Olhar Crítico

Prevenção

Por que será que é tão difícil no Brasil, o brasileiro entender o que significa prevenção? Será que se está acostumado apenas a remediar? À primeira pergunta poder-se-á responde-la com a seguinte observação: somente através da educação e do pretérito consegue-se fazer com que o cidadão entenda que o presente em que ele vive é crítico. Não preciso nem dizer sobre o que estou abordando aqui: da pandemia que grassa o mundo, ceifando vidas, seja de que idade for. Evidenciando que o bafejo do óbito e o cheiro do sepulcro está lá fora. No segundo caso, talvez por isso que a saúde é um dos setores mais complexos da sociedade brasileira, sendo motivo de propagandas enganosas junto ao eleitorado.

 

Intervenção

Desta forma, entendo as medidas que o prefeito de Penápolis adotou, ou melhor, decretou objetivando a preservação da vida ou, pelo menos, diminuir as chances de contágio pelo vírus letal que varre a sociedade e assombra o homem, seja ele capitalista, burguês, comerciante, comerciário e não adianta ficar berrando o direito de trabalhar para que o isolamento social seja arrefecido: a Itália é um bom exemplo do que estou externando aqui! No decreto municipal, haverá limites para indivíduos dentro dos supermercados. E por que tal medida precisa ser adotada? Porque o sujeito não entende que a sua circulação pela sociedade pode lhe ser prejudicial. Já que o ser que se quer social não compreende ou não aceita, dá-lhe medida de contenção.

 

UTI

Entendo o gestor, justamente por conta da situação em que o setor de saúde da cidade se encontra. Há na Santa Casa local oito leitos na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para tratamentos urgentes e desses, metade está ocupado por quatro casos de pacientes acometidos pelo vírus. Observem uma conta rapidinha: se cada um desses contaminados, infectou mais cinco, então imagina como estará a situação nos próximos dias: 20 casos, pulando em seguida para 100 e depois 500! Então, parabenizo o chefe do Executivo que tomou a decisão, claro que não foi unilateral, mas após reunião com representantes do setor supermercadista de Penápolis. Agora só falta o sujeito social se convencer de que o problema é sério e que todos devemos colaborar até que os ventos da morte que sopram da Ásia desapareçam. E como fica a vida até lá?

 

Economia

O empresário, o comerciante deve-se estar com a cabeça quente para equacionar sua problemática. Aliás, todos nós estamos cá com o pensamento antenado sobre como será o dia depois de amanhã, fazendo alusão a diversos filmes e textos que tratavam, ficcionalmente de uma suposta hecatombe nuclear. Entendo, conforme já aventei aqui neste espaço, que é preciso ação e o papel agora é do Estado, que somente funciona a partir dos tributos, taxas e impostos pagos pela população. Portanto, o momento é para que os cidadãos tenham o retorno garantido. Sabe-se que já foram liberados linhas de créditos aos empresários e patrões para quitarem suas folhas de pagamento. Portanto, não há porque o terrorismo de demitir porque a cadeia circulante quebrou.

 

Soluções

No final do ano passado pude saborear as páginas que compõem o livro Desqualificação social: ensaio sobre a nova pobreza, do cientista social Serge Paugam. O francês analisa as novas formas de associação que estavam surgindo na França como mecanismo para driblarem as forças das gigantes corporações que avançavam sobre toda a vida na Terra num processo global de exclusão e miséria, fazendo com que seus executivos inflassem seus balanços objetivando salários cada vez mais estratosféricos. Em 2008, a crise econômica tirou o tapete que escondia o lixo, todavia, não foi o suficiente para equilibrar as coisas. Pois bem, com a nova dinâmica que a sociedade parece ter que construir a partir do furacão asiático, o homem social terá que encontrar novas formas de sociabilidade, principalmente na esfera econômica.

 

Guildas

Se no passado, a história registra o advento das guildas, ou seja, associações de profissionais responsáveis pelo renascimento comercial e urbano na Idade Média, no presente é preciso uma compreensão maior por parte de todos: sem um processo profundo de solidariedade entre os sujeitos, não terá patrão e nem empregado depois do vírus. Lembro-me aqui duma historieta que estudei na antiga 5.ª série, hoje, 6.º ano, em que haviam dois burros atrelados um ao outro e duas moitas de capim, de modo que cada um enxergava somente o seu monte e forçava a barra para devorá-lo, contudo, como um estava atado ao outro, acabavam se enforcando. Pois bem, aquela pequena narrativa servirá para o presente e quem sabe o futuro. Se patrão ficar brigando com empregado ou entrar no jogo politiqueiro e ideológico das figuras que aí estão na proa do problema, poderá morrer abraçado ao seu funcionário. O momento é para todos serem solidários.

 

Carona

Pegando carona nessa observação é que retomo as medidas que o prefeito local adotou, visando evitar um contágio maior entre as pessoas pelo vírus Covid-19. Até o momento em que essas linhas eram traçadas, havia apenas a indicativa de que o chefe do Executivo poderia determinar o fechamento da Marginal Santa Leonor e o Parque Maria Chica para evitar aglomeração de pessoas. Sou contra o veto de circulação de pessoas, entretanto, o momento é nevrálgico e se o cidadão, mais especificamente, o penapolense não colaborar e ficar em casa, fazendo suas atividades físicas no quintal, lhe será vetado o acesso a esses espaços físicos. Essa conduta de ficar se aglomerando diz respeito ao que escrevi no artigo da última quinta-feira, contudo, em tempos pandêmicos é preciso repensá-la, pois não é apenas a vida do indivíduo individualizado que está em jogo, mas de toda uma coletividade, na medida que um sujeito infectado pode levar consigo mais cinco.

Socialização

Talvez seja o desejo de propalar aqui e ali seu lado na corda, ou melhor, na peleja eleitoral do presente, mesmo tendo uma eleição municipal a caminho, o Covid-19 e sua infestação na sociedade brasileira antecipou o debate e há quem acredite que tudo não passa de palanque para 2022. Eu fico triste quando vejo uma discussão sobre saúde pública e o crescimento de óbitos provocados pelo vírus ser levado para esse campo, virar uma bate-boca sem fim. Primeiro, porque a questão envolve vidas humanas e há aqueles que acreditam que as aglomerações provam que o problema não é tão severo assim, entretanto, as notícias mundiais e a OMS (Organização Mundial da Saúde) vêm reiterando a importância do isolamento social como ferramenta fundamental na contenção da dinâmica que a contaminação pelo Covid-19 vem adquirindo. Só lembrando que ainda não se está no inverno, período propício para a tragédia ser catastrófica. Então pensemos com severa acuidade. Ponto para o prefeito e ponto! E-mail: gildassociais@bol.com.br, gilcriticapontual@gmail.com. www.criticapontual.com.br.

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