Olhar Crítico

Alerta

Diferente do que fiz nos aforismas dos domingos anteriores, neste começo meus olhares abordando uma temática fora das cercanias penapolenses e, por assim dizer, do Brasil. Trata-se do conflito bélico que se desenrola no Leste Europeu. Faz-se necessário ressaltar que, quando as linhas que se seguem eram produzidas, o Ocidente assistia às tentativas de Putin de transformar a Rússia numa ideia de grande Nação, a exemplo do que os romanos fizeram há mais de dois mil anos. Aquele que deseja saber mais um pouco sobre do que se trata esse excerto inicial, ou seja, do Império Romano, pode recorrer ao livro História da vida privada: do império romano ao ano mil [São Paulo: Companhia das Letras, 2021], organizado pelo arqueólogo francês Paul Marie Veyne.

 

Conflito

Para não me alongar muito nessa peleja entre o Leste Europeu, leia-se Rússia, e o Ocidente [liderado pelos EUA], penso que seja necessária uma leitura, tipo pente-fino sobre o que levou o mundo a se chafurdar novamente em pelejas econômicas e políticas. Tudo indicava que, com o fim da URSS no apagar das luzes dos anos 80, o mundo não sofreria novos revezes como aqueles que produziram as ideias fascistas, totalitárias e autoritárias dos anos 20 e 30 do século 20. Ledo engano! Conforme os cientistas políticos Steven Levitsky e Daniel Ziblat apresentam em seu livro “Como as democracias morrem” [Rio de Janeiro: Zahar, 2018], os signatários de ideias antidemocráticas contam sempre com a anuência daqueles que, na ótica do escritor russo Fiódor Dostoievski (1821-1881), trocam suas liberdades pelos líderes que lhe garantam pão e segurança. É preciso entender, por exemplo, a realização da Copa em 2018 na Rússia e quem sabe entender o que se passa no presente no Leste Europeu.

 

Eventos

A história está cheia de fatos que indicam o desejo atroz de líderes sanguinários se manterem no poder. Cito aqui de chofre, as Olimpíadas de Berlim em 1936 quando o afro-americano Jesse Owens (1913-1980) faturou quatro medalhas de ouro diante do nariz do ditador que comandava a Alemanha na época e ajudou a humanidade a escrever uma das páginas mais abjetas de sua história, aliadas ao escravismo africano e o tráfico negreiro. No Brasil, a conquista do Tricampeonato mundial de futebol em 1970, cujas partidas foram disputadas no México, foi usada pelos governantes ditatoriais da época como elemento de alienação. Se voltarmos ainda mais no tempo, depararemos com a política romana do pão e circo. Enfim, há uma miríade de eventos ao longo dos últimos três mil anos que fazem com que todos fiquemos atentos aos desdobramentos do Leste Europeu e enquanto isso, meus caros leitores, podemos ler, por exemplo, o livro da jornalista afro-americana Isabel Wilkerson: Casta: as origens de nosso mal-estar [Rio de Janeiro: Zahar, 2021] e do historiador Timothy Snyder: Na contramão da liberdade: a guinada autoritária nas democracias contemporâneas [São Paulo: Companhia das Letras, 2019]. Interessante notar que nos capítulos iniciais, o autor trabalha com as origens da ideia de uma Rússia Grande, a exemplo do que desejou os romanos até o século VI.

 

Pandemia

Deixando um pouco de lado a ignorância e o desejo de poder que, infelizmente contaminam a mente de centenas de milhares de pessoas levando o mundo à uma escalada global de violência, e me fixando, mesmo que de forma sucinta, nos problemas sanitários e de saúde pública: a pandemia que ainda grassa em nossa sociedade e aqui em Penápolis não seria diferente, pois de acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde, Penápolis havia registrado a 288ª vítima do vírus Covid-19. Claro que os números poderão ser outros quando meus leitores acessarem essas linhas que foram confeccionadas enquanto a semana caminhava para o seu final. Desta forma, é possível que a cidade tenha registrado mais notificações, superando os 16.449 casos. Quando essa problemática cessará, pode estar se perguntando o leitor que chegou até esse ponto de meus olhares. Há uma série de recomendações que as pessoas precisam seguir, entre elas, o uso correto de máscaras e a utilização de álcool gel, inclusive evitando aglomerações desnecessárias. Será que as recomendações científicas estão sendo seguidas ou prevalecem as toscas verborragias politiqueiras e outras atrozes demagogias?

 

Alimentação

Mudando de pato para ganso, como se diz no jargão popular, no próximo dia 12 de março, quem desejar degustar um dos pratos mais tradicionais da culinária brasileira, isto é, uma lauta feijoada pode participar da famosa “Feijoada do nazareno” que é realizada todos os anos pelos congregados da Igreja do Nazareno. O evento visa arrecadar recursos para que o templo, que está sendo construído na região do portal das Primaveras, seja concluído oferecendo conforto aos frequentadores e demais visitantes. Como das outras vezes, os interessados podem adquirir os convites com os integrantes daquela congregação religiosa e depois retirar a iguaria, entre as 12h e 13h no próprio estabelecimento que fica na rua Evandro Martins Delboni, 170 – Portal das Primaveras. Desde já desejo a todos uma excelente refeição.

 

Infanticídio

Novamente mudando o leme e a bussola de meus olhares neste último domingo de fevereiro, digo ao meu leitor que não poderia deixar de tratar aqui do caso que chocou a cidade quando uma criança, que ainda não tinha atingindo 24 meses de vida, faleceu e, de acordo com os laudos periciais – faltando ainda aquele que poderá indicar se a vítima sofreu ou não violência sexual antes de ir a óbito – provavelmente em virtude de maus-tratos que sofria. De acordo com o noticiário, o Conselho Tutelar havia sido informado dos fatos, mas ao que tudo indica, o endereço oferecido aos agentes não condizia com o imóvel em que o bebê era severamente seviciado. É preciso ter claro, meus caros leitores, que essa observação consta nos laudos e nas informações que a titular da Delegacia da Mulher forneceu à imprensa, inclusive ela pediu à Justiça a prisão temporária da mãe e do padrasto. Vamos aguardar o desenrolar das investigações que estão sendo realizadas, inclusive a oitiva dos dois adultos, entretanto, fico cá com uma dúvida: será que um bebê de pouco mais de 18 meses de vida teria condições de se automutilar?

 

Sociabilidade

Por tudo o que vem acontecendo nos últimos tempos, seja aqui na Princesa da Noroeste, como Penápolis era conhecida outrora, ou no Estado, no país ou no orbe, deixo aqui uma pequena interpelação feita pelo cronista e escritor João Pereira Coutinho, autor do livro As ideias conservadoras explicadas a revolucionários e reacionários [São Paulo: Três Estrelas, 2014]: “Os indivíduos precisam de outros indivíduos. E, entre esses, precisam dos seus indivíduos. Uma longevidade que não seja democrática é uma condenação à solidão. De que vale conhecermos novos mundos quando perdemos o único mundo que nos tornou reconhecidamente humanos?” [Matar saudades. Folha de S. Paulo, 18 de janeiro de 2022]. E-mail: gilcriticapontual@gmail.com, d.gilberto20@yahoo.com,   www.criticapontual.com.br.

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