Olhar Crítico

Gato

Começo os meus olhares dominicais tratando do “gato” – não aquele felino parente de leões, onças e outros animais selvagens – mas sim da famosa gambiarra que o cidadão faz para dar um jeitinho naquela pendenga que precisa de solução imediata, mas o tempo corre contra. Pois é, esse comportamento, ou melhor, esse adjetivo já se referiu aquele cidadão que ia até as cidades pequenas no Nordeste brasileiro contratar mão de obra, sobretudo para as safras de cana-de-açúcar – era ele quem pagava o trabalhador e não a empresa contratante, o que gerava muita confusão no final de cada mês [não vou entrar no mérito dessa problemática aqui]. Há centenas de casos registrados aqui em Penápolis e cidades da região.

 

Energia

Mas, esse ser que foi adjetivado pela alcunha de um animal doméstico deixou o mundo dos trabalhadores rurais e se alojou em outro departamento, para ser mais direto, no campo da energia elétrica. É muito comum nas grandes cidades, especificamente nas favelas e comunidades carentes e outras palafitas, haver várias gambiarras para que os barracos tenham luz elétrica – podem advir dai muitos incêndios nessas localidades. Se essas atitudes eram fáceis de serem encontradas nesses recônditos, também começou a grassar por essas bandas de cá do Tietê. No início da semana que terminou ontem, a polícia deteve algumas pessoas aqui em Penápolis sob a acusação de furtar energia elétrica por meio de “gatos” colocados nos relógios aferidores. A coisa é tão intrigante porque, de acordo com o divulgado, os acusados de surrupiarem energia não integram as categorias de baixo da pirâmide social e, talvez por isso, tenha chamado a atenção daquele programa dominical da Rede Globo de Televisão, o famoso Fantástico. Então, fiquemos de olho!

 

Política

Deixando o mundo da parafernália elétrica e adentrando ao universo da gambiarra política local, externo aqui observação que me foi feita por um leitor destes aforismas no que diz respeito à população penapolense se manifestar sobre os problemas da cidade através de uma página especifica num site de relacionamento da internet. Eu, do meu lado, respondi que isso é democracia e todos têm o direito de falar, reclamar, indicar as mazelas, questionar os atos governamentais, desde que tudo seja feita dentro dos preceitos constitucionais. Mas, por outro lado, se isso está acontecendo, creio que está indicando haver problemas com os canais institucionais e legais utilizados para se fazer isso, conforme a Constituição Federal prevê. Acredito que o legislativo seria o primeiro local em que essas solicitações deveriam aparecer, mas se a internet virou uma espécie de tribuna livre do cidadão, significa que há um grau muito grande de desconfiança por parte da população, mesmo esta tendo optado por uma transformação quase que radical na Câmara, ainda assim não está contente com o resultado.

 

Chancelaria

E já que o assunto é o legislativo, como é que fica a situação dos trabalhadores municipais que não terão aumento no que eles mesmos chamam de “vale-mistura”? E olha que quando o presidente do Legislativo era outro e a proposta de reajustar o benefício era do prefeito interino, a mesma foi rechaçada pelos vereadores e alguns deles que votaram contra, de acordo com o que diz o sindicato da categoria – inclusive com fotos desses vereadores divulgadas na página da entidade na rede de relacionamento [Reajuste do Vale Alimentação – Relembrando] -, afirmaram que assim que o atual alcaide voltasse ao seu assento daria o reajuste, “porém em valor menor que o reivindicado”, aponta o Sindiserv em sua comunicação. De acordo com a entidade que defende os interesses dos servidores, esses representantes do povo chegaram até dizer em determinados departamentos municipais qual seria esse valor. Mas se Maquiavel for levado a sério, o que foi dito ontem por esses políticos, não precisa ser observado como verdade absoluta.

 

Fóruns

Se por um lado, temos uma Câmara, que ao que tudo indica, está sem crédito com a população que anseia por um novo pleito, por outro, tem-se os chamados conselhos comunitários que podem ser ocupados por esses sujeitos descontentes com o andar da carruagem do Legislativo e do Executivo: existem vários, como o de Saúde, Educação, Assistência Social, Política Urbana, Segurança, Cultura, etc. Parece-me que esses são instituições significativas, através das quais o povo pode externar suas insatisfações com o poder público, agindo de maneira direta para forçar a administração a governar em prol da coletividade e não de determinados grupos privados. Mas por que o medo de cobrar dos setores responsáveis pela melhoria da qualidade de vida da população? Seria que ainda se vive os reflexos dum capitalismo senzalereiro, no qual o serviçal fala com o seu senhor olhando para o chão, enquanto o escravagista tem em suas mãos um chicote? Os servidores municipais têm seu sindicato que deve ser atuando e não mais uma chancelaria das vontades do Executivo, como o legislativo funcionou e ainda funciona, em várias ocasiões.

 

Privatização

De acordo com informações que chegaram até esse colunista, o atual mandatário quer iniciar a onda de privatização aqui em Penápolis, como acontece em São Paulo administrada por um parceiro de bancada, isto é, o prefeito João Dória (PSDB). Enquanto lá tem muita coisa para ser posta a venda, claro que se contar com a chancela dos vereadores, aqui o chefe do Executivo, conforme anunciado em período de campanha – quem não se recorda é porque não prestou atenção nas promessas de palanque, mas votou crendo que iria herdar o paraíso a partir de 2017 -, quer vender a área onde está instalada a Secretaria de Obras e fica todo o maquinário da prefeitura – mais conhecido como Almoxarifado. É um patrimônio público que vale milhões e já teria duas incorporadoras interessadas naquele espaço localizado em área nobre da cidade. Entretanto, creio que essa questão não pode ser empurrada goela abaixo. É preciso um amplo debate com a população a quem deve recair a palavra final, mesmo que a Câmara tenha que dar o veredicto. É preciso entender que contiguo ao almoxarifado funciona o Daep (Departamento de Água e Esgoto de Penápolis). É isso ai, como diz aquela canção de Seu Jorge e Ana Carolina, a semana que vem tem mais! E-mail: gilbertobarsantos@bol.com.br. gilcriticapontual@gmail.com, social@criticapontual.com.br. www.criticapontual.com.br.

 

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