Olhar Crítico

Temática

Se no último aforisma crítico da semana passada apontei dois livros, sendo que um deles é ficção romanesca e o outro uma obra científica, começo os olhares deste domingo tratando de uma temática interessante: a filosofia política. Mas por que abordar um assunto tão diverso quando como se imagina o universo da política, perguntar-se-ão meus leitores, ou também não, pois tudo dependerá dos interesses que cada um de nós teremos no que diz respeito aos destinos deste país. A área tem uma evidencia para lá de significativa em virtude deste ano o brasileiro ser convocado para escolher seus representantes nas chefias dos Executivos estaduais e federal, bem como para os legislativos estaduais e federal, além de renovar parte do Senado Federal. Portanto, é preciso analisar com a devida acuidade as mercadorias políticas que já começam a se apresentar no cenário e lembrarmos sempre de Prometeu.

 

Filosofia política

“A filosofia política propriamente dita não se move tanto nos marcos cronológicos, seguindo a sequência temporal, nem no marco empírico, seguindo os dados obtidos. Move-se mais no terreiro dos argumentos e dos valores, da construção de sistemas de pensamento. O que é um dado para o historiador ou para o cientista – por exemplo, o fato de que Maquiavel escreveu O príncipe em 1513 -, para o filósofo é um problema: o que esse livro contém, que categorias usa e de que maneira as dispõe. A missão da filosofia política é construir e reconstruir os raciocínios que giram em torno das questões relativas ao poder. Ao se efetuar esse trabalho, percebe-se que, por cima das restrições temporais, há uma espécie de comunicação entre os clássicos, um diálogo que permite retomar certos modelos mentais para entender os assuntos políticos. Isso não significa convergência absoluta, mas sim uma linguagem similar que permite o entendimento” [José Fernandes Santillán. O labirinto de Bobbio. Em busca do fio de Ariadne? In. Norberto Bobbio. Norberto Bobbio: o filósofo e a política: antologia. Trad. César Benjamin e Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 2003, p. 29-30].

 

Mitologia

Pois bem! Se no primeiro aforisma de hoje encerrei o conteúdo abordando um mito, ou seja, a enunciação em torno do titã Prometeu que, de acordo com a lenda, foi condenado pelos deuses a ficar eternamente acorrentado por 24 horas, sendo que nas primeiras doze horas, uma ave de rapina lhe devora o fígado e na dúzia de horas seguinte, o órgão se regenera. Interessante notar não foi a pena aplicada pelos juízes divinos instalados no panteão, mas sim o motivo que, entre eles, foi o de dar esperança ao povo, daí surgiu o substantivo feminino promessa. Então fiquemos todos atentos, pois nesse período haverá enxurradas de promessas disso e daquilo, cabos eleitorais locais querendo induzir o eleitor a escolher essa ou aquela mercadoria política, ainda mais em tempos de orçamento curto e saúde quase que curativa e não preventiva, em que tudo parece ser resolvido com ambulâncias para as comunidades carentes espalhadas pelo Brasil afora.

 

Política eleitoral

E já que a temática é a política eleitoral, entendo que a atenção deve ser redobrada, justamente pelas enxurradas de Fake News que serão distribuídas aqui e ali pelas redes sociais. Creio que somente os incautos se deixam levar por notícias falaciosas que objetivam somente espalhar desinformação e alimentar o ódio fruto do desconhecimento das partes que pretendem se informar sobre esse universo. Daí haver a necessidade de conhecer bem não só os postulantes aos cargos eletivos, mas também a história política do país, e como e porque a Nação é refém de grupos que aparelharam o Estado por intermédio de uma burocracia aristocratizada que alimenta com uma das mãos a plutocracia que deseja se enriquecer às custas dos tributos que a população paga diariamente, seja por intermédio dos impostos diretos ou indiretos. Talvez esteja aí a grande problemática de como manter a massa alienada! O novo brinquedinho da turma desavisada é espalhar mentiras usando as redes sociais e brigar sobre um nada e por nada e estabelecer discórdias, enquanto eles governam em seus próprios benefícios, tornando o que é público em propriedades privadas.

 

Futebolístico

É lamentável que um tema tão importante para todos, isto é, a gestão da coisa pública tenha se transformado num FlaxFlu como se diz no jargão popular, ou para se pensar num duela paulista: Corinthians versus Palmeiras. Creio aqui, do outro lado das linhas que confecciono, que política e futebol se discutem sim, mas quando as duas partes conhecem do assunto. Futebol é lazer, conforme podemos constatar nas crônicas do jornalista Nelson Rodrigues (1912-1980) autor do livro A pátria de chuteiras [Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013], e não deveria sair dessa esfera, entretanto, na ausência de afetos mais concretos, o cidadão opta por uma paixão [substantivo feminino derivado do italiano passione, isto é, passional para não dizer irracional]. Entretanto, esse comportamento sem um quantum de razão não pode ser levado a cabo no mundo da política e em qualquer outra área, justamente porque o ser humano vive em sociedade e, quanto mais se segrega, mais se vive em guerra, conforme nos aponta o pensador inglês Thomas Hobbes (1588-1679) em seus livros como Leviatã e Do Cidadão [São Paulo: EDIPRO, 2016 – trad. Raul Fiker].

 

Pandemia

E a pandemia continua grassando entre nós. Isso não é novidade para ninguém, bem como o aumento de infectados estar diretamente atrelado aos festejos de final de ano, o que tem provocado uma onda de cancelamentos de encontros carnavalescos e outras medidas, como fez a prefeitura de Glicério, Braúna e outras paragens da comarca e da região. Estamos a pouco mais de uma semana do início das aulas e é preciso que os pais orientem seus filhos, principalmente no que diz respeito à distinção das esferas pública e privada. Dito de outra forma: casa e escola. No ambiente familiar, a postura é uma, mas quando vai para outro universo, por exemplo, o escolar, o comportamento precisa ser diferente. Máscaras e uso de álcool gel, de acordo com os procedimentos determinados pelas autoridades sanitárias são extremamente recomendáveis.

 

Vacinação

Visando a imunização da população, será realizado amanhã defronte ao Santuário São Francisco de Assis o plantão da vacina. Podem receber a aplicação do medicamento pessoas acima de 12 anos. O procedimento acontecerá entre as 18h e 21h e objetiva atender aqueles penapolenses que estão em atraso com as suas doses, isto é, deixou de tomar uma das duas sequências, incluindo o reforço. Lembrem-se meus caros leitores, além da vacina é preciso que todos se atentem para os procedimentos preventivos, incluindo aí o distanciamento social quando for possível, bem como o isolamento. gilcriticapontual@gmail.com, d.gilberto20@yahoo.com,   www.criticapontual.com.br.

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