Olhar Crítico

Sociedade

Dizem que nós, cientistas sociais, ficamos presos em demasia num país que se foi, portanto, pretérito que não se consubstanciará no futuro do país, entretanto, é preciso esclarecer alguns pontos que considero importantes: o que se vive no presente é consequência direta do que foi planejado, projetado e colocado em ação no passado. Desta forma, o racismo estrutural que governa os brasileiros no aqui e no agora é fruto de ações incompletas adotadas no Brasil Oitocentista. Olhando para aqueles dias, a partir de farta documentação e material histórico, é possível entendermos que ajustes precisam ser feitos no presente. Desta forma, compreendo que não é preciso milagres, pois somente o universo mítico pode conceber tais ações ou algo que permanece no imaginário e inconsciente coletivo, mas sim comportamentos, leis e é claro uma dose enorme de vontade de sepultar hábitos pretéritos.

 

Cidadania

Posso, neste primeiro domingo, depois da comemoração dos 199 anos da Independência, especular sobre os diversos equívocos cometidos pelos governantes desde o distante sete de setembro de 1822, bem como da elite nobiliárquica que gravitava em torno do trono, dançando ciranda com a burocracia recém desembarcada de Lisboa, entretanto, optarei apenas por me manter no campo educacional e os direitos que definem os níveis de cidadania presente numa sociedade, conforme nos apresentou José Murilo de Carvalho em seu livro Cidadania no Brasil: o longo caminho [Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001]. Mantendo o olhar naquele passado que ainda se faz presente de maneira bem fecunda, digo-vos, meus caros leitores que, enquanto o Brasil não equacionar seu descaso pretérito com a educação, continuará, mesmo tendo exterminado o escravismo, vivendo o sistema que foi mantido por ele.

 

Educação

É neste sentido que busco no filósofo genebrino, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) a ideia segundo a qual a educação é a principal ferramenta para que o homem se emancipe, se tornando responsável pela construção do seu futuro e não apenas um sujeito que arrasta os grilhões que o mantêm nas dores e no sangue negro que ainda mancha o chão entre a senzala e a casa-grande. Mas, qual é o motivo que faz com as autoridades constituídas e seus asseclas tratem essa área de forma tão vil, a ponto de o professor, uma espécie de infante, pois está diariamente diante do aluno que o guarda para ser ajudado a transformar informação em conhecimento, se sentir alijado do processo de existência social. De acordo com o pensador jusnaturalista, somente por intermédio da educação é que o homem poderá retornar ao princípio que o norteia enquanto um ser racional e construtor de uma sociedade igualitária. Neste sentido, recomendo a leitura do livro Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens [Porto Alegre, RS: L&PM Pocket, 2016].

 

Prioridade

Se por um lado, a educação parece não ser a prioridade do Estado, olhando com a devida acuidade a maneira como os profissionais da área são tratados, por outro, entendo que os pais podem alterar o campo de visão no que diz respeito ao universo do presente e o futuro enquanto consequência do primeiro. E isso pode ocorrer a partir do momento em que compreenderem a educação não como custo e sim investimento, no qual o retorno é acertado. Claro que há as exceções, entretanto, precisa-se analisar o que se pensa no aqui e no agora buscando a construção de um forte alicerce para que a casa profissional seja robustecida de conhecimento, clareza, humildade e compreensão de que todo o futuro se faz com aplicações realizadas no presente e, neste sentido, é que entendo a educação como o principal investimento feito na vida dum sujeito social. Desta forma, quem pode começar são os pais.

 

Futuro

E já que a temática é a educação enquanto investimento, o colégio Futuro está com inscrições abertas para o seu concurso anual de bolsas para o ano letivo de 2022. O evento destina-se aos estudantes que frequentarão os anos finais do ensino fundamental (6.º, 7.º, 8º e 9.º anos) e para os três anos do Ensino Médio (1.º, 2.º, 3.º). As avaliações presenciais acontecerão no dia 9 de outubro, iniciando às 9h com término previsto para as 12h no campus do colégio. Os percentuais de descontos nas mensalidades serão definidos a partir do desempenho dos candidatos. Os pais e estudantes interessados podem acessar o site http://abre.ai/bolsasfuturo até o dia 08 de outubro.

 

Flanando

Recordo aqui, meus caros leitores, de uma frase que pode, em algum momento, ter passado despercebido por algumas pessoas, entretanto, creio que muitas já a ouviram em determinado momento de suas existências corpóreas. A observação diz que se a sociedade educar as crianças, dificilmente precisará punir os homens. Se isso é fato e eu tendo a concordar com o dito, fico cá com uma interpelação: por que, para muitos pais, é tão difícil educar os filhos? É possível ouvir vozes surrando aqui e ali dizendo que o mundo não deixa, entretanto, qual é o universo da criança? O primeiro contato dela com o mundo material e efêmero é na rua ou dentro de casa?

 

Ciclos

Já escrevi sobre essas questões aqui e em outros lugares e, na condição de educador compreendo os esforços que todos os pais fazem quando o assunto diz respeito ao universo dos seus filhos, entretanto, é sempre bom referendar que a criança de hoje será o adulto de amanhã e o pai do presente o idoso e avô no pretérito, então, em minha singela observação, precisamos todos serem e viverem como plantadores de tâmaras, cujas colheitas serão feitas pela sociedade. Levando em conta que o bebê de hoje será o jovem de amanhã e o adulto no dia vindouro, então nos ocupemos no presente de encantar com educação e maestria o futuro do orbe.

 

Democracia

Enquanto estou aqui produzindo os aforismas que vocês, meus caros leitores, leem dominicalmente, a situação na capital federal continuava periclitante, indicando que há necessidade de uma dose de razão, reduzindo o combustível emocional das pessoas que acham que tudo se resolve na verborragia, no grito, nas palavras de ordem e atropelando o sistema e suas instituições. Não se pode conceber nenhum cenário político, mesmo que o atual esteja carcomido pela incompetência, diferente do que preconiza a democracia. E isso! E-mail: gilcriticapontual@gmail.com, d.gilberto20@yahoo.com,   www.criticapontual.com.br.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *