assunto que voltarei a ele em momento alvissareiro.
Debandada
Eis que o prefeito levanta voo do seu PSD em direção ao ninho tucano, deixando o PSD meio que acéfalo até que o seu pupilo assume o comando da legenda, lançando-se pré-candidato à sucessão de seu antigo mentor. Até ai tudo bem, pois em política tudo acontece, entretanto, o ingresso do atual prefeito nas fileiras do PSDB deixou cicatrizes nas duas agremiações e só não enxerga quem não quer. Mas, segundo informações extraoficiais, portanto, de bastidores, dão conta que a zanga do chefe do Executivo com Caíque Rossi não tem cura e deixou fissuras profundas e não há remendo ou remédio de que de jeito e o entrevero será levado, não para o túmulo humano, mas acredito que para o sepulcro político, pois ambos correm o risco de, politicamente, morrerem abraçados no pleito deste ano, mesmo porque o gestor municipal não conseguiu ainda, até onde se sabe reduzir a sua rejeição que, até o último pleito, estava na casa dos 64%, mas ai é outra história palaciana.
Sem pessoalidade
Seguindo essa toada, a briga chegou às portas das duas legendas (PSD e PSDB) deixando o campo da mera pessoalidade. Segundo apurado por este colunista, o prefeito alega que levou 10 pré-candidatos a vereador que o PSD – leia-se Caíque Rossi – tinha como certo para alavancar o seu anseio de ver-se sentado no assento em que hoje está o seu antigo mentor que agora nega a criatura. Essa dezena de políticos, ou com pretensões a tal, foi para o ninho tucano e ai talvez se encontre justamente aquela informação que o chefe do Executivo me disse numa conversa, cujo conteúdo eu reproduzi parte aqui por meio dos meus “olhares”, segundo a qual, o alcaide afirma que o PSDB cresceu com a sua migração para lá, enquanto o arauto do PSD confirma, segundo uma fonte, que realmente houve a debandada de 10 integrantes do seu Partido Social Democrata para o mundo peessedebista. Esse teatro político – parafraseando o filósofo e ex-ministro da Educação do governo Dilma Rousseff, Renato Janine Ribeiro na apresentação do livro Lembranças de 1848 escrito por Alexis de Tocqueville – promete novas encenações e o público não ficará na eterna fila de espera, pois acredito que as apresentações já devem estar sendo ensaiadas nos bastidores do palco penapolense.
Barbosa
Deixando o universo da política penapolense para outro momento, conforme aventei aqui, enveredarei pelo mundo de Barbosa, cidade vizinha a nossa e que faz parte da comarca, cuja sede é Penápolis. Todos sabem que o prefeito João dos Reis Martins (PSDB) vetou o projeto que previa reajuste para si e para os vereadores, entretanto, os legisladores derrubaram o veto. Conforme matéria veiculada pelo jornal INTERIOR do dia 28 de janeiro, o prefeito passará a receber R$ 14.360,50; a vice-prefeita Patrícia Alcântara Duque (PTB) e a presidente da Câmara, Lúcia Ribeiro Marciano Lopes (PSD), ganharão R$ 2.996,97, enquanto os vereadores terão mensalmente R$ 1.997,98. O prefeito achou que não havia espaço econômico e político para ampliar seus ganhos e, em virtude disso, associado ao fato de que os salários dos servidores e o ticket que esses recebem permanecem no mesmo patamar, bloqueou. Todavia, os vereadores não seguiram o mesmo rito e ai a grita é geral na cidade, mais por conta dos legisladores que foram favoráveis à quebra do veto. O descontentamento é tanto que posicionamentos de vereadores que nem se deram conta de participarem ativamente, por exemplo, da conferência municipal sobre educação realizada no ano passado, escapou da zanga do povo. Outubro está chegando. E-mail: social@criticapontual.com.br, gilbertobarsantos@bol.com.br.