Olhar Crítico

Espectro

Nas últimas semanas, o fantasma do suicídio rondou Penápolis. Foram vários óbitos provocados pelas próprias vítimas. Ocorrências que colocaram as autoridades médicas em alerta. As mortes são dadas, restando aos familiares à compreensão de um ato que, segundo a ótica durkheiminiana é definida como anomia, ou seja, há uma ruptura entre a vida e a não vida, entre o presente e o vir a ser inexistente. Mas o que leva um sujeito a se lançar do concreto para o completo vazio inexistencial? Será que a dor momentânea é superior à capacidade de solucionar os problemas? Será que a força para procurar ajuda de especialistas é pequena?

 

Durkheim

No livro O suicídio, o sociólogo Emile Durkheim (1858-1917), trata o problema como fenômeno social repetitivo e corriqueiro, entretanto o classifica do ponto de vista metodológico como sendo externo à vontade do indivíduo, logo observado como coisa. Desta forma, é possível compreender a problemática, não como uma questão de foro íntimo da pessoa, mas sim a partir de acontecimentos exteriores a ele que o forçaram a sair do concreto para o vazio. Nessa chave interpretativa, o sociólogo que se ocupa em compreender a problemática, usando os referenciais propostos por Durkheim poderão apontar as raízes dos altos índices de óbitos ocorridos desta maneira.

 

Complexidade

Para quem vivencia o problema ou passou por ele, observa que a coisa não é tão simples assim. Todavia, é preciso analisar esse fenômeno, não do ponto de vista de quem foi, mas dos fatores que o levou a cometer um ato de desatino, sempre observando em conta o aspecto religioso da existência material dos sujeitos sociais. Assim, recuperando os quadros psicoemocionais é possível verificar se há, nas ocorrências, um mesmo tipo de situação que possa interligar, de alguma forma, os casos que acabam se tornando corriqueiros.

Ferramentas

Mas para que servirá esse tipo de abordagem e avaliação? Prevenção, justamente nesse momento que a sociedade vive sérios problemas provocados pelas constantes transformações tecnológicas, a chamada era da Revolução 4.0, tendo como consequência o desmantelamento de valores até então petrificados numa sociedade caquética que se recusa morrer, enquanto o novo força o seu nascimento. Será que a sociedade tem ferramentas capazes de minimizar os danos provocados numa multidão solitária? As pessoas estão gritando, todavia, ninguém está escutando, pois todas estão ocupadas em demasia com suas existências materiais aprisionadas num passado não muito distante e vislumbrando um futuro ainda incerto e tenebroso. Entretanto, se faz necessário uma atenção maior de todos, principalmente daqueles que trabalham em equipe.

 

Educação

Deixando a esfera do suicídio para outro momento, creio que umas palavras a mais sobre a educação não vai fazer mal a ninguém, muito menos aos meus leitores dominicais. Sempre estou perguntando aqui neste espaço, qual educação a sociedade brasileira deseja. Nesse universo, eu já ouvi e vivenciei muita coisa: alunos desinteressados; professores que se esforçam fazendo além do que é possível para ministrar o seu conteúdo; docente odiado por estudantes, mas que no final do ano letivo acaba sendo ovacionado pelos alunos. Agora, pai que destrói a educação, tentando desacreditar o trabalho de toda uma equipe gestora e dos educadores, eu nunca soube, entretanto, me parece que já andou acontecendo isso nas instituições de ensino brasileira.

 

Trabalho

É impressionante observar que todos gritam por um Brasil melhor, entretanto, poucos querem fazer a parte que lhes cabe para transformar essa nação num local aprazível para os seus habitantes. Neste sentido, a uma fala em uníssono que a educação e a escola têm papel preponderante nas mudanças que esse país precisa, contudo, sabe-se que existem pais que desejam o contrário, pois quando os filhos são chamados aos estudos, rechaçam o trabalho dos educadores já que seus rebentos não querem aprender. E ainda dizem que é para os pedagogos desistirem, porque está tudo uma bagunça mesmo.

 

Folclore

Já que o assunto é educação, não posso deixar de enfatizar aqui o evento que a Escola Estadual Adelino Peters promoveu na última quinta-feira, 23 de agosto, para comemorar o dia do Folclore. Quem esteve naquela instituição de ensino naquela tarde pode observar como os alunos, do período da tarde, vivenciaram todas as personagens e as histórias narradas no transcorrer da festividade. Desta forma, posso afiançar que, enquanto tem uns que agridem simbolicamente a escola pública para que esta seja apta a atender o desinteresse de seus filhos, outros alunos, professores e equipe técnica ainda acreditam na capacidade transformadora da escola brasileira, não somente em sua esfera privada, mas, sobretudo no âmbito público.

 

Literatura

Àqueles que gostam da literatura em suas mais diversas formas expressivas, por exemplo, romance, contos, crônicas, poemas, tem mais um espaço para acompanhar significativas enunciações poéticas. Trata-se do blog Cascalho das letras (https://cascalhodasletras.blogspot.com/2018/08/bela-uma-mulher-da-vida.html?spref=fb), editado pelo diretor escolar, poeta Luiz Cláudio  Tonchis que, além de manter essa página na internet na qual pública seus contos e outros enredos, têm dois livros publicados, conforme já aventei aqui. Um é sobre Filosofia e o segundo é dedicado ao universo poético. Desta forma, os leitores dos escritos de Luiz Cláudio terão mais espaço para acompanhar suas narrativas.

 

Homenagem

No último dia 22 de agosto, o governo do Estado, através do decreto 63.660, determinou que o 1.º Distrito Policial de Penápolis passe a ser designado como “Investigador João Henrique Duarte Oberg”. E-mail: gildassociais@bol.com.br; gilcriticapontual@gmail.com. www.criticapontual.com.br.  

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