Eleições
Começo os meus olhares dominicais, lembrando-vos meus caros leitores que no próximo domingo, todos vocês se tornarão eleitores, pelo menos aqueles que têm acima de 18 anos. Portanto essa semana que começa hoje é significativa para todos que irão às urnas dia 15, feriado republicano nacional. É preciso lembrar que não se pode conceber um eleitor que apenas delega ao seu escolhido o direito de fazer opções quando estiver num dos 13 assentos da Câmara Municipal ou no cargo de chefe do Executivo. Sabe-se que tem muita coisa acontecendo no âmbito da Justiça através da Operação Raio-X. Embora a mídia local deixe de grafar uma miríade as coisas, decisões e investigações, muito se diz e o que é propalado tem um vínculo com a veracidade das sentenças definidas ou a definir pelos Magistrados.
Sentença
Costumo dizer aos meus amigos que não sou sentenciador, isto é, juiz, magistrado, portanto, não tenho habilidade para condenar ninguém e nem quero fazer isso! Em virtude disso, meus aforismos e reflexões que estampo semanalmente aqui e no meu site www.criticapontual.com.br objetiva apenas contribuir para o debate sobre qual sociedade queremos. E no caso em tela, qual Penápolis o cidadão quer iniciar a construção a partir do dia 1.º de janeiro de 2021. Usando ferramentas antigas e carcomidas pela ferrugem da corrupção ou tentar uma nova edificação a partir de projetos novos? Como afirmei no tópico acima, tem uma operação em andamento no Ministério Público e na Magistratura. Há ainda outros seguindo seus ritos processuais no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Há condenações em primeira instância de outros ex-prefeitos que estão aí dando seus palpites na disputa eleitoral, indicando candidatos, ciceroneando outros tantos, mas como sempre afirmo: o poder é do povo e é a ele que cabe a decisão!
Recordações
Lembro-me de um episódio ocorrido aqui em Penápolis logo quando eu retornava dos meus estudos na UNESP/UNICAMP no qual um determinado político dizia aos seus ouvintes que os cientistas sociais não entendiam nada dos gostos da população. Fiquei com aquela observação, entendendo que o papel daqueles que atuam na compreensão da sociedade realmente não é o de dizer o que estar certo ou errado, mas analisar porque a coisa não funciona, porque a sociedade não progride, e mais, eleição após eleição os vencedores deixam seus postos no Executivo Municipal com um amontoado de processos tramitando na Justiça. Quando uma pessoa procura um médico, este, após vários exames, dá-lhe o diagnóstico, passando todo um receituário, seguido de dietas e outros medicamentos, todavia, o profissional não pode adotar as medidas que prescreve aos seus pacientes. Parece-me que esse também o papel do cientista social. Há quem pense o contrário, mas aí é uma questão de ampla discussão nos mais diversos campos que formam as Ciências Humanas.
Literatura
Mudando o foco dos meus olhares neste mês primaveril, enfatizo aqui o livro “Pânico: entendendo o transtorno”, da penapolense Mia Koda, integrante Instituto Brasileiro Psicanalise Clínica. O momento é oportuno para que uma obra com tal conteúdo venha a público, principalmente porque, de acordo com Zygmunt Bauman (1925-2017), está-se vivendo uma época líquida, em que tudo se dissolve no instante seguinte, deixando aqueles, que se pensavam seres portadores de adjetivações magnânimas, diante de penduricalhos que não funcionam mais, ou melhor, não tem importância alguma no momento pós-construção, passando a ser governados por um passado fantasmagórico. Um exemplo claro desse comportamento, pode ser observado no desejo atroz do retorno dum tempo ido já carcomido pela tecnologia. Diante do amanhã que pode ser modificado antes mesmo de se materializar, os homens de hoje voltam suas faces, desejos e práticas para uma época medieval, ou seja para medievalismo pós-moderno e endinheirado, conduzido por uma teologia da prosperidade, principalmente daqueles que coordenam os ritos e manipulam a ideia do sagrado tornando profano aquilo que não era, a exemplo do que fazia a igreja no medievo. Que o diga o livro Malleus Maleficarum.
Pós alguma coisa
No primeiro parágrafo da introdução, Mia já faz uma significativa explanação sobre o presente que levará o leitor a fazer importantes reflexões sobre como está vivenciando a sua existência. “Um estilo de vida intenso e agitado tem causado muito sofrimento ao ser humano contemporâneo. O estresse desmedido pode ser gerado pelas pressões relacionadas ao desemprenho intelectual, profissional e escolar, inúmeras responsabilidades, relacionamentos problemáticos, a concorrência acirrada, o acesso a um número exagerado de informações, violência urbana e online, além de insegurança das mais diversas ordens. A falta de garantias sobre o futuro e a impotência frente às frustrações e injustiças da vida nos faz ponderar sobre o quanto somos frágeis e desamparados” [Pânico: entendendo o transtorno. Belo Horizonte, MG: Dialética, 2020, p. 11]. Esse trecho me reportou à vários cientistas sociais e filósofos, entre eles o francês Edgar Morin e sua obra Necroses e Neuroses.
Comércio
Achei interessante a informação, segundo a qual, os organizadores da promoção que o comércio local realizará por conta dos festejos natalinos. Ao invés do tradicional veículo, optou-se por parcelar o valor em vários prêmios que vão de R$ 1 mil a R$ 2.500. Como bem frisou o colunista do Observatório da Cidade que escreve também neste espaço: uma forma de o dinheiro circular. Pode até ser significativo expor aos vencedores que estes podem ir gastando as quantias no transcorrer de 2021, numa espécie de poupança mercadológica. Bom! Pelo menos eu compreendo desta forma, pois cada um deve definir o que melhor lhe aprouver diante da conjuntura que o país atravessa: uma crise desproporcional provocada pela pandemia e por bate-bocas desnecessários entre os governantes. Lamentável neste momento em que mais de 160 mil mortes são registradas no país, óbitos aqui e acolá, autoridades queiram partidarizar medicamentos que podem ser importantes no combate a disseminação do Covid-19.
Leituras
Durmam com um barulho desses meus caros leitores. Já que o matraquear de políticos populistas, corruptos é ensurdecedor, então, não briguem com o sono. Aproveitem o despertar para buscarem informações sobre política, economia, sociedade, literatura, etc., com boas leituras, por exemplo o livro O Brasil dobrou à direita; Na contramão da liberdade; O espetáculo das raças; Memórias do subsolo; A bailarina da morte: a gripe espanhola no Brasil; Um paciente chamado Brasil: os bastidores da luta contra o coronavírus. Com essa relação acho que dá para passar uns dias em boa companhia. O que acham meus caros leitores? E-mail: gilcriticapontual@gmail.com. www.criticapontual.com.br.