Olhar Crítico

Desafios

Por ocasião do centenário de Penápolis, em 2008, escrevi uma série de artigos, textos e concedi entrevista a um jornal regional enfocando o caráter solidário dos moradores da cidade. Numa dessas reflexões, relembrei pesquisa científica que eu havia empreendido quando estudava no IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas) na Unicamp, mais especificamente na disciplina Teorias da Globalização, ministrada pelo sociólogo e professor Octávio Ianni (1926-2004). O desafio proposto pelo docente dizia respeito à encontrarmos uma saída para as mazelas provocadas pelo avanço do capitalismo em sua fase globalista, mais especificamente no âmbito financista. Esse trabalho foi realizado no primeiro semestre de 1994 e 14 anos depois, em 2008, o sistema entrava em colapso.

 

História

Pois bem! Após uma ampla pesquisa realizada em livros, jornais e revistas informativas e científicas com diversas temáticas, entre elas, Teologia, Filosofia, Literatura e Linguística, encontrei o que, na época me parecia ser uma solução plausível. Indiquei que, a exemplo do que havia acontecido com o sistema econômico mundial após a Reforma Protestante (1517), provocada pelo monge agostiniano Martinho Lutero (1483-1546), em que o adepto da nova seita religiosa desenvolvia uma ética racional para ter a certeza de que herdaria o paraíso, também no sistema capitalista, as desigualdades inerentes ao sistema seriam minimizadas na medida em que as pessoas também colocassem em prática uma certa racionalidade no campo social e da solidariedade. Quem indica esses princípios racionais a partir da religião nascida nas primeiras décadas do século XVI é o pensador alemão Max Weber (1864-1920) em sua obra A ética protestante e o espírito do capitalismo. Minha reflexão foi escudada também na obra Fundamentação para a metafísica dos costumes, escrita pelo filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804).

Solidariedade

Nesse pequeno tratado, Kant diz que o homem, que é a medida de todas as coisas, deve agir levando em conta que sua ação deva ser universalizada, ou seja, se sua prática é a de ser solidário com o seu semelhante desafortunado, isso deve ser seguido por todos. Pois bem, tendo essas premissas como escudo, é que volto àqueles dias em que indiquei que Penápolis é uma cidade solidária e isso ficou evidente na Primeira Costelada que os voluntários que trabalham em prol do Hospital Espírita João Marchesi organizaram. Quem lá esteve pode constatar como o penapolense se envolve em trabalhos sociais em prol da melhoria do semelhante. Foi essa a observação que o advogado José Luís do Vale, “Zé Lu”, fez momentos antes de ministrar a palestra “O céu e o inferna na visão espírita” no Centro Espírita Allan Kardec na última segunda-feira, 22.

 

Educação

E como o setor educacional estará se movimentando a partir de amanhã com a volta as aulas na rede pública e particulares do Estado de São Paulo, fica-me uma interpelação: em que momento da vida o sujeito social aprende a ser solidário com o seu semelhante? O primeiro aprendizado é em casa e através, não só da fala, mas sobretudo da prática familiar. É comum ouvir-se espalhados pelos quatro cantos da cidade que aluno y é do jeito que é por conta da família desestruturada, porque vem de um lar sem pé nem cabeça. Mas, e quando o estudante advém de uma casa em que tudo está certinho como manda o figurino, porém é egoísta, maldoso, manipulador, trapaceiro, cola nas provas, agride professores, ofende funcionários e demais servidores das instituições de ensino? Qual é a adjetivação possível? Será que os pais vão culpar a escola pelo comportamento do discente? Ou os amigos? Ou será que ele é fruto dum lar disfuncional em que, no âmbito da aparência tudo está certo, mas na essência, a coisa é bem diferente? Parece-me que essas interpelações serão significativas para que os pais ajudem os seus filhos as responderem para minimizar o trabalho dos professores, cujo ofício é o de ajudar os alunos transformarem informação em conhecimento.

Retorno

Nunca é demais enfatizar que os processos educacionais têm início nos primeiros anos de vida do sujeito, visando torná-lo socializado incutindo-lhe regras, valores, princípios éticos e morais dos quais derivarão as formas como tratarão seus semelhantes quando atingir a fase adulta. Uma criança que observa cotidianamente seus pais maltratarem seus colaboradores, gritarem com pessoas que estão abaixo de suas categorias sociais, tende a se tornar o que? Claro que, como a vida não é um jogo de cartas marcadas, não é possível dizer que fulano ou beltrano quando crescer vai ser assim ou assado, contudo, se lhe forem incutidos valores distorcidos, o trabalho para reverter o quadro será muito mais complexo. Sendo assim, amanhã as crianças e adolescentes retornarão para as escolas e a pergunta é a seguinte: pais, que filhos vocês mandarão para essas instituições de ensino?

 

Feira de Ciências

E já que a temática é mesmo a educação, entre os dias 15 e 16 de agosto (5.ª e 6.ª-feiras), o colégio Futuro/COC realizará mais uma edição de sua Feira de Ciências. O evento está sob a coordenação dos professores de Ciências e Biologia, Alessandra Leopoldo Conte Pereira e José Carlos Pansonato. A exemplo do que aconteceu em edições anteriores, nesta o evento receberá visitas das escolas públicas e particulares da cidade. As instituições interessadas deverão procurar a direção do Colégio Futuro para agendar as visitas à Feira de Ciências. E também como forma de recepção aos estudantes neste segundo semestre, a escola promoverá no dia 10, sábado, véspera do dia dos pais um passeio ciclístico que será encerrado com um piquenique no campus do Colégio.

 

Política

Muito já se diz sobre o PT e suas pretensões para a disputa eleitoral em 2020. Há também barulho lá pelos lados do PSDB e também do PSD de Caíque Rossi. Mas, e o PV, cujo núcleo existência em torno da família de Ricardo Castilho, será protagonista no pleito municipal do próximo ano? E o Novo do ex-candidato à presidência da República, Joao Amoedo? Seria interessante essas legendas lançarem candidaturas à prefeito em Penápolis para que a cidade tivesse uma diversidade de postulantes e propostas. Mas como os políticos mesmo gostam de dizer, ainda está cedo para definir nomes e partidos. Sendo assim, só resta ao eleitorado aguardar o trebelhar da política local. E-mail: gildassociais@bol.com.br; gilcriticapontual@gmail.com; www.criticapontual.com.br.

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