Olhar Crítico

Violência

Alvissareira a temática da última reunião do Conselho Comunitário de Segurança de Penápolis (Conseg) enfocando a problemática da violência doméstica. Interessante notar que existem diversas formas de se agredir alguém, seja esposa, esposo ou filhos que podem ultrapassar a esfera física, portanto, invisível porque não deixa marcas espalhadas pelos corpos das vítimas, mas sim no seu existir psíquico. Outro ponto a ser ressaltado aqui é, se for possível, especificar quando é que essas agressões acontecem em sua maioria, isto é, se nos finais de semana; durante a semana e averiguar o estado psíquico do agressor.

 

Pandemia

Sabe-se que há mais de 18 meses, a sociedade brasileira vive sob o auspício da pandemia do Covid-19 e muitas questões, que eram sempre postergadas por várias razões, porém quando os seres que tem lá suas questiúnculas para serem equacionadas passam mais tempo debaixo do mesmo teto, não se dissipam e aquela tensão nunca desaparece, como quando os corpos estão distantes. Sei que a explicação é tão simplória assim, bem como de solução simplicista, contudo, a problemática tem se agravado por conta da pandemia. Sendo assim, é o desafio de toda a sociedade equacionar o problema, objetivando a redução dos conflitos dentro dos lares, que afetam diretamente a existência dos filhos, e refletem dentro das unidades educacionais.

 

Diálogos

No pretérito dos nubentes tudo parecia ser flores e rosas, contudo, depois que o desejo de cada um dos formandos do casal se consubstancia com o do parceiro, tudo parece ter modificado e aquela antiga canção de infância em que o refrão dizia que “o cravo brigou com a rosa em frente da minha casa. O cravo saiu ferido e a rosa despedaçada” pode externar bem o que pretendo enunciar nesse último olhar crítico de outubro. Conforme a narrativa da matéria publicada por este jornal na semana que terminou ontem, os números indicam que a coisa anda periclitante e isso diz respeito aos casos notificados, entretanto, há a violência psicológica e simbólica, na maioria das vezes, tendo o homem como algoz e a mulher como vítima, reproduzindo um quadro milenar desta sociedade patriarcal e tribal.

 

Aristóteles

Aristóteles, em seu livro Ética a Nicômacos, explica que o amor, ou melhor, a amizade se constrói a partir do conhecimento que cada um dos amigos tem de si e a partir daí se observa no outro o seu complemento. Sendo assim, creio que o amor que muitos casais juram sentir antes de colocar uma aliança no dedo da mão esquerda deve seguir esse preceito, pois a amizade acaba quando um elemento norteador desse singelo sentimento é quebrado: a ética. As relações devem sempre ser pautadas pela prática, segundo a qual, não se deve fazer com o outro o que não se deseja para si. Neste sentido, eu vos pergunto, meu caro leitor: o que leva uma pessoa a agredir a outra, seja de que forma for e ainda mais tendo jurado a ela amor eterno, como dizia o poeta Vinícius de Moraes (1913-1980).

 

Platão

Outro pensador dos tempos da Grécia Antiga, Platão dizia que no princípio de sua existência, a Terra era povoada por titãs hermafroditas, além de possuir tudo duplicado. Os deuses com medo do poder desses seres, resolveram separá-los em duas partes, indo um para cada lado e desde aqueles tempos imemoriais, os entes, resultantes dessa partilha, têm se procurado insistentemente no afã de se completarem. É como diz aquele velho adágio: cada tampa tem a sua panela. É estranho quando o conjunto está formado, ou a tampa ou a panela apresenta defeito, avaria ou o príncipe ou princesa viram batráquios.

 

Vir a ser

Há ainda aquela velha prática de os nubentes edificarem seus relacionamentos na ideia de que depois do casamento, a outra parte se modifica, se ajustando ao nubente. Parece-me que a coisa não se processa desta forma. Creio que os defeitos tende a ser acentuados, pois aquilo que era objeto de desejo foi conquistado e todos se acomodam nos preceitos norteados pelos pronomes possessivos e aí nenhuma das partes querem ceder, sempre transferindo ao outro o principal defeito da relação. “Ele é isso”, “Ela é aquilo”. Mas não namoraram, não se prometeram? Não se conheceram? Ou acreditavam que tudo ia mudar depois do sim, da troca de escovas, de os dois corpos ocuparem a mesma cama e casa?

 

Vacinação e vacilação

Preocupante os números divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde, segundo os quais. mais de cinco mil penapolenses deixaram de tomar a segunda dose da vacina que ajuda no processo de imunização contra o Covid-19, provocado pela variante do H1N1 [vírus que provoca a gripe], porém, em sua fase mais letal, levando em conta que já matou mais de 600 mil brasileiras e mais de 250 penapolense. Por esses dados, divulgados por este jornal, dá para entender o quanto o cidadão está preocupado com essa pandemia, fazendo com que eu ressalte novamente o épico poema “para quem os sinos dobram”. O medicamento existe e as pessoas simplesmente não tomam. Tenho certeza de que muitos que perderam a vida, desejavam que a vacina já tivesse pronta e distribuída para a população.

 

Filosofar

Talvez por isso que observação feita pelo pensador Karl Jaspers (1883-1969) é tão significativa para o agora como o fora no pretérito da humanidade, portanto, no vir a ser do homem contemporâneo também. Segundo o autor do livro Introdução ao pensamento filosófico, “a filosofia se destina ao homem e a todos diz respeito”. Neste sentido é que vos pergunto meus caros leitores: o que leva o indivíduo, em plena pandemia, sabendo da necessidade de se imunizar, deixar de tomar a segunda dose da vacina? Não sou douto em leis e nem magistrado para decretar sentenças a quem quer que seja, entretanto, creio que há aí uma ausência de empatia pelo seu semelhante. Dito de outra forma, falta de se colocar no lugar do outro, compartilhando a dor de quem perdeu um ente querido para a Covid-19.

Política

E já que estou tratando de filosofia, incluindo aí o que há de mais interessante no universo da materialidade humana: o questionamento. Pensando em Sócrates, sua maiêutica metafísica, vos pergunto, meus caros leitores, o que é mais importante: a pergunta ou a resposta? Para auxiliar na construção da resposta, recomendo, além do livro de Karl Jaspers, apresentado no aforisma anterior, a obra O povo contra a democracia: por que nossa liberdade corre perigo e como salvá-la. A outra indicação é o trabalho do antropólogo Celso Castro, O espírito miliar: um antropólogo na caserna. E-mail: gilcriticapontual@gmail.com, d.gilberto20@yahoo.com,   www.criticapontual.com.br

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