Olhar Crítico

Sucessão

Após passar um mês sem tecer linha alguma sobre a Terra de Maria Chica aqui nesse espaço, começo os primeiros olhares dominicais de 2017 tratando das coisas da política tupiniquim. O zum-zum da semana foi um só e a frase que ilustra bem os fatos reporta-nos a Roma Antiga, mais especificamente ao general romano Caio Júlio César que, após cair em desgraça junto aos seus pares, é assassinado em pleno Senado por cerca de 60 conjurados, entre eles o seu sobrinho e filho adotivo. Surpreso com a ação do parente, o político-militar Júlio César exclama: Tu quoque, Brute, fili mi? (Até tu, Brutus, meu filho?).

 

Política

Acompanhei meio que longe a eleição presidencial à Câmara para o biênio 2017/2018, todavia, conforme eu já havia informado aqui no ano passado, antes mesmo do TSE vaticinar a sentença desferida contra o ex-prefeito pelo TRE e a decisão monocrática de um Ministro do Tribunal Superior Eleitoral, a disputa pelo principal assento no Legislativo não seria “café pequeno”, como se diz no linguajar popular e o resultado seria fruto de um trebelhar, cuja partida poderia ser vencida por aquele político que melhor articulasse a sua candidatura e, por conseguinte a vitória. A questão tornou-se emblemática porque, numa espécie de camerlengo, o presidente ocuparia a prefeitura até que a Justiça Eleitoral marque novas eleições para o cargo máximo do Executivo penapolensee. De quebra, o vice presidiria as sessões do legislativo. Desta forma, o zum-zum de “traição” ouvido durante a sessão eleitoral não procede e quem quiser saber mais um pouco sobre isso, deve recorrer ao clássico O príncipe, de Nicolau Maquiavel, entre outras obras referenciais do mundo da política.

 

Vencedor

Ponto para o vencedor e pronto! Contudo, é preciso observar que o mandato é breve, mas de importância significativa, mesmo porque o prefeito interino, se conseguir azeitar a máquina pública e equacionar umas questões que todos sabem existir, estará cacifado para se manter no posto, se assim os eleitores quiserem, dentro dos conformes da legislação eleitoral – contra a qual não adianta rugir, apenas aceitá-la com seus desdobramentos e pronto, bem como esperar que as determinações da Justiça Eleitoral sejam cumpridas em sua integralidade. Sendo assim, passemos adiante e analisemos o tabuleiro sucessório a partir dos secretários escolhidos até aqui. Até o momento em que eu preparava esses aforismas, Rubinho Bertolini, havia nomeado dois integrantes, todos do PSD – legenda responsável pela sua vitória, cuja fatura começou a ser cobrada imediatamente – coisas da política. Até ai nada de mais e se quer dá para assustar os vitoriosos, os perdedores e os imparciais. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos, mas enquanto isso, eu vou me ater em algumas indicações.

 

Indicações

De acordo com uma fonte deste colunista, o posto de Secretário tampão de Educação havia sido oferecido ao ex-titular da pasta durante os oito anos do mandato do ex-prefeito João Luís dos Santos (PT), Cledivaldo Aparecido Donzelli, porém, este declinou do convite. Entretanto, há quem diga que o Partido dos Trabalhadores não ficará fora do governo provisório do integrante do Solidariedade, Rubens Bertolini. Informações que me chegaram, dão conta de que ainda podem ser oferecidos ao PT os cargos de presidente do Consórcio Ribeirão Lajeado e o de assessor de Esportes, inclusive com nome já em discussão. Contudo, como em política, tudo parece estar de um jeito, para logo em seguida a coisa mudar de figura e aquela tempestade anunciada, pode virar uma singela garoa, ou um sol radiante. É esperar para ver.

 

Revoada

No que diz respeito ao Solidariedade, informações que me chegaram indicam que muitos dos filiados da legenda não concordaram com a candidatura de Bertoni a presidente da Câmara e que, em virtude disso, o partido está em pé de guerra, inclusive com a hipótese do atual prefeito deixar a legenda. Se isso acontecer, como é que ficará? Ele irá para o PT ou PSD? Mas o cargo de vereador pertence à agremiação. Desta forma, a pendenga poderia ir parar na Justiça. Mas, como tudo pode não passar de consequências do último domingo, é melhor a neutralidade axiológica 

 

Boataria

No que diz respeito ao PV fazer parte desse governo, a direção do Partido Verde diz que tudo não passa de boato, já que até o momento não houve nenhuma reunião nesse sentido entre a Executiva e o grupo que cerca o atual prefeito. Portanto, não procede aquilo que se escuta pelos recônditos da cidade, segundo o qual, a diretoria do Daep (Departamento Autônomo de Água e Esgoto) ficaria com os Verdes. Posto isto, é interessante observar que Bertolini está tentando realizar, durante o tempo em que ficará à frente da prefeitura, um governo de coalizão e, caso pretenda concretizar um grupo forte para o pleito de logo mais, está certo em fazê-lo, no entanto, precisará aplacar a ira de seus antigos parceiros de jornada, mais especificamente os integrantes do Solidariedade que até o momento lhe dá a legenda para alçar voos mais altos.

 

Disputa

Se por um lado, temos a dupla tarefa do atual mandatário: governo de coalização, visando o próximo processo eleitoral no qual quererá ser o candidato majoritário, o grupo hoje coordenado pelo ex-prefeito, ainda maculado pelo resultado do pleito para presidente do Legislativo, preparará a revanche, o que é muito natural no mundo da política. Ventila-se nos quatro cantos da cidade que o pretendente ao cargo de prefeito pelo PSDB e partidos adjacentes, não será mais o presidente da agremiação, Benoninho, e sim Ivan Sammarco capitaneado e ciceroneado pelo ex-prefeito. Até ai nada de mais, mesmo porque o ex-chefe do Executivo está inelegível até 2021, entretanto isso não o impede de fazer política, mas caso queira ocupar um cargo na assessoria do futuro prefeito, poderá haver problemas por conta de uma lei proposta pelo seu ex-pupilo. Todavia, como eu disse acima, é preciso aguardar o andar da carruagem. Porém, uma coisa é certa: o atual mandatário, mesmo que provisório, ao que tudo indica, está tomando algumas medidas acertadas, como a redução das secretarias. E-mail: gilbertobarsantos@bol.com.br, social@criticapontual.com.br, gilcriticapontual@gmail.com, www.criticapontual.com.br.

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