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         Ao entrarem na mansão, Eleanora puxou ela de um lado e Judtih levou o filho para outro canto da casa. A mãe da arquiteta já foi logo falando: “- Que coisa ridícula! Sair batendo nas pessoas, entrando casa de Fernanda e esmurrando a amiga de Márcio. Ela ligou para Judith dizendo o que aconteceu hoje à tarde e tudo por conta desse seu ciúme doentio. Torce para a mãe do rapaz não conseguir convencê-lo a não levar o relacionamento adiante contigo. Ela está apavorada”.

– Mãe! Perdoe-me! Perdi a cabeça. Eu tento me controlar. Fomos almoçar no shopping e eu o deixei na livraria para comprar umas roupas íntimas para surpreendê-lo hoje à noite, mas não lhe falei nada. Márcio deixou a livraria e ficou me esperando na praça de alimentação. Quando o encontro, estava lá de conversinha com a Fê. Daí para adiante foi o efeito dominó e eu acabei brigando com ele em casa. Para não reagir, ele sempre prefere sair. O que acho certo e eu sabia para onde ele tinha ido.

Eleanora ouvia tudo serenamente. “- Quando cheguei na casa do Roberto, achei que Márcio já estaria lá, mas como foi a pé, cheguei antes e o amigo me informou que ele poderia ter ido para a casa de Fernanda. Tínhamos acabado de deixar ela lá.

– Já sei! Chegou achando que podia mandar em tudo e em todos. Subiu no salto e a moça com toda a simplicidade dela, de deu um choque de realidade e você não suportou, saindo na porrada com ela.

– Ela deixou o telefone no viva-voz durante a conversa com Roberto. Dizia que recomendaria à mãe dele para interferir e que Márcio precisava conhecer outras mulheres. Ela tinha pelo menos cinco amigas querendo aproximação com ele. Desculpe-me mãe. Não suportei e quis quebrar a cara dela e o telefone caiu e continuou gravando a nossa briga. Obviamente o Márcio escutou tudo porque estava com o Roberto que tentava acalmá-la.

A mãe da arquiteta permaneceu em silêncio. “- Márcio chegou rapidinho e acabou com a briga. Sei que fui errada. Eu o amo. Terminei com Rosângela e ela me jogou um monte de coisas que fez entender porque sou doida por esse homem. Também compreendo mãe, que se for para escolher entre eu e os amigos, Márcio ficará com eles.

– E o que ele disse?

– Chegou em casa, me acalmou, dizendo que não vai me deixar, mas eu não devo me meter entre ele e os amigos. Ele adora a Fernanda e o Roberto. São os únicos amigos que tem. Eu não sei o que fazer. Quero muito ficar com Márcio, mas sinto que o estou perdendo, para minha insegurança.

Enquanto Angélica conversava com a mãe, Judith ordenava que Márcio voltasse com ela. “- Não continue com essa história, meu filho! Essa moça pode te amar, mas não controla seus impulsos. Já foi responsável por você ter ido parar na UTI; te fez ir com ela para Alemanha resolver algo que lhe era pessoal; agora se engalfinha com sua melhor amiga por questões de ciúmes no dia em que vocês iam anunciar o noivado ou coisa parecida. Pense bem meu filho. Vamos embora e esquece esse relacionamento tempestuoso. Fernanda me disse que tem várias amigas interessadas em você”, disse Judtih enquanto Angélica e Eleanora se aproximavam da porta.

Elas não escutaram a voz de Márcio. Parecia que estava aceitando todas as ordens da mãe, até que o jornalista disse sem precisar elevar a voz: “- Mãe! Eu adoro a Angélica. Eu só vou deixá-la se a senhora separar do meu pai. Em minha opinião, ele tem mais defeitos do que qualidades. Se sairmos daqui e você se separar dele, eu topo deixar a Angélica”.

– Você está misturando as histórias.

– Mãe! Respeito a senhora e suas escolhas. Sei que meu pai pode ser uma casca de feridas, mas a dona Judith não deixa dele em hipótese alguma e sabe por que, mãe? Porque a senhora o ama! Eu não tenho a menor intenção em mudar isso aí dentro do seu coração. Sendo assim, compreendo sua preocupação, mas eu e Angélica nos amamos, apesar dessas confusões todas. Não quero deixá-la em hipótese alguma, porque, apesar de ser completamente maluca, me ama com toda a sua alma.

– Você quem saber Marzinho, mais um escândalo, quem se afastará de você sou eu! Porque aí não dá para segurar mais a onda. Conhece bem teu pai e seus irmãos, e ainda tem seus primos que vivem fazendo chacota contigo e duvidando de sua sexualidade.

– Mãe! Quero que todo mundo vai tomar no olho do cu. Nenhum deles se fizeram meus amigos. Gostavam de me isolar, de me chamar de gaguinho, o veadinho da mamãe. E agora a senhora vem me dizer que está preocupada com eles, quando estou prestes a encontrar a minha felicidade junto dessa mulher que eu amo? Já fizemos as alianças e vamos pegá-las na segunda-feira e pretendo anunciar agora no jantar que vou me casar com ela no domingo que vem.

“- O quê”, pergunta Angélica entrando com os olhos arregalados.

Judith fica surpresa quando se depara com a arquiteta ao lado do filho em prantos dizendo que se casa com ele ali mesmo. Colocar alianças é uma coisa simples de se fazer e não precisam esperar para pegá-las na joalheria na segunda-feira.

Sem pudor algum, a empresária agarra Márcio e começa a beijá-lo feito uma doida, desesperada. Eleanora chama Judith e ambas deixam o cômodo. “-Vem, minha amiga. Deixe esses dois aí. Vou providenciar o jantar”, informa a matriarca.

No caminho até a cozinha, a mãe da arquiteta diz a Judith. “- Se acalme. Eu conversei com Angélica e agora tendo certeza de que finalmente ficar com Márcio, talvez se acalme um pouco. Ela é muito impulsiva e com o que Rosângela disse a ela na Alemanha, ficou mais doida de amor pelo seu filho. Nos desculpe por ela ter ouvido a parte final de sua conversa com Marzinho”.

“- O que eu faço Eleanora”, pergunta Judith.

– Vamos providenciar o casamento para domingo que vem. Você volta amanhã e sexta-feira te quero aqui, seu marido e os dois irmãos também. Roberto e Fernanda serão padrinhos dele. E pode deixar que os padrinhos dela, eu ajeito, já que Amadeu e Tarsila ficaram lá pelo Europa.

– Será que vai dar certo esses dois juntos? Ela é uma dinamite prestes a explodir e meu filho é tão sereno. Na dele.

Enquanto as duas mães conversavam, Angélica não parava de beijar Márcio justamente porque o jantar acabou sendo o de noivado entre os dois. “-Era isso que anunciaria hoje, meu preto”, perguntou a empresária. “- Era! Fernanda e Roberto serão nossos padrinhos. É a sua forma de pedir perdão para a minha amiga que, desde o início, tem suportado seus insultos porque me ama muito e quer me ver feliz contigo”.

– Desculpe-me Márcio, mas eu não entendo amor de amigos.

– Talvez não entenda porque nunca os teve. Todos ficavam te bajulando, fingindo que eram seus amigos para desfrutar do que o seu dinheiro podia proporcionar. Eu não tenho muitos nem aqui, nem em minha cidade e também fiz pouco nos meus tempos de universidade, mas os que estão comigo como Roberto e Fernanda e Amadeu, tem todo o meu amor. Nós trocamos o que temos de melhor dentro nós: sentimento que não tem dinheiro que compre.

– Falei tudo isso para a minha mãe na conversa que tivemos agora. Ela me disse que sua mãe poderia exigir que fosse embora e que me deixasse. Eu sabia que a Fernanda encheria a cabeça dela. Não lhe tiro a razão, porque não estava fazendo isso para ficar contigo, mas para não te ver sofrer.

Márcio explica a Angélica que isso é muito comum entre amigos. “- Não é interferir, mas expressar como enxerga a situação. Amigo não transforma o outro com palavras, mas ajuda o nas passadas, caminha junto. Por isso que amo o Roberto e sempre que ele precisar, tirarei minha camisa e lhe darei. Fernanda a mesma coisa.  Ela é completamente doida. Quer achar um homem que só existe dentro dela, mas enquanto acreditar que ele existe fora dela, estamos juntos. Se algum deles encostar o dedo nela que não seja uma forma de amor, prazer, tenho certeza que eu e Roberto a defenderemos. Danisa, a exemplo de você, tem ciúmes dela, mesmo sabendo que foi Fê quem juntou os dois.

– Amor! Ajude-me a vivenciar tudo isso!

– Se você deixar e parar de ficar vendo fantasmas em todo os lugares, sim.

– Desejo que sua mãe seja minha amiga e não inimiga, achando que estou te fazendo infeliz.

– Dona Judith é idêntica a todas as mães que amam os filhos. Delimitam os espaços. Não se metem na vida deles, mas se perceber que estão sendo infelizes, vão interferir. Ficamos sem nos ver nos últimos cinco anos por conta das palhaçadas de Márcia. Então é natural que aja assim contigo. Ela sabe muito bem como você é: pavio curto, ciumenta e parte para a porrada.

Ao terminar de dizer isso, Judith volta e pede para falar a sós com Angélica. Márcio a deixa e vai para a sala quando é chamado por Eleanora.

– Minha filha. Tenho duas coisas para te falar. São diferentes, mas importantes. A primeira é te parabenizar pela surra na Fernanda. Agora ela compreendeu onde está colocando a colher dela. Márcio vai ser o seu marido e ela precisava entender os limites disso. O segundo, controla esse gênio. Meu filho te ama muito, mas homem nenhum gosta de mulher fazendo tempestade a toda hora. Quando Marzinho me pediu para separar do pai dele, enxerguei o que sente por ti e eu não tenho direito de tentar tirá-lo de você. Tudo bem! Apesar dessas trovoadas e relâmpagos que tu provocas na vida dele, ele o ama e na condição de mãe, quero ver o meu menino feliz como os outros irmãos dele o Esdras e o Leônidas.

– Dona Judith. Meu maior medo, além de perder o Márcio, era não ter uma sogra que me aceitasse como sou. Tenho plena consciência de que preciso amadurecer como mulher, mas sobretudo como pessoa e seu filho está me ajudando muito. Ele compreende que, quando o novo deve surgir, o antigo, às vezes, se recusa a partir. Hoje à tarde, mais uma vez ele me mostrou que é justamente o ser com quem quero passar o resto de minha vida.

– Pode me chamar de Judith e vê se me presenteia com um netinho. Quero muito ser avó.

As duas riram e saíram abraçadas. “-Obrigado Judith por ser a minha segunda mãe. Não me afastando do meu amor. A nossa jornada é longa, mas sem a sua ajuda e de dona Eleanora, acho que não conseguiríamos”, disse Angélica.

No caminho, entre o cômodo e a sala de jantar, as duas escutaram a conversa de Márcio com a mãe de Angélica. “- Meu filho! Como deixou a Keka partir pra cima de sua amiga”, pergunta Eleanora.

– Parece-me que ela já disse a senhora, mas acho que pegou implicância com Fernanda pelo jeito descontraído dela. De falar e ser sempre direta. Ela é assim comigo e com o Roberto. Nós três cuidamos um do outro. Às vezes conseguimos, às vezes não.

– Entendo, Márcio. Eu observei como você e meu filho são amigos e isso não significa que concorda com as ideias dele. Sei que só conseguiu trazê-lo de volta porque não bateu de frente com ele e conquistou o coração da minha filha por fazer justamente o contrário.

Márcio explicou que não iria romper com Fernanda, mas também não ficaria contra a sua futura esposa, mas se comprometeu a esfriar a relação das duas. “- Angélica, de certo modo, gostaria de ser como a Fernanda, mas se isso acontecesse, com certeza, eu não teria me apaixonado por sua filha. Não quero que mude nada do jeito dela, pois foi isso que me cativou. Creio que depois do casamento, ela consiga domar esse ciúme danado que tem da Fernanda.

– Espero que sim, meu filho. Mas e se você não conseguir, como fará?

– Amando-a ainda mais. Não precisamos brigar feito cão e gato para que o relacionamento dê certo, basta amá-la do jeito que ela é. Temos muitas coisas para superarmos, principalmente Angélica, e sei que se ficar longe dela, não conseguiremos. Não quero procurar uma Angélica em outra mulher.

Quando Márcio deu por si, já estava sendo agarrado e beijado pela empresária que tinha medo de que a briga da tarde pudesse mudar alguma coisa dentro dele em relação a ela.

“- Bem! Acho que podemos jantar e tornar o evento, o noivado desses dois doidos um pelo outro. O que acha Judith”, perguntou Eleanora.

“- Para mim está ótimo. Já que não tem outro jeito”, disse a mãe de Márcio caindo na gargalhada.

Ao termino do evento, Eleanora pediu para Judith ficar até o dia do casamento e conversar com o marido e com os filhos através das chamadas de vídeo. “-Não sei se Rogério vai aceitar”, disse a futura sogra de Angélica.

– Olha aí, dona Judith querendo enquadrar a minha futura esposa, mas com medo do todo-poderoso marido. Mas para que ir e ter que retornar dentro de poucos dias, mãe?

Judith só com o olhar reprimiu o filho que entendeu ter passado dos limites com a mãe. “- Bom. Amanhã eu converso com seus irmãos e depois com o seu pai. Eles precisam me ajudar a convencê-lo a vir no seu casamento e o senhor falará com ele. Se for assim, eu fico.

A empresária respondeu por Márcio. “- Ele falará com o meu futuro sogro sim. O que aconteceu ficou lá no passado. Não é assim que você me diz sempre Marzinho?”.

– Tudo bem mãe! Ajuste tudo e converso com Rogério por uma chamada de vídeo durante a semana.

Quem adorou a ideia e a concordância foi Eleanora. Se afeiçoou à mãe de seu genro, justamente porque pode compreender de onde saiu tanta simplicidade de Márcio, porém, com significativos valores. Não tinha nada de se sentir inferiorizado diante do branco e do rico, mas entendia que alguns valores são inegociáveis e o filho tinha seguido à risca esses princípios. Sendo assim, passou a compreender melhor a postura do pai que, no entender dele, aquela situação poderia ter sido resolvida de uma outra maneira, sem precisar se expor ao vexame.

– Dona Judith como a senhora ficará aqui até o nosso casamento, creio que a comemoração do nosso noivado precisa mudar de ambiente onde desejo que esteja só o seu filho. De forma que peço a sua licença para me retirar com o meu futuro marido. Segunda-feira vamos à casa do Roberto. Lhe daremos um presente em nome de todos nós e colocaremos as alianças. Então quero a senhora e dona Eleanora lá. Eu venho buscá-las.

“- E Fernanda estará lá”, perguntam juntas Eleanora e Judith.

“- Sim”, disse Márcio. “- E as duas que tratem de se comportar. Não precisam ser amigas, mas se respeitarem. Me casarei com essa mandona aqui e a mandona da minha amiga não vai colocar a colher dela num lance que não lhe pertence”, explicou Márcio.

“- Angélica! Se ela se meter a besta, desce o braço. Mostra-lhe quem manda no seu pedaço e no seu homem”, disse Judith arrancando gargalhadas de todos.

– Poxa mãe! Eu tentando amenizar e vem a senhora colocando mais querosene no incêndio.

“- A partir de agora, limite as frequências dela em sua vida. Ou então que se case com ela e esqueça que tem mãe”, sentenciou Judith, restando ao filho ficar em silêncio e concordar.

Angélica só faltou explodir de alegria ao saber que tinha a sogra ao seu lado. Enquanto Eleanora avisava os empregados que podiam tirar a mesa, a filha já de pé puxava o noivo para irem embora. “- Vamos amor! Hoje você é só meu e de ninguém mais. Amanhã ou segunda-feira passamos aqui, até porque temos que levar sua mãe a e minha para o apartamento do Roberto”.

– Tudo bem. Você me deixa lá e vem buscar as duas.

– Nem pensar neguinho. Tu não ficas mais um minuto sozinho com a Fernanda. Vai que ela resolve atravessar o sinal vermelho? Não! Está decidido: você vem comigo aqui em casa e vamos todos juntos para o jantar para colocarmos nossas alianças e presentear a família de Roberto.

– Está vendo mãe o que a senhora fez! Foi ficar do lado dela, agora é que estou fodido mesmo.

– Claro! Não gosto de homem que fica ciscando em várias canoas. Você já não tem o coração dessa moça? Então porque ficar de esfrega-esfrega com a oferecida da Fernanda? Se tu sair da linha na segunda-feira, apanha na frente de todo mundo. Te puxo a orelha e te dou umas palmadas.

“- Obrigada sogra pelo apoio”, se regozija Angélica.

– Minha filha, não podemos dar mole para esses homens não. Tem que ter rédeas curtas e mostrar quem é que manda de fato. Lá fora eles até podem desejar andar com a crista erguida, mas está com a coleira no pescoço e a corrente está em nossas mãos.

– Meu deus do céu! Nem o Amadeu está aqui para ficar do meu lado e contar com Roberto, nem pensar.

– Aquele é outro que merece uns tabefes. Terei uma conversa com a mulher dele e aí se ele estiver saindo da linha.

Eleanora chegou e todos fizeram as despedidas. Angélica era mais entusiasmada de todos eles. “- Tchau mãe. Nos falamos depois. Obrigada pelo jantar”, se despediu a empresária da mãe e Márcio fazendo o mesmo. Entraram no carro e a arquiteta não resistiu, deu um profundo beijo no noivo, enquanto as duas mães assistiam tudo e deram risadas.

– Judith. Sou grata pelo carinho que tens para com a minha filha. Tenho certeza que fará seu filho feliz como ele já faz a minha Angélica andar nas nuvens.

– Eu nunca vi meu Marzinho assim, como se estivesse no paraíso.

Ao chegarem no apartamento, Angélica empurra Márcio contra a parede, o beijando novamente e entre um beijo e uma mordida diz ao jornalista que quer uma massagem daquelas que recebeu na Europa. “- Quero completa com êxtase no final. Desejo gozar junto com o meu amor, ou pelo menos, ir até onde eu conseguir chegar”.

“- O que tens em mente, Angélica”, pergunta Márcio.

– Banhos separados. Eu vou primeiro e depois você. Tenho umas surpresas para o meu amor.

O futuro marido fez aquela cara de quem desconfiava de alguma coisa. “Nem adianta fazer essa cara de quem acha que sabe, que não sabe. Fiquei aqui. Quanto eu estiver pronta eu te chamo e vai preparando esses dedos mágicos. Quere serviço completo”, disse a arquiteta.

– Posso abrir uma casa de massagem?

– Claro que pode. Mas já sabe qual é a condição: eunuco.

Ambos caíram na gargalhada e Márcio foi ver as estrelas pela janela do apartamento. Não sabe ao certo o tempo que ficou lá, pois foi despertado quando sentiu o corpo de Angélica junto ao seu. Ela lhe mordia a orelha dizendo: “- Vim despertar o meu amor para a vida. Tem um corpo aqui ansioso para uma massagem”.

Quando ele se vira vê que a arquiteta estava apenas vestida com um minúsculo lingerie da cor dos olhos esmeraldinos. Ela o beijou, enquanto que com a mão sentiu toda a extensão do tesão do futuro marido. Angélica o aperta de leve dizendo que “ele” também precisava de uma massagem extra. “- Vai lá tome seu banho. A noite é nossa e desejo que ela seja especial”, explicou a empresária.

Ao sair do banheiro, Angélica já estava na cama a sua espera. Sentou-se na beira do móvel, tirando a cueca do repórter, vendo a extensão e a pulsão do desejo contido não só no órgão, mas em todo ser daquele homem que aprendeu a amar, admirar e sobretudo respeitar pela pessoa que era.

– Vem amor. Quero receber muitas massagens e fazer-te outras tantas.

Antes de se deitar de costas para o jornalista, Angélica lhe entregou um gel para massagens. “- Onde arrumou esse produto, dona Keka”, perguntou o futuro massagista Márcio. “-Por que, ao invés de perguntar, meu nego não começa a trabalhar? Meu corpo deseja ser bem tratado por essas mãos”.

Em silêncio, sentindo todo o desejo por aquela mulher, o jornalista espalha gel pelas costas dela e começa o processo de massagem, repetindo os movimentos aplicados em Angélica no apartamento dela em Berlim. As mãos foram sentindo como os músculos da empresária se soltabam. Ao mesmo tempo que percebia as mãos nas costas, Angélica sentia o falo duro de Márcio na região das nádegas.  Ele observava como a temperatura dela se elevava.

Após um certo tempo fazendo massagem nas costas inteira, o jornalista destravou os feixes do sutiã, o retirando lentamente, continuando o mesmo procedimento. Depois passou para a região da bunda, mas antes lhe massageou o mesmo lugar com o pênis, deixando a empresária em ponto de brasa. Gastou o mesmo tempo na região das nádegas. Com os dois polegares comprimia suavemente os lábios vaginais dela e os outros dedos passava pelas duas partes da bunda. Depois desceu por cada uma das pernas, voltando a se concentrar na região da genitália de Angélica.

Em seguida, retirou lentamente a minúscula calcinha e passando o gel, continuou o mesmo processo. A massagem toda durou uma hora. Quando Márcio pediu para ela virar, Angélica estava em brasa “- Amor! O que é isso que você me fez? Meu deus do céu. Estou pegando fogo”.

“- A massagem é completa, falta a parte da frente”, lhe explicou o noivo.

Mas quando ela sentiu o falo próximo de sua vagina, abraçou Márcio com as pernas e com as mãos o puxou para si. Quando o pênis dele tocou a entrada do seu sexo, o jornalista manteve a respiração à espera de um comando dela que não veio, então ele assumiu o controle, começando a massagear os lábios vaginais com seu membro. Angélica foi à loucura, com os olhos semicerrados, sentia toda a potência sexual do noivo que, aproveitando que ela estava toda lubrificada, foi introduzindo lentamente seu membro, enquanto este era recepcionado.

Ficaram assim por cerca de dez minutos, fazendo movimentos lentos, porém, firmes. Angélica procurava sempre se desligar das imagens pretéritas, se concentrando naquele momento. Sem avisar o amante, ela força-o a ficar deitado, enquanto foi por cima, tomando as rédeas da relação, seguindo instruções da sexóloga que havia consultado como parte do acompanhamento psicológico.

Ao abrir os olhos, a arquiteta pode ver o prazer que o noivo estava sentido e a felicidade. Abaixou-se até o ouvido dele, sem descuidar dos movimentos de vai e vem que fazia e disse: “-Márcio. Te amo muito! Obrigado por não me deixar sozinha”. Como resposta, o repórter segurou firme em sua bunda e controlava as estocadas e a sinergia se amplificou até que numa sincronia de dois corpos que pareciam se conhecer há tempos, gozaram entre gritos, urros e choro de Angélica.

Ambos estavam encharcados de suor e fluídos, porém, felizes. Quando Angélica ia falar algo, ele colocou o dedo na boca dela dizendo apenas: “-Te amo! Vamos curtir esse momento que sei, é o primeiro de muitos”. Apenas ouvindo o que ele dizia, a arquiteta deitou sobre ele novamente e sentindo a reação do pênis de Márcio, ela voltou a fazer os mesmos movimentos e o repórter seguia-a no seu desejo. Chegaram novamente ao êxtase, como se fosse uma explosão atômica.

Deitado ao lado, com a respiração ofegante, o jornalista lhe disse: “-Realmente você é uma mulher diaba, ou como disse seu irmão: Rainha diaba”. Ela o olha dando gargalhadas e acaba por lhe dizer: “- Estou encantada com a sua gentileza e entender o meu tempo. Sei que podemos mais e vamos conseguir”.

Márcio olha bem para a empresária, afirmando: “- Amor! Não precisamos apressar nada. A noite hoje é nossa! Estamos apenas começando. Podemos relaxar um pouco dentro da banheira e continuar com o corpo aquilo que nossas almas desejam a muito tempo, ou pelo menos, desde aquela manhã chuvosa de domingo”.

Angélica concorda e prepara o banho para os dois, usando vários produtos que tinha comprado naquela tarde no sex-shop da loja de lingerie instalada no shopping. Fizeram amor mais três vezes aquela noite e quando o sol começava a precipitar no céu, Angélica saiu do quarto e, passados dez minutos, chamou Márcio, pedindo para ele se sentar no sofá como naquele café da manhã. Ela deixa o quarto de hóspedes vestida só de camisão, enquanto a claridade do sol apresentava a Márcio tudo o que havia por baixo do tecido. A reação foi automática. Quando ele a abraça, ela diz: “- Eu sabia que ia te provocar, por isso sai daquele jeito do quarto naquela manhã”, explica Angélica, beijando o jornalista e sentido a reação no meio das pernas dele.

“- Mas que marido mais insaciável eu arrumei”, argumentava Angélica enquanto o noivo a conduzia até o sofá dizendo: “- Passei aquele dia todo imaginando fazer amor assim contigo”. Ele a coloca de quatro sobre o sofá e lentamente introduz seu pênis na vagina de Angélica que, sensível, não demora a gozar e ele também. Cansados os dois, acabam adormecendo ali mesmo no móvel. Acordam por volta das dez horas. Eleanora querendo saber das novidades.

– E aí filha como foi a noite?

– Maravilhosa mãe. Trepamos até agora a pouco. Segui as recomendações da senhora, da minha terapeuta e da sexóloga. Buscar sempre o presente e o corpo dele. Quando a senhora ligou, estávamos dormindo na sala.

– Vão para o quarto e aproveitem. Os dois merecem. Beijos filha e tenha um excelente domingo.

Ao desligar, Angélica viu que Márcio tinha acordado. “-Amor, vamos para o quarto”.

– Que horas são?

– Hora de continuarmos a dormir, meu maridão gostoso.