Olhar Crítico

Machado

Embora eu saiba “de cor e salteado” – como se diz no jargão popular – que as referências constantes ao escritor brasileiro Joaquim Maria Machado de Assis podem tornar, às vezes, enfadonhos os meus aforismas, início os meus olhares deste domingo – dedicado aos eternos enamorados – trazendo a baila um trecho do romance Memórias póstumas de Brás Cubas – constante na leitura obrigatória para quem vai prestar os vestibulares da FUVEST nos próximos três anos. Mas por que começar com o Bruxo de Cosme Velho? Eis a pergunta de hoje. Simplesmente porque o trecho destacado diz muito da política brasileira de outrora e de hoje, bem como a que é praticada na Capital Federal, nos Estados e nos municípios e na terra de Maria Chica não seria diferente neste momento pré-eleitoral.

 

“Ideia fixa”

Em determinado trecho do capítulo que leva o mesmo título deste aforisma, o narrador Brás Cubas, entre as suas confabulações de defunto-autor ou enunciador que se tornou defunto, faz a seguinte observação: “Quem não sabe que ao pé de cada bandeira grande, pública, ostensiva, há muitas vezes várias outras bandeiras modestamente particulares, que se hasteiam e flutuam à sobra daquela, e não poucas vezes lhe sobrevivem? Mal comparando, é como a arraia-miúda, que se acolhia à sombra do castelo feudal; caiu este e a arria ficou. Verdade é que se fez graúda e castelã… Não, a comparação não precisa”. Posto isto, fica-me a busca pela justificativa da utilização de tal assertiva destinada à compreensão dos meus leitores, principalmente aqueles que me acompanham aqui no INTERIOR desde o nascedouro desses aforismas.

 

Acordos políticos

Por mais que a cúpula petista tente negar, as reuniões visando empurrar goela abaixo dos correligionários, principalmente os históricos, uma parceria com PSD do pré-candidato ao mais novo alcaide de Penápolis, Caíque Rossi, veem ocorrendo com muita frequência, inclusive uma que aconteceu na noite do dia 02 de junho, quando eu publiquei nesta página o artigo Última dança eleitoral, na residência do petista Beto Fernandes. Informações dão conta de que alguns petistas, que estão na legenda desde a fundação da agremiação aqui em Penápolis, demonstraram veementemente seus descontentamentos com o que vinha sendo articulado nos bastidores da política local. Há ainda relatos dando conta de que se chegou a dizer que os interessados em tal parceria não eram petistas, mas sim, politiqueiros que caíram de paraquedas no partido na onda do sucesso do governo federal sob a chefia timoneiro do PT, o ex-presidente Lula.

 

Novas reuniões

Depois desse encontro, novas reuniões se sucederam, sempre com os históricos, entre eles, o meu amigo e professor de Língua Portuguesa, Geraldo Malta enfatizando a sua contrariedade com tal junção com o PSD de Caíque Rossi que, “até ontem” – conforme se diz no linguajar popular – era todo prosa com o atual prefeito, inclusive sendo seu ardoroso defensor na tribuna da Câmara Municipal, contudo, virou a página política e ele passa a ser o franco-atirador, querendo a todo custo colocar-se de paladino da moral e da ética da política local atacando o seu criador, objetivando angariar os votos da população, principalmente aqueles eleitores desavisados que, talvez por descuido, se esqueceram de que o arauto do PSD penapolense foi o voto que culminou com a cobrança da CIP. Durmam com um barulho desses!

 

Estômago

Até ai pode se dizer que tudo faz parte do mundo da política e, quem não tem estômago para digerir tais acordos, devem abandonar a barcaça e é o que pretende alguns petistas que estão sempre na linha de frente quando a temática é defender a legenda. Sabe-se que para arrefecer os ânimos exaltados desses integrantes do Partido dos Trabalhadores de Penápolis, os articuladores da parceria – ao que se sabe ninguém quer assumir a paternidade da criança, entretanto, os cargos, conforme apontei aqui no meu artigo já estavam até fechados como se a eleição já tivesse sido vencida pela coligação PSD/PT – tentam levar o PMDB junto. Sendo assim, se isso der certo, então teremos uma formação tri-partidária (PSD/PT/PMDB). Mas como em política tudo pode acontecer, aguardemos as cenas dos próximos capítulos da novela eleitoral, cujo desfecho será em outubro. Por ora, sabe-se que a costura vem sendo feita nos bastidores do PT, mesmo tendo um grupo de petistas que conversam diariamente via página de relacionamentos na internet e já fecharam questão em torno desse desejo de determinados correligionários que, inclusive ocuparam cargos nas duas gestões do ex-prefeito João Luís de fechar parceria com Caíque Rossi e seus apaniguados. Ou seja, não haverá parceria com o PSD!

 

Desespero

Informações extraoficiais dão conta de que, diante da possibilidade de melar a coligação que vinha sendo costurada com o PT – para muitos petistas históricos “na calada da noite” -, o homem forte do PSD, o ex-presidente da Câmara Municipal, já andou sondando alguns dirigentes do PV no afã de tentar uma parceira com os Verdes que tem dois pré-candidatos a prefeito: o Professor-doutor e engenheiro, Éder Granito, e o presidente de honra do partido local, o advogado, ex-prefeito e atual vice-prefeito, Ricardo Castilho – a escolha será feita pelos mais de 200 filiados no dia 30 de julho quando da convenção partidária. Tal tentativa foi veementemente rechaçada, tendo em vista que os vereadores que integram o grupo de Caíque Rossi, entre eles, Jonas Chamarelli, Lucas Casella e Rodolfo Valadão, abandonaram o Partido Verde depois de terem sido eleitos pela legenda criando o PROS, agremiação em que não ficaram muito tempo, pois se deixaram levar pelo canto da sereia entoado pelo mais novo “traidor” da política local, tendo em vista que virou as costas para o seu criador, o atual prefeito – que sonha em manter-se no cargo por mais quatro anos.

 

Lei 64/90

É preciso que se diga que para os anseios do arauto do PSDB sejam realizados, será necessário que este transponha duas barreiras: a primeira é a legislação, pois, conforme venho aventando aqui há algum tempo, há imbróglios com a Justiça que precisam ser equacionados e, até onde se sabe, mesmo recorrendo às instâncias superiores, de acordo com as próprias observações do prefeito, a jurisprudência que apontam a impossibilidade do atual chefe do Executivo conseguir o registro de sua candidatura, no entanto, como ainda não foi feita a solicitação, tudo não passa de especulações, contudo, os meus apontamentos estão escudados pela legislação, inclusive a lei 64/90, ou seja, a chamada Lei da Inelegibilidade associada à Lei da Ficha Limpa e a sentença desferida por órgão colegiado e transitada em julgado, como é o caso da decisão do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Sendo assim, aguardemos o pronunciamento das autoridades togadas.  Por hoje é só, na próxima semana abordarei questões educacionais, como por exemplo, o vestibular de inverno que a FASSP realizará para os cursos de Fisioterapia e Enfermagem. E-mail: gilbertobarsantos@bol.com.br; social@criticapontual.com.br; gilcriticapontual@gmail.com. www.criticapontual.com.br.

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