Olhar Crítico

Pandemia

A pandemia ainda é assunto em diversos pontos do orbe e em Penápolis não seria diferente. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, até o momento em que este colunista escrevinhava essas linhas, os leitos de UTI da Santa Casa de Penápolis, destinados aos pacientes contaminados com as variantes do Covid-19, estavam todos ocupados, sendo que haviam sido registrados 280 mortes, das quais 160 homens e 120 mulheres. Parece-me que não há mais o que dizer sobre a periclitante situação do presente, quiçá questões alusivas à sujeitos sociais que descreem da eficácia da vacina, bem como a inexistência ainda de um calendário específico para contar a pandemia, porém o governo paulista já anunciou a aplicação da quarta dose.

 

História

Interessante recuperar nesse ponto um olhar marxiano, segundo o qual, a história se repete: uma vez como farsa e outra como tragédia. Neste sentido recordo aqui um fato importante na História Brasileira: a revolta da vacina. O levante aconteceu entre os dias 10 e 16 de novembro de 1904 e, inicialmente, seu sentido seria a contrariedade duma lei que obrigava a vacinação contra a varíola, entretanto, uma análise mais detalhada dos acontecimentos podem levar o pesquisador a encontrar outras causas, como a reforma urbana promovida pelo prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos e outras medidas sanitárias encabeçadas pelo médico Oswaldo Cruz. Aos interessados recomendo a leitura da obra A revolta da vacina, confeccionada pelo historiador Nicolau Sevcenko (1952-2014).

 

Gripe

Se no começo do século XX, os cariocas se revoltaram contra a adoção de uma medida sanitária como a vacinação para combater a varíola, entre 1918 e 1920, não somente o país, mas o mundo, que estava vivendo os resquícios da Primeira Guerra Mundial, era assolado pelo que a historiadora, Lilia Moritz Schwarcz, chama de “A bailarina da morte” em um de seus livros sobre o nosso país. Todos sabem que a Gripe Espanhola ceifou a vida de um presidente do Brasil, além de levar milhões de pessoas à morte e, assim como no presente, lá também haviam aqueles que se recusavam a adotar os expedientes necessários para proteger o seu semelhante de contágio. Como meus leitores podem compreender, a meditação medievalista em que há o questionamento para quem os sinos dobram, já deveria ser observada em nossa Nação nas primeiras décadas do século XX.

 

Infância

Deixando um pouco a questão da pandemia de lado, mas de certa forma, mantendo-me nela, já que a temática diz respeito ao universo infantil, é preciso que as autoridades que cuidam do setor se atentem para o fato de que crianças, que deveriam estar dormindo ou se preparando para irem às creches, acabam acompanhando os pais ou os adultos da casa durante os périplos desses sujeitos pelas ruas da cidade, revirando os sacos verdes que as pessoas deixam nas calçadas para serem recolhidos pelos cooperados da Cooperativa de Recicladores de Penápolis [Corpe]. Não se pode permitir que esse tipo de ação ocorra com frequência, tendo em vista que a municipalidade disponibiliza vagas no sistema educacional da cidade. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

 

Cidadania

Lembremos sempre que a cidadania tem início quando a população observa, de maneira correta, seus direitos e deveres. Lógico que os políticos, em períodos eleitorais como esses em que o orçamento federal está nas mãos dos representantes do legislativo nacional mais atento às suas reeleições, propalam isso e aquilo, inclusive instrumentalizando seus cabos eleitorais em diversos setores da vida ativa na polis. Entretanto, é sempre bom ter em mente que essa categoria social, que não necessita de formação específica, conquista vagas no Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais prometendo “mundos e os fundos” como se diz no jargão popular, mas depois que conquistou o voto, a situação muda de figura. Olhemos com a devida acuidade essas questões envolvendo o universo infantil.

 

Educação

E já que a questão é educação, este colunista que vos escreve semanalmente não poderia deixar de evidenciar a saída do agora ex-secretário Zeca Pançonato da titularidade da assessoria de Educação do atual prefeito, Caíque Rossi (PSD). É sempre bom recordar que o professor e biólogo Zequinha, como é conhecido em seu ciclo de amizades, já havia ocupado o mesmo posto na gestão do antecessor do atual mandatário. É de bom alvitre também evidenciar, neste aforisma, o fato de o atual chefe do Executivo ter mantido, num passado não muito distante, laços de amizade com o prefeito que o antecedeu no posto, mas depois foi cada um para o seu lado, sendo adversários no último pleito. Coisas da política, diriam aqueles mais afoitos em definir situações que somente o tempo histórico é capaz de explicar.

 

Social

Permanecendo ainda no universo educacional, a informação diz respeito às cidades que compõem a comarca de Penápolis, mais especificamente os municípios de Alto Alegre, Avanhandava e Luiziânia. Essas três localidades têm vagas para serem preenchidas no projeto Guri, na modalidade música. São 35 vagas em Alto Alegre, 25 em Avanhandava e 81 em Luiziânia. Para quem não sabe, o projeto Guri é um programa sociocultural do governo paulista, desenvolvido por intermédio da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa, objetivando capacitar novos músicos e musicistas. Aqueles que tem o dom para a área, tem aí uma grande oportunidade.

 

“Algoritmo”

Em tempos de tecnologia digital, trabalho desenvolvido por máquinas e robôs projetados para facilitar a vida moderna, mas também para trazer inquietações quanto ao futuro, principalmente naquelas mentes que, quiçá as velozes mudanças na vida ativa em sociedades, ainda teimam em se manter focadas em comportamentos medievais, desejo compartilhar com os meus leitores dominicais os versos contidos no poema Algoritmo que faz parte do livro “Geometria do acaso”, publicado pelo poeta e literato fluminense Luciano Lanzilotti. “Por trás de tela iluminada/que nos capta com imagens e/palavras. Não humano indica aniversários,/passeios, velórios/a serem vistos e/replicados. Enquanto descansa em/alguma aldeia afastada/sem luz e wi-fi,/cuidando de hortas,/lendo livros para os filhos,/o criador do algoritmo” [São Paulo: Editora Dialética, 2021, p. 105]. E-mail: gilcriticapontual@gmail.com, d.gilberto20@yahoo.com,   www.criticapontual.com.br.

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