Olhar Crítico

Jornalismo

Para tentar entender o trabalho destinado à imprensa e aos seus profissionais, começo meus aforismas quase críticos deste domingo, o último do inverno, recorrendo ao pensador alemão Karl Marx (1818-1883). Para compreender um pouco essa árdua atividade, eu recorro ao livro Liberdade de imprensa, que reúne vários textos jornalísticos do autor de O Capital. No livrinho sobre matérias publicadas na imprensa europeia e americana da época, Marx tinha a “preocupação em apoderar-se dos fatos, do material concreto, antes de emitir uma opinião. E tentar, sempre, que um e outro convivessem numa certa harmonia”.

 

Prevenção

Tendo essa observação como premissa, pretendo percorrer a semana que terminou ontem, bem como os fatos mais significativos – e olha que tem muita coisa acontecendo e ainda por acontecer -, entretanto, vou me deter nas atividades promovidas com o intuito de atuar na prevenção ao suicídio, lembrando sempre que este mês é dedicado a esse trabalho. É preciso lembrar que a cidade, com os últimos acontecimentos, atingiu índices elevados dessa prática – reservada as devidas proporções, Penápolis chegou a figurar nos primeiros lugares em números de suicidas por habitantes, o que é alarmante.

 

Palestras

Os eventos aconteceram em duas escolas estaduais. O primeiro ocorreu na EE Ester Eunice com a participação do psicólogo Júlio Ribeiro que abordou diversas questões e problemas que envolvem o suicídio, bem como as mais diversas formas de combater essa fatalidade que deixa à deriva famílias vitimadas por esse infortúnio.  A palestra contou com a presença do enfermeiro Rodrigo Sonsino. Ambos abordaram também como as pessoas que passam por problemas de diversas naturezas podem buscar ajuda, inclusive com os amigos que devem indicar as ferramentas profissionais para auxiliar no acompanhamento do indivíduo que está desenvolvendo pensamentos suicidas.

 

Perguntas

Outra instituição de ensino que ofereceu atividade semelhante foi a escola Joana Helena. Lá o psicólogo Sidnei Marques, a partir de uma série de perguntas formuladas pelos estudantes do período da manhã, conversou com os participantes, expondo os mais diversos fatores que levam uma pessoa a praticar o próprio óbito, inclusive tentar compreender se o fenômeno ataca mais homens ou mulheres e se isso tem uma implicação direta no momento em que a sociedade brasileira e mundial vem passando. Na condição de cientista social e educador, achei a iniciativa alvissareira, já que irradia conhecimento aliado de informações preventivas sobre o fenômeno que ainda assusta a sociedade.

 

Outras escolas

Em uma breve conversa com o supervisor das duas escolas, o professor João Luís dos Santos, sobre tais palestras e o significado que ambas terão na sequência do semestre letivo para os segmentos que formam as duas instituições, este informou que o objetivo é levar atividades semelhantes nas outras escolas estaduais pertencentes à circunscrição da diretoria regional de ensino de Penápolis.  Vejo a importância de palestras dessa envergadura, primeiro porque permite que os alunos fiquem mais tranquilos para tirar dúvidas sobre a problemática e estas podem ser sanadas por um profissional, sem que o curriculum que os professores precisam seguir seja alterado. Sendo assim, as direções das duas escolas estaduais estão de parabéns pela iniciativa.

 

Vestibular

E já que a temática é educação, aproveito o momento para parabenizar o aluno Ryan Varas pela aprovação no vestibular para ingressar na UEM (Universidade Estadual de Maringá). O fato é digno de nota porque o novo calouro do curso de Zootecnia daquela importante instituição ainda não concluiu o ensino médio no Colégio Futuro, onde está no último semestre do terceiro colegial. Outro elemento a ser apontado é o fato de que Ryan estuda pela manhã e a tarde trabalha num haras no município, o que dignifica ainda mais o seu feito, qual seja, o de ter conquistado uma vaga na UEM antes do fim do ensino médio, além de trabalhar enquanto estuda.

 

Artes

Termina hoje num Shopping Center da cidade, a 4.ª Feira das Artes do Colégio Futuro. Quem passou por lá nas noites de quinta e sexta-feira puderam ver diversas atividades desenvolvidas pelos estudantes, como os projetos literários dos alunos da educação infantil. Performances e instalações; poesias ao pé do ouvido; reprodução visual de “O pequeno Príncipe”; O julgamento de Getúlio; “Brejeiros e Samba – A alma do povo negro”; “Trailers de livros”; “Maquetes da Primeira Casa da Igreja Matriz”. Algumas dessas exposições podem ser vistas até hoje naquele espaço comercial de Penápolis.

 

Racismo

É interessante observar como a questão racial foi trabalhada nos dois dias de Feira. Muito se diz sobre o preconceito étnico-econômico e social em nosso país, um problema endêmico, mas acho que é preciso avançar, saindo do lugar comum, ou seja, da prática cotidiana. Mas como fazer isso se o complexo senzaleiro, isto é, as raízes de uma prática nefasta que durou mais de 300 anos ainda persistem entre nós? Será que com decretos e mais decretos a situação mudará? Parece-me que Machado de Assis tinha razão ao afirmar que precisamos mudar os costumes e não as leis. Neste sentido, creio que a temática escravista continua viva, justamente por conta de ser a sociedade brasileira patriarcal, patrimonialista e arcaica, beirando ao provincianismo.

 

CISA

Hoje tinha como escopo tratar um pouco das coisas palacianas dessas paragens, bem como da advindas dos palácios estaduais e do federal, entretanto, os temas educacionais ocuparam o maior espaço da coluna. Contudo, isso não significa que na próxima semana eu deixe tratar aqui de temas como a saída de Penápolis do CISA (Consórcio Intermunicipal de Saúde) e um abaixo-assinado que está correndo a cidade para que Penápolis volte a integrar o Consórcio. É isso ai. E-mail: gildassociais@bol.com.br; gilcriticapontual@gmail.com. www.criticapontual.com.br.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *