Olhar Crítico

Independência

Ontem completou-se 197 anos que o Brasil se tornou uma Nação independente dos laços lisboetas. Há muita coisa a ser comemorada, mas existem outras tantas a serem feitas ainda, como por exemplo, livrar o país do julgo escravagista. Lamentavelmente o manto do cativeiro mantém-se intacto, pois conforme já haviam apontado vários pesquisadores do Brasil colonial e imperial, naquela manhã de sábado, 13 de maio, o país amanheceu sem as manchas das violências perpetradas contra os africanos e seus descendentes, todavia, o “negro” viu-se livre, contudo, permaneceu preso aos vícios e manias que perpetuaram a forma como o elemento branco via e analisava o ex-escravo.

 

História

Como ressalta a antropóloga da USP, Lilia Moritz Schwarcz, em seu livro Sobre o autoritarismo brasileiro: “senhores de escravos inventaram verdadeiras arqueologias de castigos, que iam da chibatada em praça pública até a palmatória, bem como informaram-se sobre as experiências e leis abolicionistas aplicadas em outras colônias escravocratas, muito especialmente na América espanhola. Por isso, adiaram, o quanto foi possível, o fim do regime, adotando um modelo gradual e lento de abolição” (São Paulo: Companhia das Letras, 2019, p. 29). É interessante notar que, na época, a maçonaria brasileira não aceitava em suas fileiras os homens que mantinham seus semelhantes escravizados em suas propriedades.

 

Vozes

Claro que entre a Independência, ocorrida em 1822 até o fim do cativeiro em 1888, transcorreram 66 anos e dois governos imperiais, o golpe da maioridade, período regencial, e por fim, a extinção da monarquia, entretanto, a prática escravagista, com outras nuanças, continua presente até os dias atuais, entre os brasileiros, sem que tenha decreto algum, governo republicano que coloque fim à maneira como o “outro”, pertencente ao universo africano e escravagista, seja tratado. Claro que foram registrados avanços significativos, no entanto, quando são percorridas as páginas publicadas pelo ator global, Lázaro Ramos, em seu livro Na minha pele, e a obra da filósofa Djamila Ribeiro: Quem tem medo do feminismo negro, associando esses relatos ao refrão duma música do compositor Lobão, do final da década de 80 do século passado em que o ouvido escuta que a “favela é a nova senzala”, não há nenhuma possibilidade de se acreditar que o país se livrou da escravidão, conforme dizia o sociólogo Florestan Fernandes (1920-1995): o negro foi liberto, agora o trabalho é livrar o escravagista do etos senzaleiro.

 

Seis décadas

Deixando esse universo histórico e social do Brasil e voltando meus aforismas para a Terra de Maria Chica, parabenizo toda a equipe do Hospital Espírita João Marchesi pelos 60 anos de existência dessa instituição que cuida de pacientes portadores de patologias psíquicas. As instalações daquela unidade hospitalar são modernas, atendendo as recomendações feitas pelo Ministério da Saúde e o que é mais importante: construída a partir da solidariedade dos penapolenses que, de alguma forma, auxiliaram na construção do prédio, desde as suas fundações e alicerces. Destaca-se os clubes de serviços que atuam diariamente na manutenção do Hospital Espírita realizando diversas atividades objetivando dirimirem os custos para mantê-lo funcionando.

 

Relato

Desta forma, cabe aqui algumas felicitações ao advogado José Luís do Valle, “Zé Lú”, que durante o cerimonial de premiação da 45.ª edição da Maratona Cívico Cultural, ocorrida no último dia 1.º no templo da Loja Maçônica Estrela Noroeste do Brasil, abordou, em sua fala, o trabalho voluntariado evidenciando a importância que o modelo tem para manter as estruturas do HE funcionando. Durante a sua preleção Zé Lu relatou, de forma sintética, aos presentes àquela cerimônia cívica, como são realizados dominicalmente os trabalhos de recolhimento de alimentos doados pelos penapolenses, além da cessão de produtos que os feirantes realizam todas as semanas. Sendo assim, me parece significativo reforçar a opinião, segundo a qual, Penápolis é uma cidade em que a solidariedade é muito forte.

 

Política

Realmente o mundo da política é uma caixinha de surpresas. Quem diria que um dia seria possível, em Penápolis ver o PT se aproximando do PSDB? Explico: no caso aqui não é um membro ou o diretório todo do lado dos tucanos, mas um ex-petista flertando com um socialdemocrata penapolense. Pelo menos é o que se aventa à boca pequena nos bastidores da política local, objetivando a sucessão do atual mandatário – que vocifera aqui e ruge ali, mas está perdendo a queda de braço com o governador. É interessante notar que os petistas caminham com a sua sina de estar na rabeira do MDB que deverá sacramentar o nome do atual vice-prefeito Feltrin, ungido do chefe do Executivo do momento que almeja deixar um legadozinho para ser explorando no palanque o ano que vem. Mas será que consegue?

 

Trebelhar sucessório

Ai já não é com este colunista que vem observando as últimas gestões, nem sempre agradando os políticos que ocuparam o principal assento no Executivo penapolense, contudo, creio que alguns dos meus leitores tenham apreciado a minha escrita. Desta forma, mesmo sendo confirmado a pré-candidatura do atual vice-prefeito e o trebelhar peessedebista em direção a uma chapa puro sangue ou em conluio com o PSD – que poderá abrigar o ex-petista Cledivaldo Donzelli – que ficaria com a vaga de vice, tendo como postulante principal o ex-vereador e ex-presidente da Câmara, Caíque Rossi quase no PSDB, cacifado pelos rumos que a faculdade mantida pela fundação educacional vem tomando nos últimos tempos. Como afirmei uma nota cima, tudo em política pode ser possível, então só me resta aguardar o trebelhar do tabuleiro sucessório local. Até lá é torcer sempre para que Penápolis finalmente se encastele no progresso através dos ventos econômicos que prometem ser melhores nos próximos meses.

 

Costelada

Para aqueles que estão lendo essa coluna nas primeiras horas deste domingo e ainda não definiram onde almoçarão, recomendo a 1.ª Costelada que terá início logo mais às 12h nas dependências do Colégio Técnico Agrícola. Seguido ao almoço, haverá show de prêmios aos participantes. A escola fica na estrada José Vigilato Castilho, na zona rural penapolense. E-mail: gildassociais@bol.com.br; gilcriticapontual@gmail.com. www.criticapontual.com.br.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *