Olhar Crítico

Da direita para esquerda o prefeito de Penápolis (PSDB) com adesivo do Solidariedade
Imagem/Internet/Facebook – Da direita para esquerda, prefeito de Penápolis (PSDB) na reunião do Solidariedade com adesivo do partido

 

Interrogação

Caro internauta, confesso-te que ainda não consigo compreender certas coisas no mundo da política, principalmente a maria-chiquense. A incompreensão não se encontra no campo científico, pois ele me permite entender o trebelhar ideológico dos sujeitos sociais apegados ao poder, respaldado por vários pensadores que analisaram o comportamento político de um homem desde a Antiguidade clássica, começando pelos pré-socráticos e o advento da dialética, passando por Sócrates e a ironia do que seria isso e aquilo a partir do ponto de vista daqueles que se imaginam na condição de possuidores de determinados atributos.  A jornada em direção ao entendimento das ações políticas de um cidadão percorre caminhos que passam por Hobbes, Locke, Montesquieu, Rousseau, Marx, Maquiavel, Weber, Tocqueville – sem que seja necessariamente nessa ordem, pois todos, de uma forma ou de outra se ocuparam em analisar o comportamento político da sociedade e de seus formadores e formuladores.

 

Política

Mas para que fazer toda essa volta? Deve-se estar perguntando o indivíduo que se propõe a ler as linhas que se seguem neste sábado – último dia do horário de verão! Simples. Parece-me que em Araçatuba foi realizada ontem, sexta-feira, uma reunião do Solidariedade e, entre os participantes estavam políticos penapolenses. Até ai tudo bem, mesmo porque os filiados da legenda que tem pretensões no pleito de logo mais outubro devem mesmo buscar sustentação nas instâncias superiores do partido, contudo, uma coisa me deixou com a pulga atrás da orelha e justamente por conta do posicionamento do homem forte da legenda em Penápolis: o sindicalista Cristiano Alves adversário ideológico e político do prefeito da cidade.

 

Alça de mira

Conforme ele já havia afiançado a este colunista, mesmo que o alcaide local, ou seja, o novo arauto do PSDB penapolense influenciasse o seu partido, este seria adversário. Isso me leva a acreditar que, após implodir o PSDB para fazer-se o ser na crista da onda, o chefe do Executivo local mirou agora no Solidariedade e, caso se confirme, a dança desta agremiação no baile político terá o prefeito como parceiro. Desta forma, mais uma legenda deve ser dividida. Entretanto, tal esfacelamento é até compreensível, pois em tempos de guerra é melhor dividir do que lutar contra o titã liderado por um indivíduo só, mas com força suficiente para colocar o oponente em situações complicadas. Separados, pode-se combatê-lo em diversas frentes. Na condição de cientista político, compreendo essa postura, sem, no entanto,  que concorde com isso, aliás, não devo, nunca me envolver com questões ideológicas durante minhas análises, mas que fica uma coisa estranha, fica: o prefeito aparecer na reunião do Solidariedade e colocar adesivo do partido na camisa (foto). Mas fazer o quê? O partido, cuja presidência local é ocupada por um político que detém cargo de confiança na hierarquia municipal, deve ter lá suas razões para franquear o adesivo ao arauto do tucanato penapolense. Isso já não é com esse colunista e cientista social e sim com o eleitor, cujo poder pertence e lhe voltará através do voto em outubro.

 

Divisão

Não são meras especulações deste colunista as linhas acima, pois a foto que ilustra essa coluna extraordinária do site Crítica Pontual diz tudo! O prefeito na mesa diretora dos trabalhos políticos de legenda alheia, metendo o bico onde não é chamado e se foi, pode provocar sérias celeumas.  Na minha leitura, o Solidariedade vai dividido para as eleições e corre um sério risco de não ganhar nada, ficando com o pires nas mãos a espera da vitória de um pré-candidato que está enrolado até o pescoço na Justiça e, ainda tem que dormir com uns rojões soltados fora de hora e sem autorização dos bombeiros – mas isso é assunto para um outro momento. O que compreendo ser complexo é a possibilidade de se pedir voto para um vereador, cujo partido está bailando a valsa com o prefeito até o pescoço, mas apontar que não defende a postura dele. Difícil: durmam com um barulho desses!

História

Em um passado não muito remoto, o ex-prefeito João Luís dos Santos (PT) aliou-se ao PMDB figurando na chapa na condição de vice, entretanto, um político forte dentro da própria legenda não abraçou as intenções do companheiro petista e fez campanha solo e todos sabem qual foi o resultado daquele pleito, inclusive com nefastas repercussões para a agremiação, mesmo ela tendo ficado oito anos no poder principal da cidade, mas perdeu a peleja eleitoral seguinte para o atual prefeito. Sendo assim, digo que Karl Marx tinha razão: a história se repete, uma vez como farsa e outra como tragédia. Só resta saber a ordem da colocação dos dizeres do autor de livros seminais como O Capital.  Voltarei a esse assunto quando o radar político apontar que há algo de significativo no ar, por hora, caros internautas, fiquem com Mauro Olympio defendendo o atual governo de quem é severo crítico!

 

Vale-salário

Se por um lado, o prefeito se refestela com uma meia dúzia de integrantes do Solidariedade e com muitos folguedos granjeia mais um partido que alinha-se, ou melhor, aninha-se ao seu desejo de manter-se no poder, mesmo que a crise provoque a escassez de recursos públicos, por outro, os servidores municipais estão dormindo todas as noites sem o acalentado aumento salarial e, o pior de tudo que, aqueles indivíduos políticos que, na gestão anterior vociferavam que era possível reajustar os salários dos trabalhadores, hoje silenciam-se, quem sabe, esperando a apresentação do filme “Tudo por uma esmeralda”. Novamente, fica a esses funcionários, a sensação de que antes era possível, pois era preciso marcar território na seara ideológico a partir de um desejo atroz de se chegar ao poder e, hoje, com o desejo concretizado, apenas palavrório serve aos servidores que devem contentar-se com, quem sabe, uma ampliação no vale-alimentação. O vale dos trabalhadores se mantém no mesmo patamar, mas os vereadores fecham questão em torno dum companheiro que diz fazer parte dum inexistente banco de horas da prefeitura. Durmam com um barulho desses até a hora de atrasar seus relógios em 1 hora.

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