Olhar Crítico

Matemática

Em tempos bicudos para a educação, em que a própria sociedade que deveria se beneficiar da escola pública cobrando que esta seja de qualidade conforme prevê a Constituição Federal, é alvissareira as notícias em que estudantes oriundos dessas instituições receberam prêmios pelos desempenhos em atividades pedagógicas como a OBMEP (Olímpiada Brasileira de Matemática da Escola Pública). Quiçá as dificuldades cotidianas, é preciso ressaltar o feito do estudante Hyan Marques Neves Tuzi, aluno do 1.º colegial da Escola Estadual Yone Dias de Aguiar. Ele conquistou medalha de bronze na competição realizada em 2018.

 

Bronze

Não é só o discente que merece uns significativos olhares  deste colunista, mas toda a equipe pedagógica e gestora daquela instituição de ensino, bem como a sua professora de Matemática, Giovana Marques dos Reis. A solenidade de entrega dos prêmios e do certificado aconteceu no último dia 3 na Diretoria Regional de Ensino de Penápolis. Parabenizo o adolescente, bem como seus familiares, pois sei muito bem o que significa educar um filho nas atuais circunstâncias em que o Brasil vive e vem enfrentando. Dentro da sala de aula, alunos ofendendo e agredindo professores, humilhando seus colegas, indicando serem despossuídos de valores mínimos no campo da ética e da moral, como se não tivessem quem os instruíssem nesses preceitos básicos para conviver em sociedade. A escola é um microcosmo social que reflete o ambiente de onde o aluno sai para ir adquirir conhecimento.

 

Estímulo

Que o feito de Hyan, bem como da estudante Julia Santana Vasques, aluna da Escola Estadual Ester Eunice que conquistou também medalha de bronze na mesma edição da olímpiada e do meu filho, Miguel Minotti dos Santos, possa servir de estímulos aos discentes que, às vezes, por ausência de exemplos, acabam desistindo de seus sonhos deixando-se afundar no lamaçal das dificuldades e diante duma sociedade que mais lhes negam oportunidades do que lhes criam chances. Eis o caminho para as vitorias vindouras. Como dizia a minha mãe em vários dos diálogos que mantivemos: “filho! Não existe vitória sem luta, sem garra, sem determinação, disciplina e respeito ao próximo. Nunca passe por cima de ninguém para se dar bem na vida. Você não precisa de ninguém que lhe inveje e nem você precise ter inveja de ninguém. Basta conseguir o respeito dos outros e você sabe como fazer isso”.

 

Televisão

E por falar em meu filho, acho que posso usar mais um aforisma para falar de sua conquista. Desta vez o meu escopo aqui é para dizer que a retransmissora do SBT em Araçatuba veiculou, no meio da semana que terminou ontem, uma matéria feita com Miguel, com a direção do Colégio Futuro/COC, com seus amigos de sala – muitos deles estão juntos desde o 6.º ano – comigo e a mãe dele, a socióloga e professora Andreia Cristina de Melo Minotti dos Santos. O material já está disponível na internet para os internautas que não tiveram tempo de assisti-lo quando foi veiculado pela emissora [https://www.sbtinterior.com/videos/estudante-de-penapolis-foi-escolhido-pela-nasa,5864529477935.html?video=TG2keZPrZmg].

 

Educação

E já que a minha temática até agora enfoca a educação, aproveito o ensejo para perguntar ao meu leitor dominical o que ele pode fazer em prol da educação brasileira? Uma resposta apressada poderia ter o seguinte teor: enviando filhos melhores para as escolas! Mas será que o processo de sucateamento do setor diz respeito somente ao nosso corpo discente e seus pais? Claro que a família tem participação efetiva na construção de sujeitos sociais portadores de cidadania e respeitadores das leis e não apenas indivíduos que vociferam e bradam pelos seus direitos, contudo, esquecendo-se de que para cada direito berrado, há um dever a ser observado. Contudo, aqueles que militam e são os sacerdotes da educação, sabem que não acontece isso. Primeiro porque aqueles que deveriam inculcar nos filhos noções claras de direitos e deveres, são os primeiros a desrespeitar as regras. Há uma miríade de exemplos em que pais agridem professores, somente porque esses puniram com notas os filhos relapsos. Desta forma, onde vai parar a locomotiva brasileira conduzindo vagões pedagógicos portadores de conhecimento?

 

Professorado

Mas por outro lado, se cada um fizer a parte que lhe cabe no setor, muitos problemas seriam minimizados. Na próxima terça-feira, 15, o dia é dedicado aos professores – como este que vos escreve, meus caros leitores – e há alguma coisa para se comemorar? Ou deve-se usar a data para reforçar o compromisso da sociedade com uma educação de qualidade? Será que a nossa grita é só por melhores salários, como a propaganda oficial quer fazer crer? Sabe-se que foram criadas peças propagandistas sobre um setor nevrálgico na área de educação usando fotos que não condizem com a realidade brasileira e paulista. E o que dizer dos desvios nas merendas dos estudantes, amplamente divulgado pela mídia e agora está num silêncio sepulcral. Como o meu leitor pode observar, daqui a pouco os mortos deixarão o cemitério, a exemplo do que aconteceu no romance Incidente em Antares, e virão julgar os vivos pelas duas mazelas, principalmente por tentar asfixiar o passado dizendo que as matérias de História, Filosofia, Sociologia não têm tanto importância assim, repetindo o que fez os militares durante os anos de chumbo.

 

Eleição Tutelar

Bom… enquanto a sociedade continua de olhos bem fechados para a educação, a eleição para o Conselho Tutelar em vários pontos do Brasil virou uma batalha campal, dando pistas de como será a eleição municipal do próximo ano. Aqui em Penápolis, o zum-zum corre solto, contudo ninguém confirma e nem nega nada, deixando tudo sub judice até 2020. Contudo, a maquinaria correu solta, com candidatos a conselheiro sendo apoiado por postulantes a uma das vagas na Câmara Municipal a partir de 2021. É o toma-lá-dá-cá da velha política brasileira, conforme Sérgio Abranches nos apresenta em seu livro Presidencialismo de coalisão. Qualquer aluno do curso de Ciências Sociais, História, Geografia, Filosofia, sabe logo nos primeiros semestres como funciona a política brasileira, com fortes resquícios senzaleiros, ou seja, repleto daquela relação entre Senzala e Casa-grande tendo no caminho os chamados Homens livres, conforme Maria Sylvia de Carvalho Franco nos apresenta em seu livro Homens livres na ordem escravocrata. Ali, e em outras obras sociológicas brasileiras, o leitor encontrará a construção da prática do favor, do filhotismo e da envergadura do sobrenome escancarado na pergunta: “você é filho de quem mesmo?”, ou no famigerado “você sabe com quem está falando”. É isso! Se a eleição para o Conselho Tutelar escancarou o favor pós-moderno, imagina como será o pleito em 2020. E-mail: gildassociais@bol.com.br; gilcriticapontual@gmail.com.br. www.criticapontual.com.br.

 

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