Olhar Crítico

Educação

Na última segunda-feira, 15, comemorou-se o dia do Professor! Data alvissareira, não somente para a sociedade nos parabenizar, mas e, sobretudo, refletir sobre o vital papel que temos na implantação da cidadania e na construção dum Brasil com futuro. Entretanto, em muitos casos, as felicitações ficaram restritas a essas manifestações, pois todos que militam nessa área sabem o quão árdua é a tarefa de auxiliar crianças e os adolescentes a transformarem informações em conhecimentos. Uma coisa que a maioria dos brasileiros está cansada de saber, todavia, sem apresentar uma saída viável, é que o profissional da educação é o mais desvalorizado no mundo do trabalho. Por que será?

 

Quase secreto

Parece-me que não precisa ir muito longe para entender porque o docente não encontra guarida na sociedade quando o assunto são suas demandas. Basta dar uma olhada na atual disputa presidencial para compreender porque o voto hoje, de secreto, virou declarado, mas não como opção e sim como um lado a se defender apaixonadamente com unhas e dentes, como se diz no jargão popular. Por que a paixão desenfreada está tomando conta de todos os rincões brasileiros, sem que haja um profícuo debate sobre o destino da Nação? Talvez porque exista a divisão entre nós contra eles. Se for isso, o mundo da política nacional está cada vez mais empobrecido. Sendo assim, a exemplo do que ocorre na área educacional, no qual a ausência de valores éticos e morais deixam estudantes sem limites, achando que podem tudo, na esfera eleitoral nacional o processo é o mesmo, ou seja, a falta de conhecimento do que se está em jogo lança todos numa guerra fratricida, o que me leva a recorrer ao pensador inglês Thomas Hobbes (1588-1679) – autor dos clássicos como o Leviatã e Do cidadão.

 

Thomas Hobbes

Para o autor de Elementos da lei natural e política¸ o homem vive, em seu estado de natureza, uma guerra de todos contra todos, transformando o indivíduo num ser violento quando o assunto é defender o seu quinhão. Dito de outra forma: o homem é lobo do próprio homem e nesse campo, não há razão que de jeito, somente um código normativo. Deixando o universo da Filosofia Política para outro momento e, me detendo no processo eleitoral de logo mais, o que se vislumbra até o momento é uma disfunção entre os lados da moeda em litígio eleitoral, conforme aventei em meu último artigo publicado aqui no INTERIOR. A ausência de racionalidade no debate tem afastado muita gente das discussões, já que na ausência de propostas coerentes, sobram apenas palavras de ordem, vociferações e muita violência abstrata.

 

Ausências

E uma das ausências que senti de ambos os lados do riacho político foram projetos e programas efetivos para o mundo educacional. Um quer ressuscitar coisas que já deixaram claras que não funcionam dentro duma proposta que mais se aproximam do populismo econômico. O outro, segundo seus asseclas, vocifera que é preciso militarizar a educação, como se todos gostassem de ordem unida e usar fardas. O que de fato o setor está precisando, em primeiro lugar, é de uma política de valorização do Magistério e não de bônus disso e daquilo, mas salário digno e plano de carreira com propostas claras como, por exemplo, especialização, mestrado e doutorado com benefícios no holerite no final do mês. Mas o que se tem no momento são programas paliativos que não solucionam a problemática. Além do estimulo efetivo à carreira docente, é preciso dar condições de trabalho aos educadores. Mas, ao que tudo indica, a maioria dos brasileiros está cega ou não quer enxergar que, sem a valorização da educação, o país continuará patinando e ficando ainda no mundo senzaleiro e primitivo.

 

Homenagens

E já que a temática é educação e a questão eleitoral, bem como a desvalorização do setor, quero parabenizar a senhora Ervinda Maria Borges Oliveira, que trabalha como merendeira na Escola Municipal Joana Helena Castilho Marques. Ela receberá o título de merendeira do ano. Os parabéns, mesmo que um tanto quanto atrasado se estendem ao meu amigo desde a adolescência, o professor de História, Marcos Roberto Peres que recentemente recebeu a outorga de professor do ano designada pela Câmara Municipal de Penápolis. Louvável essas honrarias, mas entendo que são pífias quando no dia a dia do docente a situação é completamente outra, tendo inclusive alguns passando por constrangimentos e ofensas raciais – crime inafiançável.

 

Machado de Assis

Até o momento em que está coluna era preparada para ser encaminhada ao jornal e ser publicada hoje, eu estava empenhado na elaboração da minha palestra envolvendo as enunciações machadianas. O evento aconteceria na tarde ontem nas dependências da escola estadual Joana Helena Castilho Marques, onde ministro aulas de Filosofia e História para o ensino médio. Objetivo fazer um panorama geral, situando às narrativas do autor de clássicos como Dom Casmurro, Quincas Borba, Helena e Memórias póstumas de Brás Cubas, entre outras. O fulcro será sobre o enredo que tem como protagonistas principais Capitolina e seu esposo Bento Santiago e o filho de ambos, Ezequiel. A temática diz respeito a um suposto adultério praticado pela heroína e amor de infância do narrador. Na próxima semana, publicarei aqui umas linhas sobre a palestra.

 

Literatura

Falar sobre um dos principais nomes da literatura brasileira e universal, isto é, Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), o enigmático criador da ABL (Academia Brasileira de Letras) é uma tarefa árdua, já que sua vasta contribuição ao mundo das letras é para lá de significativa e, creio que, por mais abrangente que seja uma palestra, ainda não dará conta de esgotar o tema quando o assunto é o famoso Bruxo do Cosme Velho e suas incursões pelo realismo francês por intermédio da intertextualidade como é possível observar em alguns de seus romances e crônicas. Por exemplo, uma que ele coloca voz aos burros que puxavam os bondes no Brasil Oitocentista que seriam substituídos pelos veículos conduzidos por intermédio da eletricidade. Neste texto, Machado recorre a um clássico da literatura mundial, As Viagens de Gulliver, do escritor irlandês Jonathan Swift (1667-1745). E-mail: gildassociais@bol.com.br; gilcriticapontual@gmail.com. www.criticapontual.com.br.

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