Olhar Crítico

Pesares

Início meus olhares dominicais rendendo homenagem a um grande amigo, cuja vida foi ceifada no meio da semana que terminou ontem. O ser em si deste primeiro aforisma é o jornalista e colunista social deste jornal Amaury Pavão. Assim que iniciei a publicação desta coluna aqui no INTERIOR –e lá já se vão para mais de duas décadas, entre uma interrupção e outra -, recebi as primeiras palavras de estímulos e correções no que diz respeito ao apuro textual e o respeito à norma culta da Língua Portuguesa. Amaury Pavão também pertencia ao movimento espírita de Penápolis ao qual, sem dúvida alguma, fará uma enorme falta, mas sabe-se que lá, de onde estiver, ele continuará em nossas memórias e, no meu caso, com suas pertinentes observações que sempre me foram significativas, pois Amaury Pavão sabia da predileção que tenho por Machado de Assis (1839-1908) e em virtude disso não foi uma e nem duas vezes que, em achando material desse singular escritor, dizia ser necessária a minha presença em sua residência e, lá chegando, vinha ele com um envelope contendo os materiais que os guardo até hoje aqui junto à minha hemeroteca.

 

Escritores

E já que comecei enfocando o célebre escritor brasileiro Machado de Assis, creio que seja interessante que meus leitores conheçam um pouco as enunciações poéticas de uma aluna do 3.º Colegial da EE Joana Helena Castilho Marques, para quem ministro aulas de Filosofia e Sociologia. Trata-se de Melissa Rubin Pinto. Ela já vem rascunhando uns versetos há algum tempo, dos quais vou dividir um com vocês, meus caros leitores. “Tem um gato encima da minha casa/A gatoteira pinga e alaga/Em minha cama não ouço, não vejo/Só o gato esfarrapado/Que insiste em miar no meu telhado/A noite ele vem/De dia ele sai/Mas sempre volta/Com mil amigos mais/O som de suas garras sendo afiadas/Sinfonia do Pânico/Gato esfarrapado/Sai de cima do telhado/Deixa eu dormir/Na escuridão do meu quarto. Parabenizo-a pela narrativa poética.

 

Games

Para os meus leitores que apreciam um quantum do mundo dos games, informo que o estudante de Física da USP-São Carlos, Miguel Francisco Minotti dos Santos prepara para breve o lançamento do jogo Sophie. Ele, que até o ano passado era aluno do Colégio Futuro aqui em Penápolis conquistando uma viagem para a NASA num concurso de redação realizado pela Uni salesiano – amplamente divulgado em 2019 pela mídia local e regional – conta um pouco do seu processo criativo em uma entrevista concedida ao Sensei’s channel – canal norte-americano de entrevistas no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=ephc9Iu3aTQ&feature=youtu.be&fbclid=IwAR2AvD1FPYflojtn9yEm9jhSJJbAtZYgbWP2IFAv9uJ4Qhizz9fNXK0A_vU. É uma excelente oportunidade aos que apreciam o universo dos jogos eletrônicos.

 

Pandemia  

Até o momento em que este colunista confeccionava as linhas anteriores e as que se seguem, estava previsto para amanhã o retorno para o funcionamento do comércio penapolense. Tenho cá meus olhares e ponderações, justamente por considerar ainda complexa a medida, todavia, o governador João Dória (PSDB) havia afirmado, lá atrás, que em meados de junho estaria previsto a flexibilização do isolamento social, levando sempre em conta os dados das autoridades sanitárias e de saúde do Estado. Sei que cada sujeito social se coloca no trebelho pandêmico de acordo com o posicionamento de suas peças no jogo econômico da vida moderna e, como diz no jargão popular, cada um sabe onde o sapato lhe aperta e, em virtude disso, precisa batalhar muito, principalmente se, além dele, haver outros dependentes das mercadorias e pessoas que faz circular – mais as últimas, pois no universo das redes mundiais de computadores as coisas podem e já estão sendo modificadas com lojas virtuais.

 

Números

Em Penápolis desde que o problema começou com a morte do primeiro cidadão contaminado pelo Covid-19, foram 13 os casos confirmados, o que torna significativa a reflexão, se for levado em conta que a cidade possui aproximadamente 65 mil habitantes – me corrijam os que tiverem os números exatos. São poucos os casos, se comparado com outras localidades em que a coisa está degringolando. Mas seriam esses dados fatores determinantes para a flexibilização? Quem passou pelas ruas principais do município pode perceber o grande fluxo de pessoas, muitas delas, sem o uso de máscaras, tornado obrigatório por determinação do governo. Sendo assim, fica-me uma pergunta: se a abertura vai ser seguindo um protocolo, quem vai fiscalizar a não utilização das máscaras e outros apetrechos de segurança sanitária?

 

Bom senso

Muitos dirão que, além da ação dos comerciantes, é preciso confiar no bom senso dos sujeitos sociais. Fica-me uma nova interpelação: bom senso de quem acha que o vírus é um nada? Será que o dono de um estabelecimento comercial irá recomendar a retirada de um cliente que estiver sem máscaras? Meus caros leitores, são apenas interpelações que faço, levando em conta que a vida precisa continuar, a economia de respiro, contudo, também é necessário que cada um tenha consciência, pois quando um for contaminado – sabe-se que poderá infectar outros tantos e ai os dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) não deixam este colunista dialogar com os ventos e areias do deserto – haverá grandes riscos de se registrar um salto no número, conforme já apontava na última 5.ª-feira, quando foi anunciado que haveria a partir de amanhã flexibilização do isolamento social no Estado de São Paulo.

 

Mudanças

Como cada um de nós sairá desse sistema pandêmico? Há quem acredite que a sociedade brasileira estará dividida em dois flancos formados por aqueles que aproveitaram o isolamento social para fazer as devidas reflexões sobre o sujeito social e o indivíduo em si, observando o quanto o egoísmo, o egocratismo é prejudicial ao convívio harmônico e aqueles que, pensando de outra forma, computarão os prejuízos, principalmente no campo econômico. De qualquer forma, entendo que refletir profundamente sobre isso e tudo o mais que envolve a vida ativa e afetiva na sociedade não deveria ocorrer apenas agora em que a maioria está segregada em seus domínios que chamam de casa e outros classificam como sendo um lar. Como dizia o cantor e compositor Raul Seixas, “eu do meu lado aprendendo”, diria que, pelas últimas notícias e pela peleja vindo dos palácios brasilienses, o humano que habita o Brasil tem muita coisa para aprender, principalmente no que diz respeito à solidariedade. Observo isso quando vejo pessoas que não estão usando equipamentos de proteção contra a contaminação pelo Covid-19. É isso que temos para este domingo. E-mail: gilcriticapontual@gmail.com. www.criticapontual.com.br.

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