Olhar Crítico

Números pandêmicos

Desejaria iniciar meus aforismas dominicais de hoje tratando de literatura, linguística e outras temáticas, entretanto, ainda estamos em plena pandemia e, em virtude disso, o primeiro tópico quase que crítico enfoca justamente essa problemática, envolvendo todos os setores da vida ativa da sociedade brasileira e global. Sendo assim, enquanto escrevinhava as linhas que se seguem, o Boletim Epidemiológico, da Secretaria Municipal de Saúde de Penápolis indicava que 15.652 penapolenses se contaminaram pelo vírus do Covid-19, sendo que haviam sido registrados 282 óbitos. Esses são os fatos, contra os quais não se têm argumentos plausíveis, apenas toscas verborragias propaladas por líderes que desejam a todo custo se manterem na crista da onda, mesmo que essa seja formada por mais de 650 mil cadáveres. Pensemos, eu e tu, meu caro leitor!

 

Infanticídio

Muitos já ouviram falar de homicídio, suicídio, bem como genocídio e também de infanticídio: delitos que, se eu não estiver equivocado, consta no Código Penal brasileiro, levando aos causadores ao banco dos réus. Na semana que se passou, o assunto era um só: a morte de uma criança que não chegou ao seu 24.º mês de vida. Imagens da menina, toda sorridente, foram espalhadas pelas redes sociais, inclusive um grupo de pessoas se aglutinou defronte ao prédio do Ministério Público local querendo respostas para as causas da morte da criança, pois acredita-se que ela tenha sido estuprada pelo padrasto, inclusive havendo denúncias anteriores de maus-tratos. Do meu lugar de fala, isto é, em meus olhares críticos, penso que as investigações apontarão o que de fato aconteceu e os motivos e quem negligenciou para que o bebê tivesse sua vida interrompida de forma abrupta e tão violenta.

 

Repetição

Como perguntar não ofende e não sentencia ninguém, sendo a inquirição um exercício filosófico, fico cá com os meus questionamentos alusivos à sucessão de tragédias como essa que se abateu sobre a criança de quase dois anos de vida. Por que, vira e mexe, para não dizer corriqueiramente, mães assistem pacientemente suas proles serem seviciadas por namorados que não têm nenhum vínculo afetivo e biológico com os filhos alheios? É preciso ter claro que isso não é regra, portanto, a inquirição reside na exceção, pois se fosse o contrário, diria que estaríamos vivendo num mundo pós-civilizacional ou ainda pré-humano. Já escrevi uma miríade de vezes sobre isso e ainda assim, situações de violências domésticas, tendo bebês e crianças como vítimas fatais, continuam a acontecer e, em alguns casos, os algozes chegam a ser acobertados pelos pais biológicos. Portanto, reprisar cenas dantescas e momentos de terror que aquela criança vivenciou, só aumentará o sofrimento daqueles familiares. Entretanto, fico aqui com uma interpelação: os agressores podem ser adjetivados como humanos?

 

Blitz social

Deixando essa problemática com as autoridades policiais e judiciais e me concentrando em outra temática que parece não ter solução em nossa cidade: questões envolvendo o universo social. Quem caminha diariamente pelas áreas centrais de Penápolis se depara constantemente com pedintes e esmoleiros. Sabe-se que a situação está periclitante, entretanto, me parece que as autoridades escolhidas pelo atual gestor para a área social poderiam olhar com uma maior acuidade sobre essa problemática. Num certo dia da semana que terminou ontem foi possível flagrar uma mulher, com uma criança nos braços pedindo dinheiro próximo a uma agência bancária da cidade. Dois quarteirões à frente outras pessoas querendo dinheiro para se alimentar. Pode-se seguir o lema “daí comida a quem tem fome”, entretanto, creio que a municipalidade, arrecadadora de tributos, poderia criar planos emergenciais, inclusive fazendo blitz para ajudar os pedintes a se alimentarem.

 

Educação

Outra temática que tem espaço garantido entre os meus olhares dominicais é a educação. É significativo os pais observarem que a área não pode ser compreendida como custo e sim investimento, cujo retorno é certo, conforme pode atestar os familiares dos estudantes que ingressam nas principais universidades brasileiras, como o calouro do curso de Matemática Aplicada e Computacional, oferecido por uma das faculdades que formam a USP (Universidade de São Paulo) – importante centro de educação universitária do mundo Hyan Marques Neves Tuzi. Ele foi discente da EE Prof.ª Yone Dias de Aguiar, e meu aluno quando estava no 1.º ano do Ensino Médio. Com a aprovação nos concorridos vestibulares da FUVEST, o calouro inicia uma nova jornada no mundo científico. Pelo feito, Hyan foi parabenizado pela equipe escolar.

 

Escolas particulares

As escolas particulares também começam a divulgar os nomes de seus terceiranistas que foram aprovados nos principais exames seletivos das mais significativas universidades brasileiras, como USP, UNESP e Unicamp. Esse é o caso do Colégio Futuro/COC que observa anualmente crescer o número de seu alunato figurando nas listas de ingressantes nesses centros. A exemplo do que acontece nas instituições públicas, também nas unidades privadas, é preciso um esforço de todos aqueles que fazem a educação ser o diferencial na vida das crianças e adolescentes. Aqui penso mais no que diz respeito aos pais, pois é dever deles e não dos filhos serem encaminhados para a escola, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente. É necessário acompanhamento diário na vida estudantil dos rebentos; participação ativa nas reuniões pedagógicas e atender aos chamados que as equipes gestoras fazem.

 

Literatura

Quando alguém me solicita uma indicação de leitura, digo sempre que são tantas as opções e gêneros que é preciso olhar primeiro para o gosto do meu solicitante. Mas é sempre bom apresentar algumas coisas, principalmente no que diz respeito ao material que estou lendo no momento e isso significa tecer alguns comentários sobre o livro de Angela Davis: Mulheres, raça e classe ou de romances lidos há algum tempo que ainda é possível vislumbrar as marcas deixadas em minha alma, como é o caso das enunciações presentes no clássico da literatura alemã: Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister, do escritor Johan Wolfgang von Goethe (1749-1832). Há ainda o livro da professora e filósofa Djamila Ribeiro: Cartas para a minha avó. Essa obra é interessante justamente pela maneira como o conteúdo está disposto ao longo das 198 páginas. Tem ainda o romance Diácono King Kong, do norte-americano James McBride. Como podem observar meus caros leitores, a lista é grande e, neste sentido, voltarei a ela nos meus próximos olhares críticos. E-mail: gilcriticapontual@gmail.com, d.gilberto20@yahoo.com,   www.criticapontual.com.br.

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