Olhar Crítico

Início

E o ano de 2020 começa sob a ameaça de um conflito bélico de proporções impensadas, ou seja, aniquilamento da vida humana na Terra por conta da prepotência de determinados líderes políticos que foram eleitos, sobretudo, para atuarem em prol da paz mundial e não para atiçar o adversário, transformado em inimigo por razões de poder, como acontece em outras paragens inclusive o Brasil onde, desde a redemocratização, raros foram os momentos contrários, as forças político-partidárias gostam de vociferar: “nós e eles!” “Você é fascista e eu represento a democracia!” “Você é comunista, esquerdista!”. Lamentável a pequenez humana quando os sujeitos sociais se comportam dessa forma.

 

Soslaio

Enquanto o mundo está meio que olhando de soslaio o presidente norte-americano e a República dos Aiatolás, por aqui a coisa tende a se degringolar. Primeiro, porque no plano nacional, a economia tartamudeia diariamente a espera de que o salvador da pátria, aquele que se dizia ser o enviado para salvar o Brasil do fantasma vermelho – pasmem – tire de sua cartola de prestidigitador populista, a solução que não está nos palácios, mas em cada um dos sujeitos que compõem essa Nação. Como escrevi recentemente aqui e, sem ressentimentos, é preciso que cada um carregue suas certezas e trabalhe para que tudo funcione. Mas essa minha percepção parece mais associada a utopia do que propriamente uma ideologia. Neste sentido, já comecei a percorrer as páginas do livro do filósofo francês Paul Ricouer (1913-2005): A ideologia e a utopia. Assim que eu terminar, explicarei a vocês, meus caros leitores que apreendi daquelas missivas filosóficas.

 

Sucessão

Bom! Enquanto caminho páginas após páginas, fico pensando no quadro sucessório local. No ano passado, muitos diziam que ainda era cedo para falar sobre a temática, entretanto, nos bastidores frituras daqui e dali aconteciam, partidários históricos de determinas legendas abandonavam os barcos das agremiações ou eram expulsos, justamente no momento em que elas precisavam dos soldados infantes, aqueles chamados no Exército brasileiro de “Pé de poeira!” Não se sabe quais as razões levam um recruta, depois de muito tempo no front e galgar algumas graduações, desertar das fileiras de seu exército político-ideológico, mas de qualquer forma, a democracia pressupõe coisas desse tipo e quem faz parte do tabuleiro partidário sabe que situações similares acontecem no meio da jornada e da batalha pelo poder. Todos que analisam a sociedade, a partir de seu verniz político-partidário, sabe que tudo não passa de jogo e peleja pelo poder.

 

Féretro

Não é de hoje que escrevo que agora em 2020, a disputa eleitoral ficará sob a batuta do atual prefeito. Queiram uns e outros não! Primeiro, porque ele criou o atual postulante ao seu cargo, o ex-presidente da Câmara, Caíque Rossi. O desejo de fazê-lo o homem forte do Legislativo há quase oito anos, fez com que, antes mesmo de assumir o cargo de prefeito, este rompesse com o seu vice e foi toda aquela bazofia e farpas daqui e dali. Tanto é, que ele nem tirou férias para que o vice assumisse um tiquinho do mandato. Agora ele se afasta para o seu atua vice, outra criatura dele e de sua assessora Fátima Rahal, possa sentir o gostinho da cadeira de prefeito. “Vai lá e observe como é mandar numa cidade de 65 mil habitantes”, poderia ter pensado o gestor, mas pode até não ser isso, então sigamos o féretro da política local.

 

Trebelhar

Se por um lado teremos o ex-púpilo do atual chefe do Executivo, por outro teremos Carlos Alberto Feltrin, (MDB) que há oito anos era só amor aos petistas, em virtude dos cargos que ocupou no organograma governamental do PT durante os dois mandatos do ex-prefeito Joao Luís dos Santos (PT), e hoje é o braço-direito do atual prefeito que, na condição de radialista, descia o bambu na administração petista. Lembro-me dum episódio marcante daqueles tempos: o prefeito era João Luís e tinha uma entrevista para dar a uma emissora de rádio da cidade, e o entrevistador, observando o atraso do arauto petista, vociferou pelos microfones que a demora se devia ao fato de o gestor ter ficado entalado num dos buracos da cidade que mais se parecia um queijo suíço. Coisas da política e vamos ao trebelhar de 2020.

 

Despretensão  

Sequenciando os meus aforismas dominicais, não tenho a pretensão de ser o arauto de qualquer opinião, até porque, na condição de cientista social jamais vou externar meus credos e minhas preferências, principalmente no campo eleitoral, mas sempre observarei aqui, através dos meus olhares e reflexões semanais como analiso a peleja de logo mais, em que estarão frente a frente os dois Prometeus, criado pelo atual mandatário. Ao contrário do que aconteceu na mitologia grega em que o titã Prometeu ficou acorrentado, aqui se o eleitor não tiver a devida percepção da panaceia eleitoral, ficará acorrentado mais quatro anos sitiado em promessas ocas, como a vinda do AME (Ambulatório Médico de Especialidades). Lógico que houveram ganho, isso é notório, entretanto, se forem comparados com as estagnações, a soma será negativa. A Santa Casa de Misericórdia e o Pronto Socorro municipal que o digam, passando pelo fiasco que foi a tentativa de deixar, de forma unilateral, o CISA.

 

Disputas

Isso é a peleja lá pelos lados do Paço Municipal, mas quando o eleitor vira a alça de mira para o Legislativo em busca de um nome que possa ser reconduzido ao posto, o fiasco pode ser quase que total. Todos sabem que o atual mandatário, chefe do Executivo, já possui diversas condenações em segunda instância, portanto, sem condições de continuar no posto, entretanto, a Câmara deveria pedir o seu afastamento, mas o que de fato aconteceu? Nada! Todos fingiram ouvir uma andorinha e seu canto javanês sem entender o que se passava nos tribunais de Justiça local e Estadual. Isso é fato e nada de invencionices deste que vos escreve, meus caros leitores, contudo, como dizia o slogan daquele desenho animado Capitão Planeta: “O poder é de vocês!” Portanto, meus caros, que façam suas escolhas assim que as mercadorias políticas forem disponibilizadas no supermercado eleitoral de Penápolis. Só não vale reclamar depois da qualidade do produto adquirido em outubro. Feitas as aquisições, abrace-as por 48 meses e lembrem-se sempre do mito do Prometeu: ele foi condenado pelos deuses a erraticidade eterna por fornecer a esperança à humanidade. Eu do meu lado, enquanto as eleições não chegam, vou me divertindo com os versos confeccionados pelo poeta francês Charles Baudelaire (1827-1867) que compõem o livro As flores do mal. E na parte científica, a obra Sobre o estado, do cientista social francês Pierre Bourdieu (1930-2002). E-mail: gildassociais@bol.com.br; gilcriticapontual@gmail.com. www.criticapontual.com.br.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *